Só para dar um exemplo, a ameba. A ameba, se multiplica de trinta em trinta minutos, então a proliferaridade (se prolifera) é muito grande porque ela não precisa de uma multiplicação sexual mas uma multiplicação simplesmente por divisão. Se não tivesse ninguém pra comer a ameba dentro de um ano nós teríamos uma camada de um metro de ameba para toda terra que existe. Mas porque a ameba não se multiplica dessa maneira? Porque tem uma enorme quantidade de bichinhos que comem amebas. E isto para nós é um conforto, porque nós sabemos se no momento que nós criamos condições favoráveis para outros eles vão controlar justamente o que não queremos. Então aqui o melhor método que nós achamos para impedir essa multiplicação é de variar a vida, e aqui entra justamente a consorciação, a rotação, a adubação verde, quer dizer, fornecer outro tipo de matéria orgânica, porque cada tipo de matéria orgânica tem outro tipo de microorganismos para a decomposição. Porque nenhuma matéria é decomposta pelos mesmos seres vivos. Bom o segundo é a suscetibilidade da planta, a planta é suscetível se ela tem um metabolismo muito moroso e as substâncias vão girando na seiva sem poder ser metabolizados. Ou quando está faltando catalizadores, micronutrientes para poder formar as substâncias que ele é geneticamente capaz. Então nessas duas condições a planta não forma as suas substâncias, não consegue metabolizar rapidamente, então ela está atacada e nós sabemos que especialmente fungos atacam açúcares livres e especialmente insetos atacam aminoácidos circulando na seiva. Se eu consigo impedir que esses aminoácidos circulem na seiva provavelmente o inseto não atacará.
E o terceiro, a planta como qualquer prédio tem um extintor de incêndio, que é uma outra defesa da planta, mesmo se esses dois dispositivos de segurança falharem ela ainda têm um dispositivo particular de defesa. E é justamente que ela produz ou substâncias abióticas como fenóis ou ela tem a possibilidade de uma necrose rápida do tecido atacado. Por exemplo, no caso de fungo, então o fungo não acha mais tecido fresco, só acha tecido morto e morre também, porque não tem maneira de se multiplicar.
E tem uma porção de dispositivos não só esses dois tem mais uns sete que a gente conhece e deve ter outros que não conhecemos mas em todo caso, todos esses dispositivos dependem de que a planta seja mais ou menos de boas condições, e não muito mal nutrida. Então se essa planta é inativada, por exemplo, o sistema de auto-defesa, se é suscetível e nós plantamos em monocultura, a terra está decaindo, então temos que contar com pragas e doenças, não porque a natureza quer nos flagelar mas porque nós criamos com muito afinco essas doenças. Então essa criação de pragas e doenças depende exclusivamente de nós e não da natureza. E agora este equilíbrio nutricional que tem que ser um equilíbrio entre ácido e base, e aqui uma coisa importante, vocês vêem que deve ser 1 a 1, mas o nitrogênio é praticamente o que decide agora esse equilíbrio porque se o nitrogênio é em forma nítrica ou se este nitrogênio é oxidado na terra logo em seguida quando é aplicado, ele pesa na parte dos ácidos, agora se o nitrogênio é em forma amoniacal e não pode ser oxidado por causa do anaerobismo do solo ele pesa do lado das bases. E isto é uma pequena catástrofe porque como não pode ser mais que 1:1 ou 100:100 então ele pesando desse lado ele vai diminuir a absorção dos outros cátions e especialmente potássio é um cátion que aumenta a resistência da planta contra pragas e doenças. Então no momento que eu coloco N amoniacal na terra e essa terra não é suficientemente porosa e arejada para poder transformar ele em N nítrico eu tenho a supressão da absorção de potássio e de cálcio e por isso a planta fica mais suscetível.
Então vocês vêem mais uma vez a importância de eu ter uma terra arejada e do outro nós temos aqui os nossos equilíbrios que são justamente o nitrogênio com cobre, no momento que falta cobre, nitrogênio aparenta excesso, então nós falamos de excesso relativo e excesso absoluto. Se falta zinco o fósforo está no excesso. Tem o cálcio e o manganês, tem o enxofre com o fósforo.
Então todos esses equilíbrios existem, equilíbrios entre os diversos micronutrientes, entre ferro e manganês por exemplo. Trezentos ppm de manganês são tóxicos para o arroz, mas se eu mantenho a relação 2:3 de ferro para manganês eu posso aumentar para até 3.000/4.000ppm a quantidade de manganês se o ferro acompanha. E não é tóxico. Então vocês vêem a toxidez depende da proporção. E por isso esse negócio do alumínio que todo mundo diz que é tóxico, claro porque está desproporcional. Se o alumínio está dentro das proporções permitidas não tem problema. Agora se praticamente é o único nutriente que existe, e não é nutriente, então é tóxico. Então potássio é tão tóxico quanto alumínio quando está em solução monossalina.
