Após a estação chuvosa, o solo está lixiviado, empobrecido, especialmente em nitrogênio, potássio, cálcio e boro. Para um plantio que se segue a esta estação, dever-se-á considerar uma adubação muito maior.
Precipitações durante 24 horas consecutivas levam 30 a 40% dos elementos absorvidos das folhas novas, especialmente durante temperaturas baixas, como ocorrem no inverno do Rio Grande do Sul. Nas folhas velhas, a lixiviação atinge até 80 a 90% dos cátions e ânions. Especialmente cálcio, potássio, magnésio, fósforo, enxofre e aminoácidos são perdidos, o que torna as plantas mais suscetíveis a doenças, uma vez que bactérias e fungos sempre atacam tecidos enfraquecidos. Porém, produtos como proteínas, ácidos graxos e amidos não são afetados. Isso significa que quanto mais rápida a metabolização, tanto menor a lixiviação por chuvas persistentes.
A velocidade de metabolização depende da presença de suficiente oxigênio no solo e de enzimas catalisadoras que, por sua vez, dependem, em sua maioria, de micronutrientes. Em solos com bioestrutura intacta e em culturas providas de todos os microelementos, essenciais às mesmas, o efeito desfavorável das chuvas prolongadas é menor.
Na estação seca, geralmente o solo enriquece nos elementos que a chuva lavou para camadas inferiores, e que agora sobrem novamente à superfície. Assim, constata-se um aumento de nitrogênio, potássio e boro, possibilitando um crescimento explosivo no início das águas, em todas as zonas tropicais. Se o solo não for plantado mas somente lavrado, quando as chuvas se iniciam, todos os nutrientes que se acumularam na camada superficial durante a seca serão novamente lixiviados durante as primeiras 6 semanas das águas. A quantidade de adubo que se necessita para o plantio da primavera depende não somente da cultura e do solo mas também da época do plantio. Ela deve ser maior nos plantios feitos tradicionalmente na época. Os plantios efetuados na época certa necessitam menos adubos pois as raízes interceptam os nutrientes levados pela água de infiltração.
Em clima seco, onde ocorrem solos salinos e alcalinos como no “polígono da seca”, a adubação baixa facilmente o rendimento da cultura por aumentar a concentração de sais no solo e com isso a pressão osmótica da solução do solo, que já estava no limiar do tolerável. As plantas não conseguem mais absorver o suficiente em água e nutrientes contra o gradiente da pressão: as colheitas baixam.
Nestes casos similares, a adubação que visava remover deficiências minerais agravou-as para a planta, apesar de nutrientes existirem no solo.
Porém, quanto mais baixas as temperaturas, tanto maior o pH deve ser para garantir uma absorção boa de nutrientes, encontrando seu ótimo no pH neutro.
Em todos os casos, consegue-se a absorção melhor quando o solo tiver uma bioestrutura adequada.
Ana Primavesi In: Manejo Ecológico do Solo. Pág. 298.