Raízes quilométricas

A raiz surge logo que a semente germina. Como  o crescimento inicial da raiz é muito rápido, ela se encontra em condições de alimentar o pequeno e frágil broto (que nasce pouco depois dela) quando acabarem as reservas da semente. Quando o broto abre as primeiras folhas, inicia-se o proceso da fotossíntese.

Com água, gás carbônico e luz as folhas fabricam açúcares e enviam-nos à raiz, que, rapidamente, transforma essa preciosa carga em glicose e ácidos orgânicos, remetendo-os às folhas. Como se percebe, raiz e planta beneficiam-se mutuamente.

Isso só acontece, porém, se há equilíbrio entre os diversos fatores envolvidos nessa ajuda recíproca, inclusive entre os nutrientes imprescindíveis ao desenvolvimento da planta.

A raiz cresce continuamente por suas extremidades, ocupando sempre maiores porções de terra em busca de água e alimento. Para isso, ela é dotada de milhares de milhões de pelos absorventes, que se multiplicam, criando novos pontos de contato com o solo.

A superfície radicular do centeio (Secale cereale L.), por exemplo, é de 640 m2, e o conjunto de suas raízes e radículas (parte inferior do embrião da planta) pode atingir cerca de 620 quilômetros. Quanto maior a raiz e quanto mais ela explora o solo, interceptando água e nutrientes, melhor e mais segura é a nutrição da planta – e tanto menos esta é afetada por veranicos (pequenos períodos de seca durante a estação chuvosa).

A capacidade da raiz de mobilizar nutrientes, isto é, torna-los assimiláveis, é maior ou menor segundo a espécie de planta e a sua variedade. Essa variação depende:

  • Das excreções das raízes, que são constituídas por: a) aminoácidos b)gás carbônico c) açúcares;
  • Da associação com bactérias e fungos;
  • Da presença de oxigênio (ou do transporte de oxigênio das folhas para a raiz, como ocorre no caso do arroz);
  • Da capacidade da raiz liberar ácido carbônico (que dissolve os minerais) para o solo – capacidade essa que aumenta com a presença de carboidratos existentes nos açúcares a ela enviados pelas folhas e com a camada de cálcio contida nas radículas.

Em seu incessante trabalho, a raiz leva para a planta a água e os nutrientes nela dissolvidos. É uma operação que depende de seu potencial de absorção, o qual se processa por osmose, isto é, soluções líquidas de forte concentração “sugam” as mais fracas. Para que esse fenômeno ocorra, a solução do solo (água e minerais) tem de ser menos concentrada que a seiva das células da raiz. O potencial de absorção está intimamente ligado à fotossíntese. Explica-se: nas horas mais quentes do dia, as folhas fecham parcialmente seus poros e a eliminação de água pela planta, por meio da transpiração, é interrompida. Isso reduz a fotossíntese e a raiz recebe menores quantidades de carboidratos. Em consequência, o potencial de absorção diminui e ela “bebe” menos água. A planta verde fica, então, em perigo e reage: fecha ainda mais seus poros, para de fotossintetizar e não cresce.