Pouco a pouco o homem compreende que não pode dominar a natureza mas tem que obedecer às suas leis, inserindo-se nos ecossistemas.

Pouco a pouco o homem compreende que não pode dominar a natureza mas tem que obedecer às suas leis, inserindo-se nos ecossistemas. Todas as técnicas que pareciam um avanço eram somente um avanço para a destruição do nosso globo. Por quê? Porque eliminaram os ecossistemas e a biodiversidade e agrediam as leis naturais.

Dicas importantes: adubação e composto

Na agricultura tropical, pensa-se que toda matéria orgânica deve ser transformada em composto, o que nos trópicos, com sua decomposição rápida, não é necessária. Somente em culturas de hortaliças “protegidas” (em estufas) com grande rotatividade ( até 7 culturas ao ano) o composto é aconselhado. Palha contribui mais à diversidade de micróbios que composto, porque necessita de mais processos de decomposição do que o composto, que já é semi-digerido. Portanto, matéria orgânica não humificada adequadamente desestrutura o solo.

Enterram o composto profundamente igual ao NPK, para que as raízes encontrem “adubo” quando descem… mas composto não é material químico mas orgânico. E não é alimento para as plantas mas necessita ainda futura decomposição para poder ser absorvida pelas plantas. Abaixo de 15 cm sua decomposição é feita por microrganismos anaeróbios, que produzem substâncias tóxicas para as plantas.

TEM QUE FICAR CLARO QUE:

• Composto não é alimento para as plantas, mas deve ser primeiro alimento para os micróbios aeróbios do solo.
• Os micróbios aeróbios do solo é que mobilizam minerais nutritivos que alimentam as plantas. Somente depois de ser completamente decomposto ele libera os nutrientes como “brinde” para as plantas.
• Esses micróbios agregam o solo para que este fique permeável para ar e água.

Composto enterrado de 20 a 40 cm de profundidade sofre decomposição anaeróbia que não contribui com a agregação do solo (nem iria adiantar se agregasse o subsolo) e além disso produz gases tóxicos como metano e gás sulfídrico, dos quais as raízes fogem e são seriamente prejudicadas. É A MAIOR RAZÃO DA PRODUÇÃO ORGÂNICA BAIXA. Por isso, composto nunca deve ser enterrado mas sempre ficar na camada superficial do solo (onde também o encontramos na natureza, entre 0 e 5 cm superficiais).

Se as raízes das plantas permanecem na camada superficial, dentro do composto, está faltando boro. No solo. Solos arenosos ou argilosos necessitam de 5 até 12 kg/ha de bórax ou ácido bórico (um pó branco). Isso tem de ser determinado por experiências com 5, 7, 9 e 12 kg/ha de bórax, começando da menor quantidade e ir aumentando de acordo com a observação do agricultor. Uma quantidade alta demais mata as plantas por intoxicação, mas somente com boro as raízes das plantas se desenvolvem bem.

(para quem se interessar em aprofundar esses aspectos, assista ao filme “A vida do solo”, de Ana Maria Primavesi. Este foi o primeiro filme do mundo a registrar toda a dinâmica da vida do e no solo.)

A agricultura orgânica e a Revolução Verde

Situação atual

Até hoje a maioria dos agricultores orgânicos acredita que orgânico é somente a troca de fatores químicos por orgânicos. O enfoque continua fatorial e não consegue ver os sistemas, os solos permanecem decaídos e compactados, o vento bate, as variedades são híbridas que servem para todo mundo, isto é, lugar nenhum, e ainda muitos plantam monoculturas. As plantas são doentes, de valor biológico baixo e tem de ser “defendidas”. Somente não usam os mesmos praguicidas e pesticidas que a agricultura convencional.

Dizem que são algo menos tóxicos, mas isso nem sempre é verdade porque os piretroides, a rotenona, a calda bordalesa e outros eles usavam, atualmente proibidos por sua elevada toxidez.

O que mudou finalmente? Só o NPK que trocaram por composto?

Consideram a compostagem o A e o O da agricultura orgânica. E nem o composto é confiável, porque se é de lixo urbano, contém tantos agrotóxicos dos restos de verduras que na Europa não aceitam frutas e hortaliças criados com esse composto. E se eles usam para a fabricação do composto cama de frango, esterco de gado, bagaço de cana ou restos animais de abatedores de produtores convencionais, o veneno que importam não é pouco.

