O regime nazista exigia um “passaporte de ascendentes” (antepassados), o requisito mais importante naquele período. Todas as pessoas deveriam apresentar tal documento, algo não muito complicado, se o governo não estivesse exigindo um levantamento dos antepassados de cada um, até o ano de 1800. Assim “pegavam-se” os judeus: se tinham registro, tinham sido batizados, não eram judeus. Se não tinham o registro…
Arrumar um “passaporte de antepassados” para os austríacos era mais complicado. A parte central do país fora muito grande antigamente, mas agora contava com uma área muito pequena em relação ao que era. O antigo Império Austro-Húngaro não existia mais e a Áustria tornara-se apenas uma parte do que fora o grande Império. “Era uma vez um país enorme (o segundo maior depois da Rússia) e agora conta somente com uma fração do que era.” Além disso, não existiam computadores que a auxiliassem nessa pesquisa. Buscando livros na pinacoteca de Viena, Annemarie descobriu que seu tataravô, Adam Albert Hönig, era judeu. Mas sua amizade com o imperador austríaco, Joseph II, um homem que não gostava de judeus mas tinha um apreço especial por aquele homem, que sempre o ajudara na administração das finanças do estado.
O imperador insistiu muito para que Hönig se batizasse, mas ele sempre recusou. Porém, permitiu que seus seis filhos fossem batizados. Um de seus filhos, Karl, seria o antepassado de Annemarie que deveria constar de seu passaporte. A data de seu batismo: 1784, dezesseis anos antes de 1800, a data limite para o levantamento de antepassados. A amizade entre Adam Hönig e o imperador ajudou não só as finanças austríacas naquela época, mas também salvou a vida de Annemarie Conrad.