Princípios Científicos da Agricultura Alternativa (Fita 3 – Lado A)

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Então vocês vêem eles queimam primeiro para colher porque a colheita fica a metade do preço se não está na palha. Depois eles queimam as pontas que ainda estão cortadas porque é mais fácil de tratar com herbicidas e no final a terra não recebe nenhuma matéria orgânica. E por isso ela está decaindo.

E tem outra crença que eles dizem, terra seca racha. Mas terra seca não precisa rachar, terra seca racha quando tem grumos, o grumo avança para o poro e quando se recolhe, recolhe para o seu lugar. Agora se não tem poro ele desloca outros e em conseqüência quando começa a secar ele racha. Agora na nossa região, os produtores já compreenderam que terra que racha é terra que não suporta seca, porque é uma terra que não segura água porque não tem poro, não tem nada para entrar.

Na terra grumosa a água infiltra, se a água infiltra é muito pouca água que escorre precisa de chuva muito forte para escorrer. Agora por exemplo, na Embrapa em Passo Fundo. Ovunch infelizmente que ele morreu acho que no ano passado, ele constatou que numa terra boa consegue infiltrar em uma hora 400mm de chuva. Olha uma chuva de 400mm por hora já é uma raridade muito grande, de modo que normalmente toda água devia ter a possibilidade de se infiltrar, se não infiltra é porque a superfície do solo é insuficientemente protegida ou porosa, então quanto menor essa camada porosa tanto menor vai ser a infiltração da água e tanto maior naturalmente o escorrimento e também a erosão. Então é proporcional à impermeabilidade do solo.

O terraceamento não reconstrói a permeabilidade do solo, ele deve ser simplesmente uma ajuda mecânica para poder em seguida melhorar a terra. Então é como por exemplo se alguém quebra a perna, ele pega uma muleta para andar mas a muleta não é a cura para a perna, a muleta é só uma ajuda para poder curar a perna e a mesma coisa é o terraço, o terraço não é a cura nem a microbacia, eles fazem muito microbacia agora no MT no Paraná, a microbacia é muito cara mas também não é a solução definitiva, ela ajuda, permite a recuperação, mas não é a recuperação.

No momento que começam os desmatamentos as enchentes começam, e quando não chove não tem água, olha eu fui no ano passado no Tocantins, no Rio Madeira, no rio do Alto Araguaia e os rios estavam todos sem água, eu disse mas credo, é possível que vocês terminaram tanto com os rios que não tem mais água, não eles disseram, semana passada quando choveu tinha água. Olha eu fiquei desesperada, fui lá e falei com o pessoal do ministério de interiores: mas você não vê o que está acontecendo aqui, os rios da Amazônia já sem água e disse não se preocupe, nós já tomamos providência, então eu queria saber quais, nós já botamos em todos os livros de Geografia do ginásio que rio é uma depressão onde corre água quando chove, então está contornado o assunto. Vocês riem mas é triste, porque eles acham que se a criança já aprende errado nunca vai saber que o rio podia ter água o ano todo. Nós temos aqui outro assunto porque nós temos as plantas invasoras, aparecem sempre por causa de alguma razão então se aparece uma planta invasora nós temos duas coisas para perguntar: primeiro por que? Ela é uma indicadora, ela indica alguma condição do solo que se modificou e o segundo que é planta indicadora ao mesmo tempo e uma planta recuperadora. Se por exemplo um agricultor estragou a sua terra e não sabe mais o que fazer, ele simplesmente abandona, quer dizer ele entrega para a mamãe natureza esta terra e diz agora você se vira. E de fato a terra se vira e a terra com estas plantas nativas que ela lança mão recupera a terra de novo. Então a invasora sempre tem duas coisas: indica alguma coisa específica e recupera.  Fim Fita 3 – lado A