O combate às pragas e doenças elimina os sintomas, mas não controla suas causas. Causas não se combatem, mas se previnem. É absolutamente contraproducente trabalhar com solo doente e plantas doentes e depois tentar evitar que pragas e doenças ou patógenos as ataquem.
Uma planta está doente antes de ser atacada e continua doente mesmo quando o parasita está morto, tanto faz se foi morto por um agrotóxico, uma “calda orgânica” ou um “inimigo” natural. Todos controlam somente o parasita, mas não curam a planta.
As plantas somente são saudáveis quando conseguem formar todas as substâncias a que são capacitadas geneticamente. Neste caso, o produto vegetal é de alto valor biológico, por ser integral. O produto de uma planta deficiente e consequentemente doente é de valor biológico baixo. O homem que se nutre com estes alimentos também não é saudável, mas doente de corpo e de espírito. Por isso existem tantas doenças, físicas e mentais, especialmente as depressivas.
A trofobiose (Chaboussou, 1980) mostra “a vida em função da alimentação”. Antes de tudo, mostra que nenhum nutriente existe de forma isolada, mas todos encontram-se em proporções exatas uns com os outros. Isso significa que, se um nutriente aumentar, outro entrará em falta, impedindo que determinada substância que dependa da presença suficiente deste nutriente possa se formar na planta. Resulta um produto semiacabado, de baixo peso molecular, que circula na seiva, e fica disponível ao micróbio ou inseto que possua a enzima que possa decompor e usar esta substância.
Cada reação química na planta necessita de uma enzima catalisadora para apressar esta reação e, esta enzima, precisa de um mineral ativador. Se faltar o mineral, a enzima não consegue apressar a reação e a substância fica circulando na seiva, “oferecendo-se” num “sopão” nutritivo ao fungo, bactéria, vírus ou inseto. A planta é atacada por um “parasita” que, de fato, somente é obrigado pela natureza a eliminar o que não presta mais para uma vida saudável.
Existe a ideia de que pragas são sempre parasitas. Mas como se explica que há 20 anos existiam 193 pragas no Brasil (Paschoal, 1979) e hoje elas passam de 627? De onde vieram? Existem cerca de 900 mil espécies de insetos. Se somente 10% se tornassem parasitas, seria o suficiente para acabar com nossa base alimentar e, com isso, com a espécie humana.
Pergunta-se: “Deus seria tão perverso a ponto de querer infernizar a vida humana através dos insetos?” Explicou-se no “ciclo da vida” que insetos e micróbios somente são a “polícia sanitária” do nosso planeta, sendo programados a decompor e reciclar, através de enzimas, as substâncias inacabadas que circulam na seiva sem uso e destino. A natureza considera doente uma planta destas, com muitas substâncias inacabadas (micromoléculas) circulando. E tudo que é doente tem de ser exterminado, ou melhor, reciclado. Certamente é mais “humano” cuidar com todo amor dos doentes e fracos.
Porém, se estes indivíduos tivessem as mesmas possibilidades de se multiplicar como os seres sãos, a vida teria degenerado há muitos milênios e, com isso, teria acabado. Parasitas, à semelhança de soldados, também têm uma “vida civil”. Eles somente atacam uma planta quando esta constitui perigo para a continuação da vida sadia e produtiva.
Ocorre que os seres humanos não se interessam pelos insetos e micróbios em estado normal. Somente começam a se interessar quando atacam uma cultura de valor comercial ou sentimental.
Alguns exemplos clássicos:
– A bactéria Escherichia coli, que vive normalmente no intestino humano, ajudando na digestão. Mas também pode tornar-se patógena, causando sérias doenças, sendo o seu número na água considerado fator limitante para que esta seja considerada potável.
– O Clostridium botulinum, que vive no solo como fixador anaeróbio de nitrogênio, também pode tornar-se causador do botulismo no gado, matando-o.
– As Pseudomonas, que vivem na rizosfera do fumo, fixando nitrogênio, podem devastar a planta. Quando ocorre deficiência em potássio, elas atacam-no na forma de “queima bacteriana”.
Não faz ainda muito tempo que as viroses na agricultura eram uma raridade. Atualmente são cada vez mais frequentes. De onde vieram?
Porém, sabe-se que fungos, bactérias, vírus e insetos estão relacionados a deficiências minerais. In: Manual do Solo Vivo.