Como é terra produtiva

Terra produtiva é grumosa. Quando se pega na mão, esfarela facilmente. Ela cai igual a quirera. Seu cheiro é fresco e agradável. Na aração não cai em torrões, mas bem solta. A água da chuva entra rapidamente e não escorre nem empoça. As raízes são abundantes, penetrando profundamente. As plantas são fortes e sadias. Elas resistem a pragas e doenças bem como a veranicos ou ventos frios.

Como manter a terra produtiva

          Convém plantar somente em terrenos terraceados ou em curvas de nível, podendo-se também usar Plantio Direto, indicado para o Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Onde as terras são boas, como terra roxa legítima, e o clima é quente, o Plantio Direto (PD) não dá certo. Assim, em Cascavel, já não funciona mais. Também se pode usar a aração invertida, como se usa em Goiás.

          O importante é sempre retornar toda a palhada e os restolhos à terra e, periodicamente, plantar cultivos consorciados para fornecer mais palha, ou seja, matéria orgânica.

          O fim da palha e de toda a matéria orgânica é conservar os poros na superfície da terra. Portanto, deve ser colocada superficialmente. Mistura-se a palha com a superfície da terra somente com uma grade. Nunca deve ser revolvida com o arado.

          A aração nunca deve ser mais profunda do que 18 cm. Mais baixo, a terra tem pouca vida e não resiste ao impacto da chuva. Se receber chuva, encrosta.

          A superfície da terra deve ser protegida. Nem a chuva deve bater diretamente na terra, nem o sol deve aquecê-la. A proteção da terra é essencial. Para isso, usa-se cobertura morta ou mulch com palha, cascas ou qualquer material orgânico, ou se usa um espaçamento menor, para que a terra fique protegida. Também  pode-se usar  consorciação de culturas, especialmente em pomares, cafezais, etc., mas também em milho, algodão ou outros.

          Uma temperatura acima de 320 C prejudica as plantas. Elas florescem menos e formam menos frutos e, em cultivos perenes, os pés têm vida muito mais curta.

          A nutrição correta das culturas é importante. Não se trata somente de uma calagem e NPK mas também de micronutrientes. Cada insumo tem de ser usado modicamente. Uma calagem nunca deve ser elevada, para não desequilibrar todos os outros nutrientes. Nem se deve aplicar uma quantidade maciça de NPK, que cansa a terra rapidamente. Micronutrientes silicatados, como o FTE, ou balanceados, como o Skrill, são preferíveis.

          Como as sementes geralmente são de culturas “defendidas” por muitos agrotóxicos, elas são fracas e têm de ser defendidas por fungicidas. Melhor é “enriquecê-las” para que se tornem mais fortes e as plantas nasçam mais vigorosas.

          O que mais doenças cria é a monocultura, plantando-se sempre a mesma cultura no campo. A diversificação de culturas é uma das medidas mais eficientes contra o gasto da terra e as pragas. Estas não têm em que se especializar; para isso se usa a rotação de culturas. Isso quer dizer: trocam-se as culturas pondo-se de quatro a seis culturas diferentes no rodízio. Muito aconselhável é usar uma adubação verde plantada na entressafra. Ela mantém a terra protegida, melhorando-a e quebrando a monotonia das culturas.

          Também uma consorciação de culturas traz vantagens, especialmente quando é entre cereais e leguminosas, como milho com feijão-de-porco ou mucuna.

          O que mais intensifica a seca é o vento. Todas as culturas rendem mais quando são protegidas do vento. Faixas quebra-vento baixam a sua incidência e mantêm a umidade do campo.

          Embora o homem se sinta mais macho quando até sabe dançar valsa com seu trator no campo, a terra não gosta disso. Máquinas compactam horrivelmente a terra, especialmente quando esta é úmida. O maior problema na América do Norte e no Brasil é a compactação dos campos pelas máquinas. Há que se planejar os trabalhos de modo a passar o mínimo possível com máquinas pelo campo, diminuindo as arações e gradeações. Quando se melhora a saúde das culturas pela rotação e enriquecimento da semente, são necessárias menos aplicações de veneno. Numa cultura de soja, da aplicação de calcário até a colheita, pode-se passar até dezoito vezes com o trator sobre o campo. Máquinas usadas em excesso são um dos fatores que provocam o cansaço da terra. A tração animal pode ser usada na cultivação se as lavouras não forem excessivamente grandes.

In: Agricultura Sustentável. Ana Maria Primavesi