E se irrigam com água de rios que passaram por cidades que levam todo esgoto domiciliar, esgoto das fábricas e hospitais, as substâncias abundam aqui inclusive os detergentes, metais pesados e outros mais… Mudou o que?

Trocam:

1- NPK por composto, talvez Bokashi ou biofertilizantes;
2- Na horticultura: a grade pesada pela rotativa;
3- Os agrotóxicos por EM e caldas algo menos tóxicas.

Do resto, fazem tudo igual como na agricultura convencional. Enterram a matéria orgânica como enterram o NPK para que as raízes a encontrem lá embaixo quando crescerem e acreditam que podem produzir desta maneira.

Mas matéria orgânica não é NPK e mesmo composto sofre ainda uma decomposição futura que abaixo de 15 cm geralmente é anaeróbia, soltando substâncias tóxicas. Por isso a produção é baixa, muito baixa. Mas eles acreditam que isto é porque a tecnologia orgânica não consegue produzir tão bem quanto a química que é muito sofisticada. Usam defensivos mais brandos e depois se desesperam que as doenças e pragas castigam suas culturas. Isso é agricultura orgânica? Não, é uma aberração.

Histórico

Terminada a Segunda Guerra Mundial, foi introduzida a agricultura convencional, química-mecânica, não para produzir mais e melhor, mas para salvar a indústria química e mecânica (pesada) da falência. Produziram a pleno vapor tanques, canhões e gases venenosos durante a guerra que agora não precisavam mais. O que fazer? Vender a quem?

Aí tiveram a ideia salvadora: vender para a agricultura, que por enquanto, não somente era independente, como também ainda financiava a indústria. Então tinha recursos… Foi feito um convênio entre a indústria e a agricultura norte americana, do qual resultou a agricultura convencional. A agricultura comprava adubos, herbicidas, pesticidas, máquinas da indústria e esta subvencionava a agricultura.

Todos esses “insumos” encareciam muito a produção agrícola. Os agricultores não conseguiram mais financiar a sua produção. Entrou o Governo para fazer cumprir o “convênio”. As indústrias, agora com lucros altos, pagaram impostos aos Governos a estes, que em parte, devolveram à agricultura em forma de subvenções. Tanto os Estados Unidos quanto a Europa:

1. Liberaram créditos baratos;
2. Ofereceram armazenagem de graça;
3. Financiaram parte do transporte;
4. Deram prêmios aos agricultores que deixaram seus campos descansar sob vegetação nativa durante 2 ou 3 anos;
5. Deram aposentadoria para os agricultores, sem que estes tivessem que pagar contribuições;
6. Financiaram parte da exportação, etc.

Enfim, a reciclagem do dinheiro: agricultura->indústria-> agricultura salvou a indústria da falência e a indústria mantinha a agricultura para que garantisse a “soberania alimentar” do país. Era uma solução genial.

Mas o mais genial foi que conseguiram motivar também os países latino-americanos e africanos e agora até a China a introduzir a agricultura química-mecânica e deram créditos aos governos para poder pagar subvenções à sua agricultura durante os primeiros anos de implantação e propagação.

Os técnicos destes países foram treinados gratuitamente nos EUA. Acreditaram no coração misericordioso do presidente Kennedy, que somente queria ajudar aos países pobres se desenvolver. Mas isso era somente a fama. Na verdade, era o “marketing” mais agressivo já feito neste mundo. O que queriam era simplesmente abrir a agricultura para seus produtos industriais, também no Terceiro Mundo. Era a famosa Revolução Verde.

Agora, mais de 50 anos após a implantação da Revolução Verde, até o órgão de pesquisa agrícola nos EUA (ARS-USDA) se preocupa com a crescente e rápida desertificação no mundo inteiro… Pouco a pouco se descobre que o que funcionou fabulosamente nos EUA não funcionou tão bem nos países do sul pelo simples fato que aqui não tinha indústrias que podiam fornecer os químicos e máquinas pesadas para depois subvencionar a agricultura. Também aqui o clima era tropical e todas as condições diferentes.

• O clima tropical funciona de maneira muito diferente do temperado e os solos reagiram de maneira também diferente. Os solos ácidos e pobres pareciam um verdadeiro eldorado para o sistema convencional. E nenhum governo do Sul desconfiou das boas intenções do Norte.

