Tecnologia ou ecologia: Doenças vegetais

          As pragas e doenças das culturas agrícolas aumentam ano a ano e já se prevê que a luta final será entre homens e insetos E ninguém tem dúvida, os ganhadores serão os insetos.

            Dizem que  os insetos, como também os micróbios, se tornam resistentes aos agrotóxicos. Um ou outro sempre sobrevive e dá origem a novas gerações. Esta adaptação e resistência não ocorre somente nos insetos de doenças vegetais mas também nas doenças  humanas. Há poucas semanas ocorreu em São Paulo um congresso sobre a resistência dos patógenos aos antibióticos. Anti significa contra, biose ou biótico significa vida. São remédios que matam os micróbios que atacam os seres humanos. Mas os micróbios não se importam mais. Por quê?  A água que sai da torneira já é água de esgoto reciclado. E hormônios, como de pílulas anticoncepcionais e antibióticos que se eliminam pela urina, não podiam ser retirados. A água urbana é rica em antibióticos. Ninguém necessita mais tomar nenhum.

Nas lavouras ocorre a mesma coisa. Se aplicam agrotóxicos rotineiramente, se existe ou não existe a doença que se quer controlar. É preventivo, mas também cria resistência. E cada agricultor sabe que existem calendários de pulverizações, ou seja, uma sequência de defensivos, porque dizem que esta ou outra doença ou praga ocorre religiosamente uma após outra. Por quê?

Nossa atual tecnologia é matar, matar o que não queremos. Mas ninguém pergunta qual a causa que provoca seu aparecimento. Dizem que as plantas estão doentes pelos fungos, bactérias e insetos. Mas muitos já reconhecem que as plantas estão doentes antes de ser atacadas, e continuam doentes, mesmo matando os parasitas. Há um livro famoso de um cientista francês, Chaboussou, que se chama: “Plantas doentes pelo uso de agrotóxicos”. E foi feita uma experiência em 300 ha de laranjas, onde existiam 11 doenças e pragas. Quando durante 8 meses não recebiam pesticida  nenhum, restaram somente 2 doenças. O resto desapareceu. Foram simplesmente “efeitos colaterais” dos pesticidas aplicados. Perguntaram: Como?

            Cada planta tem de formar todas as substâncias a que geneticamente é capaz. Mas isso ocorre em uma série de processos químicos e cada um é  “ajudado” por uma enzima, para se realizar mais rápido. E todas as enzimas necessitam de um “ativador” que sempre é um mineral como potássio, ferro, manganês, zinco, molibdênio e outros. Se o mineral faltar, o processo químico não leva 2 minutos, mas de 2 a 3 horas e as substâncias não processadas circulam na seiva. E, como a USDA-ARS descobriu, isso provoca um aerosol que atrai tanto pragas e pestes, como também seus inimigos naturais.

Os minerais existem todos em proporções determinadas entre si. Assim, por exemplo, para cada 35 mg de fósforo tem de existir 1 mg de zinco. E se este não existir, o fósforo não faz efeito ou o zinco entra em deficiência. Ou para cada  35 a 100 mg de potássio, deve existir um de boro. Se existem 200 mg de potássio e só um de boro, este é deficiente, quer dizer, falta. Portanto, minerais faltam quando não existem no solo ou quando  foram desequilibrados pelo excesso de  seu par. E como todos os pesticidas são em base de algum mineral, quando regularmente utilizadas provocam a deficiência de seu par. Assim, por exemplo, Maneb, que é à base de manganês, induz a deficiência de cálcio. E até a calda sulfocálcica,  usado pelos agricultores orgânicos, quando usado regularmente, induz à deficiência de fósforo e manganês. E como cada deficiência permite o assentamento de uma doença ou de um inseto, os pesticidas provocam sempre outras pragas e doenças. E quanto mais tempo se usam,  por exemplo, em pomares industriais, tanto mais pestes diferentes provocam.

            Portanto esta tecnologia puramente química  resolve pouco ou nada, ao contrário, piora a situação. Na Agroecologia não se pergunta como se mata uma peste, mas se pergunta: por que aparece esta peste. E todos, sem exceção, dependem de uma substância na planta que eles podem utilizar com sua ou suas duas enzimas. Uma enzima é como uma chave patente. Serve somente para uma única substância, ou seja, estrutura química. E se  juntar somente ½ oxigênio, durante o processo de decomposição, para continuar tem de entrar outra enzima porque a substância mudou, e assim por  diante.

            Do que necessitamos não é matar pestes, mas evitar pestes por solos sadios e a melhor nutrição das plantas.