Muita gente dá curso de compostagem, muita gente ensina sobre minhocas e não sei o que, mas olha o importante não é de saber de composto, o importante é de saber para que serve, depois cada um resolve o que vai fazer. Eu por exemplo por mim eu faço composto para minha horta mas no campo eu uso simplesmente a palha, eu pego a palha quando está colhida por exemplo o milho, eu coloco primeiro o fosfato natural para fazer a decomposição desta palha, porque com a palha eu não faço nada, o que eu preciso são grumos e depois passam a grade e podem plantar no outro dia porque na superfície a palha não afeta o plantio nem a adubação verde, você pode passar a grade, a palha está por cima, o campo está parecendo sujo mas vocês podem plantar, a única coisa que precisa é uma adaptação da máquina. Não pode plantar com bicos para fazer riscos mas tem que plantar com discos que vão trabalhando assim para não embuchar, é a única coisa mas o resto não impede.
Eu queria mostrar que se eu faço a decomposição em meio aeróbio eu vou produzir ácidos poliurônicos que são praticamente um tipo de geléia que vão grudando esses agregados para agregados maiores e no fim da decomposição eu tenho gás carbônico e os minerais também que vou precisando. Os minerais de qualquer maneira aparecem se eu pego a matéria orgânica e enterro essa matéria orgânica ela vai formar somente ácidos e metanos que são todos venenosos para as plantas. Então por isso que estava corriqueiro enterrar matéria orgânica, eles diziam que a gente tinha que esperar três meses até poder plantar. Então eu pergunto porque perder a parte mais valiosa da matéria orgânica simplesmente porque eu estou tapado praticamente, não enxergando que fora dos minerais outras coisas também são importantes. Então eu uso simplesmente minha palha, eu produzo o máximo de palha que posso no meu campo, adubo para a palha, esse adubo depois pode ser descontado no adubo que vai para a colheita na própria cultura, e com isso eu melhoro minha terra, produzo meus poros que eu preciso e o adubo orgânico de qualquer maneira recebe mais tarde ainda. E eu posso planta imediatamente, não impede que eu faça meu plantio no dia seguinte.
Bom, eu queria mostrar esse negócio de energia, do problema de energia. Eu tenho uma planta, a planta quando fotossintetiza produz ou glicose ou ácido orgânico. Para ganhar energia ela tem de decompor este primeiro produto, seja ácido, seja glicose. Em decomposição aeróbia ela ganha 600 a 1200 Kcal por cada mol de glicose. Se ela não tem ar na terra, se ela é fermentativa ou simplesmente anaeróbia ela ganha só 20 a 22 Kcal por cada mol. Então ela vai gastar muito produto fotossintetizado e produzir muito pouca energia, quer dizer vai faltar produto para a planta crescer e vai faltar energia para os processos químicos. Então vai faltar tudo. Por isso nós precisamos justamente, todo vai me dizer mas a planta não cresce no ar, cresce, mas a única planta que tem um sistema de vasos condutores de ar para a raiz é o arroz (a única planta de cultivo) é o único que pode captar ar pelas folhas e levar para a raiz, porque onde ela precisa para a primeira síntese de produtos é justamente na raiz. Então como as outras plantas não têm esse sistema vascular, que não tem este aerênquima como se chama, então tem de ter ar na terra, senão não funciona.
Aqui a formação de poros eu tenho os grumos, a primeira parte é atração simplesmente química que todo mundo conhece e estes grumos primeiros são depois grudados por geléias bacterianas e depois amarrados por fungos. O fungo não amarra eles por amor, o fungo amarra eles porque quer tirar essa geléia de entre os agregados, o fungo faz uma amarração de rifle como um pacote bem amarrado e tira essa geléia. Quando essa geléia acabar, acaba também a estabilidade desse agregado porque agora o fungo deixa esses rifles morrer porque não precisa mais. A partir desse momento o grumo se torna instável, se receber uma gota de água ele explode. Então nós temos que ver que no momento que o fungo comeu tudo que era de colóide aqui entre agregados nós temos a cobertura do solo que evita que eles se estragam no solo. E entre os grumos na temos os poros, justamente por isso que serve o grumo.
Bom agora eu quero mostrar o efeito do ar. Primeira coisa a desnitrificação, olha a uréia que eu ponho na minha terra até 8cm de profundidade ela se perde se a terra não estiver suficientemente porosa. E em areia mesmo não dá para usar uréia de cobertura porque tem desnitrificação, tem acumulação de gás carbônico, tem a absorção deficiente dos nutrientes nessa seqüência, nós temos a excreção de aminoácidos, de ácidos orgânicos, açúcar e álcoois pela raiz que cria naturalmente uma fauna e uma flora específica ao redor da raiz porque cada produto é alimento para alguém. Nós temos a menor absorção de água, temos a redução dos minerais que se tornam tóxicos, em parte nós temos menos energia e menos ATP.
ATP é transportador de energia, se não tem esse transportador de energia, a energia não se move para o lugar onde esta sendo precisado. E o resultado em cima, na planta, ela forma menos substância de crescimento, tem menor resistência a pragas, é deficiente nos macronutrientes e micronutrientes e deficiente em água. Então vocês vêm tudo isso simplesmente por causa da falta de poros, que é o efeito sobre a planta, fora o efeito sobre a terra que é erosão, enchentes e depois a seca. Então vocês desencadeiam um grande número de processos que vão ocorrendo simplesmente porque não se cuidou dos poros na superfície do solo.
Geralmente se acha que o exame físico do solo é complicado, é uma análise do laboratório, pode fazer claro, mas não precisa. Eu posso aqui, o grumo sempre tem tudo arredondado, se tem arestas agudas não é grumo, é torrão destorroado mas grumo não é. Se nós pegamos um torrão e quebramos e ele tem uma face de ruptura irregular a terra está ainda bastante boa para a raiz, a raiz penetra, a água penetra, o ar penetra. Se a face de ruptura, tanto faz se rompe fácil ou não, porque se é seco a ruptura vai ser mais complicada, se é úmido as vezes é fácil de romper um torrão, for sempre reta vocês podem ter certeza que a água tem mais dificuldade de penetrar, tem pouco ar na terra e a raiz também tem dificuldade. Então esse problema é simplesmente para ver, não dá exato, exato como no laboratório, mas dá uma idéia bastante boa. Então o grumo com este tipo de forma, com essas arestas, não é grumo, é torrão. Se é feito uma pesquisa, eles dizem que trabalham com grumos de 9 mm de diâmetro isso não existe no mundo inteiro. O maior grumo que nós conhecemos é o grumo que a minhoca produz, e este tem 4 mm, maior que 4 não existe grumo. Se alguém diz que trabalha com grumo de 9 mm ele simplesmente destorroou um torrão e trabalhou com isso e por isso chega a resultados completamente contrários do que se chegaria com grumos, porque esses grumos não são estáveis na água, não melhoram a fertilização do solo, não ajudam na penetração de ar e água e nada porque não são grumos. Então a Agricultura Ecológica não é mais cara é simplesmente de querer adaptar as condições e as necessidades da planta, só isso. Ao contrário, ela fica bem mais barata, só que a gente tem de começar a pensar e não usar a cabeça somente como um suporte de chapéu mas também um pouco para pensar.
Fim Fita 2 – lado B