Princípios Científicos da Agricultura Alternativa (Fita 4 – Lado A)

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E esta aqui é uma raiz super parasitada de nematóide. Mas é uma raiz bastante boa, bastante forte e a cana era bastante produtiva, então se vê uma coisa, se a planta está bem nutrida ela suporta uma carga tremenda de nematóide. Agora se a planta está mal nutrida, uma pequena carga de nematóide já mata ela. De modo que a gente não pode dizer que nematóide de qualquer maneira mata a planta, ele mata se as condições de nutrição da planta são desfavoráveis.

Aqui vocês vêem alfafa adubada com zinco. Sem zinco eu dava três quilos de alfafa cada dia para os porcos e eles cresciam mas com zinco na mesma quantidade de três quilos de alfafa eles produziram o dobro. Então a qualidade da alimentação tem muita importância. Nós temos no Brasil hoje em dia 67% da população em regime de fome absoluta. Uns vinte anos atrás eles diziam que se nós não usarmos toda essa tecnologia química nós não poderemos nutrir a população, mas vinte anos atrás nós tínhamos 11% a menos de subnutridos do que hoje. Pode ser que nós produzimos mais alimentos, mais supersafras mas o poder aquisitivo não acompanha, então não adianta se o preço da produção é tão elevado que a população não pode comprar.

Então não é verdade que nós produzimos para suprir a fome e depois que se nós andarmos uns 50, 80 anos para frente não vamos ter mais nem petróleo, nem fósforo e nem potássio, nem nada mais para ajudar as nossas colheitas. Então nós temos de ver um jeito de produzir de outra maneira e ajudar na produção pela própria terra, porque hoje em dia a produtividade oficial é simplesmente insumos. Se vocês pegam um BBC para financiamento, se a produtividade é mais ou menos por exemplo, 150, 200, 250@ de algodão, então na maneira que sobe a colheita, sobe o financiamento porque? Porque eles pressupõe que na medida que sobe a colheita eu estou aplicando mais insumos e isto é errado porque se a produtividade fosse do solo eu podia quanto maior a colheita menos eu teria posto porque a terra está em condições de produzir. Mas se a terra não está em condições de produzir eu vou ter que cada vez por mais e produzir cada vez mais caro. E é o que justamente hoje ocorre. E graças a Deus isso ocorre porque nós estamos no limite e por toda parte que me chamam é justamente esse o problema, o que nós fazemos, nós não temos mais lucro, nós não agüentamos mais. E aqui entra justamente a Agricultura Ecológica que diz: olha cuida da sua matéria orgânica, cuida dos micronutrientes, são duas coisas que não são caras, que são fáceis, que só depende da própria conscientização do produtor e que faz uma diferença violenta.

Eu queria hoje mostrar algumas coisas, um que eu acho interessante é como evitar pragas e doenças pela alimentação da planta e depois o problema que nós enfrentamos justamente dessas plantas companheiras e o uso delas, porque a nossa agricultura estava meio azarenta em relação à adubação verde, em relação à rotação de culturas, porque a gente simplesmente trocava uma cultura pela outra e achava que era rotação e na verdade não é bem assim, porque existem plantas que se gostam e plantas que não se gostam, como também tem gente que se gosta e gente que não se gosta. E isto fez com muitas rotações fracassassem. Por exemplo, gergelim com sorgo é um fracasso total porque o sorgo faz com que o gergelim nem consiga florescer. Outro caso é o girassol com batata, esses dois não se dão de jeito nenhum, nenhuma das duas cresce quando estão só perto, 50 metros de distância um já influi negativamente sobre o outro.

Então a gente não sabe das preferências e aversões que as plantas possuem, a gente entra numa rotação que não vai funcionar. Agora para nós sabermos mais ou menos o que a planta gosta nós temos um teste muito rápido que funciona muito bem. A gente pega terra da raiz de uma planta por exemplo fumo ou soja e coloca num pratinho e coloca no lado uma areia bem lavada e planta nos dois a cultura que quer deixar seguir por exemplo a soja, por exemplo o fumo, então se a semente nasce mais rápido na areia é porque as duas não se gostaram, se a semente nasce mais rápido e mais completa na terra é porque as duas se dão. Então com isso em quatro dias você sabe perfeitamente se as duas culturas são compatíveis ou não. Então não precisa o ano inteiro. De modo que é uma maneira muito fácil e se as plantas não se dão, olha é uma coisa impressionante como a semente nasce mal nessa terra da planta que é usado. De modo que a nossa rotação de cultura tem que por em consideração justamente essa alelopatias e estas simpatias que as plantas possuem, senão nunca vai dar certo. Mas nós temos também diversos tipos de restrições, por exemplo as mesmas pragas. A soja e a aveia preta criam o mesmo tipo de nematóide então é impossível de plantar os dois em seguida porque eu vou aumentar de tal maneira o nematóide que no final das contas não dá. E tem outros que extraem uma grande quantidade dos mesmos nutrientes, por exemplo alfafa e linhaça. Os dois são exigentes em boro e extraem muito, então a nossa terra não suporta isso, que duas culturas com a mesma exigência passam uma em seguida da outra.

Então nós temos de ver justamente o que a planta faz, o que esgota, as doenças que ela tem e fora disso ainda as suas reações alelopáticas, se existirem.

Nós temos também a alelopatia da própria planta contra si mesma, por exemplo o trevo é alelopático contra ele mesmo, o sorgo é alelopático contra ele mesmo, então uma repetição de sorgo em cima de sorgo não convém porque ele é intolerante consigo mesmo. E estes problemas nós temos naturalmente que saber, não é simplesmente como uma criança colocar uma cultura em cima da outra, e achar que é uma rotação.

E por último a gente vai deixar seguir uma cultura que recupera, que tem potencial de recuperação grande. O milho tem um potencial de recuperação. Por exemplo, se faço simplesmente a rotação de algodão e milho com mucuna nós temos uma recuperação bem boa e podemos com três culturas já por um bom tempo ter a nossa rotação simplesmente algodão, milho e mucuna. Embora que estão milho e mucuna juntos. E culturas juntas valem por duas culturas e a mesma coisa nós podemos fazer em culturas perenes que a gente vai implantando uma cultura consorciada por exemplo, feijão de porco no meio do pomar, ou lab-lab no café. Porque o lab-lab é justamente uma leguminosa que combate o nematóide do cafeeiro, então é um sucesso muito grande de plantar lab-lab no café.

Nós temos aqui a possibilidade de misturar cultivos onde não tem possibilidade de rotação. E nós temos aqui a mistura de cultivos de perenes com por exemplo no dendê. Eles plantam estilozantes ou eles plantam a própria seringueira com leucena e com a palmeira de açaí. Então isso é uma consorciação muito favorável. Outra consorciação muito favorável é de goiaba com citros, se colocar no mínimo a cada dez árvores no pomar de citros uma goiabeira, então o citros fica com muito maior saúde. E a goiabeira igualmente, então os dois se beneficiam.    Fim Fita 4 – lado A