Durante séculos os alquimistas procuraram a “pedra dos sábios” que pudesse transformar uma substância em outra diferente. Queriam produzir ouro.
A transmutação não é algo absurdo, demonstrou-o Rutherford, o físico inglês, que bombardeando nitrogênio com prótons de hélio, conseguiu transformá-lo em oxigênio e hidrogênio. Mas a transmutação não ocorre somente a altas energias, como mostra Kervran (L.C. Kervran- Transmutações Biológicas). Também as plantas e animais a energia biológica, conseguem transmutar substâncias.
Assim, uma semente posta à germinação possui certa quantidade de cálcio. Quando germinada, possui duas a três vezes mais, mas em contrapartida diminuiu seu teor em potássio. O mesmo ocorre com um ovo que se deita a chocar. Com casca e tudo possui determinada quantidade de cálcio, mas o pintinho saído do ovo possui em seu esqueleto até 3 vezes mais cálcio e ainda sobra a casca do ovo. Esta transmutação à energia fraca ocorre entre átomos vizinhos, isto é, cálcio e potássio, carbono e nitrogênio, fósforo e silício, transferindo prótons. Não é tão estranho , uma vez que em cada reação química ocorre a transferência de elétrons, caso contrário nenhuma substância poderia se ligar a outra e os íons iriam ficar isolados.
Um dia recebi uma mostra de terra com 1200 microgramas de fósforo, uma quantidade absurda. Telefonei aos donos da terra querendo saber se haviam despejado adubo fosfatado. Asseguraram-me que não o fizeram mas somente aplicaram chorume e depois a terra não produziu mais nada, explicável pelo desequilíbrio com os outros nutrientes. Mas por que o fósforo aumentou tanto? Qual o mecanismo? Constatamos um aumento violento de bactérias parecidas aos nitrobacter, que oxidam nitrogênio. Se a agricultura dominasse essa transmutação, não necessitaria mais do adubo fosfórico. Atualmente se domina praticamente a transmutação ou “fixação” de nitrogênio por bactérias moduladoras. Uns dizem que fixam nitrogênio do ar; mas como o conseguem em meio metro de profundidade do solo? De onde aparece aqui o nitrogênio? Outros cientistas opinam que seja simplesmente a transformação de carbono em nitrogênio, uma vez que os Rizóbios ou bactérias moduladoras exigem até 40% dos carboidratos formados pela planta. A “fixação” termina com o fim da fase vegetativa. No início da floração, onde os carboidratos são necessários para a frutificação, não conseguem mais “fixar”.
L. C. Kervran está no site na parte de referências como uma das pessoas/obras que influenciaram o trabalho de Primavesi. Para ver:
Trecho retirado do livro Agroecologia, Tecnosfera, Ecosfera e Agricultura. Baixe o livro aqui.