• Tinham que comprar os produtos químicos e a maior parte das máquinas nos EUA, de modo que os custos eram elevados e o retorno zero, e ainda se endividaram…

• Os lucros todos ficaram para as indústrias do Norte e recambiadas para o país de origem. Os governos do Sul não recebiam imposto algum sobre as máquinas e agroquímicos importados… e quando “pegou” o sistema, os países do Sul também não recebiam mais recursos para poder continuar subvencionando sua agricultura. Porém, todo sistema agrícola já foi modificado…

• Ocorreu a expulsão dos agricultores (faliram) e trabalhadores rurais substituídos pelas máquinas e agroquímicos, ou seja, pela tecnologia convencional. O mesmo aconteceu no Norte. Mas aqui esperavam que as indústrias tivessem sido revitalizadas, oferecendo empregos bons. No Sul, também tinham de migrar para as cidades, mas aqui não tinha indústrias que os esperavam e ofereciam empregos… e eles somente incharam as favelas. As pessoas migravam para as cidades, aumentando violentamente a pobreza e a fome em todos os países do Sul, graças à Revolução Verde lançada sob o lema: “Alimentos para a Paz”.

• Se os solos tropicais ainda estavam mais ou menos vivos e agregados, agora foram “mortos” de vez pela aração profunda, calagem pesada, adubação unilateral com NPK, que não somente desequilibrou todos os outros nutrientes mas também contribuiu para a decomposição explosiva de toda matéria orgânica, que era a base da micro vida agregante do solo. E qualquer reposição foi evitada pelos herbicidas. Os solos se compactaram. As culturas ficaram doentes, necessitando de agrotóxicos. De novo, foi um eldorado para a indústria química, mas um inferno para os agricultores dos países do Sul.

Aí veio a constatação: quem começa com essa agricultura convencional não pode usar somente uma ou outra tecnologia, tem que usar o pacote inteiro, porque todas as tecnologias eram interligadas:

Pela aração profunda e as calagens elevadas perdeu-se a matéria orgânica ->morreu a micro vida -> compactaram os solos ->reduziram-se os nutrientes – > adubava-se -> escorreram as chuvas (combatia-se a erosão até com micro bacias) -> irrigava-se -> plantaram-se monoculturas para poder mecanizar: necessitava de herbicidas e biocidas. O sistema era perfeito.

A agricultura natural trabalha de maneira bem diferente:

Adiciona-se matéria orgânica -> mobiliza-se a micro vida do solo -> esta agrega os solos e mobiliza nutrientes -> há melhor penetração de ar, água e um crescimento vegetal melhor ->produz-se mais matéria orgânica -> alimenta-se mais micro vida -> que mobiliza mais nutrientes – > a produção aumenta.

A AGRICULTURA ECOLÓGICA

Uma alternativa ou uma necessidade

Quem vê a Agricultura Alternativa na Europa tem a impressão de que se trata realmente somente de alguma alternativa para quem quer comer alimentos sem agrotóxicos, ou pela comercialização mais fácil ou pelos preços maiores destes produtos ou por convicção filosófica como dos antropósofos.

Em alguns países como na Dinamarca e França os governos financiam a conversão para a agricultura orgânica porque é mais barata para os Estados e seus governos. Na Alemanha foram criadas duas faculdades de “Oeko-Landbau”, isto é, de agricultura ecológica para melhor poder frear a decadência dos solos e a aridisação do clima.

Quem vem da África, especialmente dos estados do Saara, e que viu o desespero destes povos por causa do avanço anual e implacável do deserto do Saara e o fanatismo com que propagam a agricultura ecológica ou “agro-ecologia” como a chamam, tem a firme convicção que esta é a única maneira para se salvar de ser engolidos pelo deserto. Tentaram toda tecnologia química-mecânica e o deserto avançou mais rápido. E, o veículo do avanço do deserto são a erosão e o vento.

No Brasil, geralmente se considera “ecológico” qualquer ato de misericórdia para com a natureza, criando-se reservas naturais, protegendo-se a floresta Amazônica ou protegendo algum animal ou planta em extinção. É promovido pelos ambientalistas. É, de certo, uma atitude algo incômoda para os que se dedicam à agro-indústria ou como os Poloneses a chamam “a agricultura capitalista-consumista”.Estes dependem do aumento constante das “fronteiras agrícolas, ou seja, da área plantada uma vez que o aumento das safras se dá pela área e não pela maior produção por área. Portanto, o representante brasileiro na reunião da defesa do meio ambiente em Haia, voltou todo eufórico porque conseguiu que a fiscalização internacional do nosso meio ambiente não fosse aprovada, embora valha para os outros países do mundo.

