O estresse da planta é que chama a praga

Assim como os seres humanos se estressam por meio de diversas pressões psicológicas, a planta também fica estressada de acordo com as mudanças de condição do ambiente. O estresse da planta é proveniente dos obstáculos de temperaturas como falta de exposição ao sol e temperaturas baixas e altas; estresse de quantidade de água; más condições climáticas que vêm do excesso de umidade, insuficiência ou excesso de nutrientes, ventanias, geadas e outros.

Quando essas condições adversas ultrapassam um limite, causam anormalidades na reação fisiológica da planta, tais como redução da capacidade de fotossíntese, de absorção dos nutrientes e da água, baixa resistência às doenças e, como resultado, a planta cresce frágil, apresentando “queimadura” das raízes, folhas danificadas, folhas quebradiças e outras formas de fraqueza. Essa é a chance do ataque para os insetos.

Por exemplo, no cultivo do repolho, percebemos repolhos com pragas e repolhos sem pragas. Nos repolhos com mau desenvolvimento vê-se maior surgimento de pragas. Também o pulgão tende a surgir em plantas cujo desenvolvimento é fraco. Por conseguinte, para evitar o ataque de insetos, é importante ver de que maneira não se causa estresse na planta e fazer com que esta manifeste o vigor que ela originalmente possui.

O nitrogênio orgânico absorvido pela raiz é composto em aminoácidos e no final, tornando-se proteína, compõe a estrutura da planta, mas o vegetal que possui algum distúrbio não desenvolve normalmente esse processo de formação da proteína, e às vezes, ficam estagnados dentro da seiva como nitrogênio inorgânico e aminoácidos livres. Na realidade, esses aminoácidos livres são a fonte de energia dos insetos e, de acordo com a quantidade deles, os insetos também aumentam ou diminuem. Se os nutrientes não estão balanceados, ou surgem distúrbios no metabolismo em função dos agrotóxicos, as plantas produzem em grande quantidade substâncias como glicina, açúcares solúveis, aminoácidos livres e outros que servem de alimentos para os insetos.

O que mais influencia na colheita da plantação é o nitrogênio. Por isso, na agricultura natural, valoriza-se o aumento da capacidade produtiva e coloca-se grande quantidade de fertilizante na lavoura. Na Agricultura Natural também se divulga a técnica que emprega o Bokashi EM, que é o produto da fermentação de materiais orgânicos. Há uma tendência para o aumento de fazendas que o utilizam em grande quantidade, o que faz com que o nitrogênio acumule-se em forma de nitritos causando uma queda na qualidade.

Natural significa ter o que é necessário na hora necessária e na quantidade necessária. Para a saúde da planta, pode-se dizer que o correto é que os nutrientes não sejam muitos nem poucos. O excesso de um ou outro fragiliza a constituição da planta.

Normalmente, no caso do arroz, quando a capacidade de fotossíntese diminui pela falta de luminosidade, acumula-se ume excesso de nitrogênio na planta, ou seja, o que não foi metabolizado. Isso significa que a planta não conseguiu transformar todo o nitrogênio absorvido em proteína e ele se acumula como produtos intermediários como aminoácidos e a amina. No caso do arroz, acumula-se o ácido aspártico que é a substância causadora que atrai a cigarrinha verde e por isso, o excesso de nitrogênio do arroz é a causa da grande quantidade deste inseto. Quando houver absorção excessiva de nitrogênio, o açúcar – que é o produto da fotossíntese – é levado para o lado que assimila o nitrogênio e como resultado, fica escassa a formação de paredes celulares necessárias ao crescimento de culturas normais. E consequentemente, a resistência mecânica em relação à penetração de insetos e pragas, enfraquece.

Quando há excesso de nitrogênio nas verduras, as folhas ficam moles, grandes e caídas e por isso perdem a estrutura de recepção de luz. Se proliferar demais, as folhas de baixo ficam sem sol, tendendo para o crescimento frágil e vulnerável ao ataque dos insetos.

Como inseto frequente na produção da Agricultura Natural, podemos citar o pulgão. Ele é um inseto de natureza diversificada que ataca diversos tipos de cultura como as curcubitaceae, as crucíferas e as leguminosas. E como danos secundários, também há grande risco de transmissão de vírus. Normalmente, o surgimento de pulgões se dá pelo excesso de nitrogênio e consequente falta de cobre e potássio. Segundo os resultados observados nos testes comparativos de espécies de pepinos e outros, houve uma tendência para o surgimento de pulgões no início, quando se observava que as folhas estavam pretas pela absorção excessiva de nitrogênio.

Daí pensa-se que é possível afirmar que o excesso de nitrogênio é um dos fatores mais importantes na geração e aumento das pragas. Por conseguinte, é importante controlar ao máximo o nitrogênio, formando um solo saudável e o cultivo de plantações saudáveis para se evitá-las.