Eu só queria mostrar algumas inter-relações entre doenças e deficiências. Por exemplo no arroz, eu plantei arroz, em campo onde o arroz não deu nada por causa de brusone, coloquei toda essa palha com brusone na terra, nós irrigamos com água que vinha de campos que tinha brusone e para ter toda certeza que tinha infecção com brusone nossa fitopatologia ainda contaminou todo nosso arroz com brusone. Agora brusone estava certa, os esporos estavam aqui e eu disse bom, pra mim brusone é um desequilíbrio. Só pode acontecer num desequilíbrio entre nitrogênio e cobre. Eu passei 1% de sulfato de cobre e pulverizei na semente e coloquei 2,5 Kg de sulfato de cobre na água de irrigação. Olha, o arroz aumentou violentamente a colheita e praticamente não quebrou na máquina porque ele formou mais proteínas. Vocês vêem que aumenta em quantidade, aumenta a qualidade e diminui a doença. Então a nutrição da planta, a nutrição correta da planta é a maneira mais econômica de impedir pragas e doenças e de aumentar nossa colheita. Por exemplo, potássio, cálcio e pulgão. É uma coisa impressionante porque o mecanismo do pulgão é o seguinte, ele fura a parede celular e depois suga a seiva, se eu coloco potássio, a parede celular fica elástica, então se o bicho começa a furar ela cede. Então é um trabalho enorme para ele furar uma parede que vai cedendo. Quando ele fura e acha que agora pode absorver a seiva, tem o cálcio, o cálcio na seiva em contato com o ar ele deixa a seiva imediatamente coagular. Então seiva coagulada nenhum pulgão pode retirar. Então o que ele faz? Vai embora, pode ter 4 trilhões de pulgões que eles vão embora porque não tem condições de se nutrir. Então o problema não é combater o pulgão, é combater a deficiência da planta. Então vocês vêem que com uma adubação adequada nós podemos controlar muitas doenças e pragas na planta que normalmente são de combate bastante difícil.
Bom, eu queria ainda mostrar o negócio da seca. Normalmente está sendo acreditado que é a má distribuição e a falta de chuva, claro isso também provoca seca, mas não é a única razão, porque todo mundo sabe que a água que cai do céu não rega ainda a planta se a água cai e escorre, o efeito dela é muito pequeno. Então não é simplesmente a chuva, é também a infiltração. Se esta chuva que cai infiltra na terra e não escorre esta água dá um efeito muito maior. Nós temos também a nutrição desequilibrada das plantas porque nos sabemos perfeitamente que se uma planta é bem nutrida principalmente com os micronutrientes principais a seiva se torna viscosa. E uma seiva viscosa é muito mais difícil de evaporar e se perder do que uma simples água na célula da planta. Então a planta pode ter até quatro vezes mais resistência à seca, já a planta mal nutrida gasta até quatro vezes mais água do que uma planta bem nutrida. Agora bem nutrida por favor, não é N, P, K sozinho. Então aí está o porque uma adubação orgânica é mais favorável que outra porque na adubação orgânica de qualquer maneira tem os micro junto que na adubação refinada de sais minerais não existe.
Nós temos as lages que impedem o aprofundamento das raízes e o aquecimento do solo, isso aqui é uma catástrofe. Nós plantamos por exemplo dentro do milho, feijão de porco como resultado que num ano onde nós tínhamos seis semanas de seca absoluta no verão. Onde tinha feijão de porco a terá estava úmida até a superfície, porque o feijão de porco transpira muito menos água de que o sol e o vento conseguem levar. Agora se a terra tem menos que 22% de argila essa consorciação não é favorável porque daí pra baixo começa uma concorrência efetiva pela água. Então a exposição do solo ao sol e ao vento são fatores decisivos na nossa seca, especialmente o vento. Então até agradável que ajuda um pouco a agüentar a seca, mas não é o melhor. Porque a planta só pode transpirar água se o ar não for saturado com água. Se o ar está saturado com água ela não consegue mais transpirar, então a água fica dentro. Agora ela pode superaquecer e por isso nos temos de ver que nós temos o nosso termostato que impede o superaquecimento do ar. E esse termostato é a mata. Então vocês vêem que a mata junto com a agricultura vai muito bem. Então o desmatamento de 50.000 hectares é uma coisa bastante imprudente porque a gente vai expondo a terra justamente a uma insolação, a uma temperatura, ao vento. Com isso nós ajudamos justamente a abaixar violentamente as nossas colheitas.
Fim fita 5 – lado B