Um dia me perguntaram: agricultura ecológica tem base científica? Comecei pesquisar o assunto a fundo. E o resultado foi algo surpreendente porque somente a agricultura ecológica possui base científica sólida. Apoia-se nas exigências fisiológicas da planta e entre nós suas exigências em clima tropical.

A agricultura convencional, embora química-motomecanizada fabulosamente, não possui base científica global, ou seja, como inteiro. Pesquisa somente fatores isolados como: fósforo dá ou não dá efeito em tal variedade, em determinado tipo de solo. Nitrogênio reage ou não reage em tal solo e tal variedade. O potássio aumenta ou não aumenta a colheita em determinado solo e espécie. A correção do pH beneficia ou não beneficia os cultivos em determinado tipo de solo. E ai praticamente termina.

E isso, francamente, não é propriamente uma base científica. São resultados isolados de pesquisa executados de maneira científica que somente informam se a planta produz mais com esta ou aquela técnica. Não informam, porém se a planta se torna menos suscetível, mais forte, mais resistente ou mais nutritiva. Isso já é assunto da genética. Consequentemente, com o maior uso de NPK tem de ser usados mais defensivos porque as plantas ficaram mais suscetíveis por causa de desequilíbrios nutricionais.

No mundo inteiro, atualmente se exige a “sustainable agriculture”, ou seja, a agricultura suportável, ou sustentável. Ela deve ser suportada pelo meio-ambiente sem devastação das matas, do clima e dos rios. Deve ser suportada pelos solos sem decadência e erosão, pela economia do agricultor e dos governos, nem levando o produtor à falência nem causando uma dívida interna do Estado. Tem de ser suportada socialmente e no Japão exigem que seja também suportável culturalmente. Chegou-se a surpreendente revelação de que em todos os países do mundo a agricultura convencional é subvencionada de alguma maneira seja pela compra dos excedentes pelo governo, por juros mais baixos, por adubos subvencionados, ou pela exportação subvencionada de maneira direta ou indiretamente como pela desvalorização do dólar. Quando nos EUA, se retirou parte do subsídio da agricultura, muitos dos produtores foram à falência.

Por outro lado, as pesquisas no setor da termodinâmica mostram que nenhum sistema agrícola é suportável quando gasta muito mais energia do que produz. A continuação da vida neste globo somente é garantido se o ciclo é fechado e gasto e ganhos são “zerados”, ou seja, em perfeito equilíbrio. E a preocupação cresce, por este sistema convencional não garantir a sobrevivência da espécie humana.

Agricultura ecológica significa otimizar TODOS os fatores naturais e para isso tem de ser mantido seu equilíbrio na medida do possível. E quando aparecem pragas e doenças sabe-se que a nutrição vegetal é desequilibrada e no momento em que surge a erosão podem ter certeza que o solo é impermeável e o abastecimento com água e ar das culturas é comprometido.

Se a água escorre e não se infiltra causa erosão, enchentes e em seguida seca. Os rios ficam com seus mananciais vazios, quase sem nascentes e afluentes e corre somente água quando chove, como no rio Paraíba, Tocantins, etc. E se há seca prolongada não adiantam os melhores sistemas de irrigação porque falta água e força elétrica. Constroem-se açudes, mas se a seca se delonga estes também ficam vazios.

Solos com erosão são também solos mais ou menos anaeróbios. Faltam os poros de ventilação. Oxigênio se precisa no solo para fornecer à planta nutrientes em formas aproveitáveis. Assim, por exemplo, o enxofre em solo anaeróbio se torna gás sulfídrico, altamente tóxico às plantas e embora elas necessitem de S para a formação de proteínas, não o podem aproveitar nesta forma. Gás carbônico, a base da fotossíntese, e que sai em sua maioria do solo, se transforma em metano, manganês tri-valente se reduz a bi-valente, tornando-se tóxico e o nitrogênio se reduz a sua forma elementar e se volatiza, saindo do solo. E assim por diante.

Também o metabolismo das plantas depende do oxigênio do solo e sua absorção pelas raízes. Somente o arroz é uma exceção podendo captá-lo pelas folhas e transportá-lo às raízes. Se faltar oxigênio o metabolismo diminui consideravelmente, quer dizer, a formação e decomposição de substâncias (anabolismo e catabolismo) é seriamente comprometida. Se o metabolismo se torna moroso as plantas se tornam mais suscetíveis a doenças e pragas.

Nos EUA existe um serviço de alerta. Fotografam as culturas com luz infravermelha. Se a cor for fraca, acusando metabolismo fraco, avisam o agricultor de se prevenir através de defensivos uma vez que a cultura não é resistente. 
Na Universidade Rural do Rio de Janeiro constataram que M.O. (material orgânica) controla eficientemente manganês tóxico. Por quê? M.O. não é adubo orgânico como muitos acreditam mas primordialmente “condicionador” do solo.

Quer dizer, restaura o sistema poroso superficial, permitindo a entrada de ar no solo. Aí o manganês se oxida tornando-se atóxico. Os nutrientes orgânicos que libera na decomposição são um brinde! Portanto, M.O. é indispensável para qualquer solo, tanto faz se usar adubo orgânico ou químico.

E como a restauração ou recuperação da estrutura porosa do solo ocorre através da micro e mesovida e suas substâncias excretadas, a M.O. promove o controle ecológico de pragas e doenças. Se existirem muitas espécies diferentes no solo, uma come a outra, formando a famosa “cadeia alimentícia”. Portanto, nenhuma espécie consegue se multiplicar demasiadamente para poder se tornar praga ou peste. Quanto menos espécies existirem, tanto maior a possibilidade de parasitismo. E não depende do “inimigo natural”, depende do equilíbrio do sistema!

Deve-se devolver o máximo de matéria orgânica, ao solo superficial. Portanto, não adianta também, devolver sempre a mesma M.O., como, por exemplo, na monocultura de soja, porque os microseres são muito especializados, possuindo somente 1 a 2 enzimas para sua digestão. Portanto, são programados para 1 ou 2 substâncias ou estruturas químicas muito específicas. Se estas não existirem não conseguem sobreviver. Assim, monocultura é a seleção de determinadas espécies de micróbios, fungos e insetos. E, portanto, nenhum parasita consegue atacar uma planta que não apresenta as substâncias que ele é capaz de decompor. Por isso, mesmo muita palha de uma monocultura não impede parasitas. Tem de haver rotação de culturas e quanto mais culturas diferentes entram numa rotação tanto mais sadia eles serão, se elas conseguem, igualmente, o suficiente em micronutrientes.

E aí o perigo da supercalagem e superadubação com NPK. Desequilibra os outros nutrientes, que devem existir em proporção determinada para que a planta seja saudável. Assim o antagonista de N é Cu; de P é Zn; de K é B; de Ca é Mn, etc. Os micronutrientes ativam enzimas que ajudam e apressam a formação de substâncias vegetais como proteínas, graxas, amidos, substâncias aromáticas, vitaminas, hormônios e auxinas, fenóis e corantes, etc. Sem os suficientes micronutrientes o produto parece-se com uma caixa de presente: bem acondicionada mais vazia. 
Variedades altamente exigentes em NPK como os HRV são destrutivos para o solo e exigentes em agrotóxicos. Portanto, sua produção é cara e arriscada.

Ecológico também é controlar a temperatura do solo. As plantas, com raríssimas exceções, não conseguem absorver água de solos com temperatura acima de 32°C. Entre nós, às 14 h o solo geralmente ostenta uma temperatura de 52 a 56°C e que pode ir até 76°C. Isso significa que a planta sofre diariamente um stress térmico. E por cada 1°C acima de 36°C, temperatura do solo, a planta armazena 4% de carboidratos na raiz. E com estes carboidratos ela florece e frutifica. Isso significa que uma temperatura de 56°C baixa o armazenamento de reservas em 80%.

Por isso se tenta cobrir o solo de maneira mais diversa, seja por espaçamento menor, por cultivos consorciados como milho com feijão-de-porco ou arroz com calopogônio, ou por cobertura morta, como se usa no Plantio Direto. Mas como nos trópicos nenhuma destas alternativas serve para soja, a maneira mais viável de se manter a temperatura do solo baixa, é criar uma superfície porosa do solo que forma isolante térmico, tanto pelos poros com ar quanto pelos poros que conservem água. Estes solos aquecem menos.

A Agricultura Ecológica, portanto, não é somente uma alternativa para quem quer produzir de maneira diferente, mas sim uma necessidade preeminente para todos os produtores. E esta produção se torna mais segura, mais barata e mais nutritiva. É simplesmente a tecnologia adequada para nosso clima tropical, que permite colheitas altas, mas conserva o solo.