O desenvolvimento dos microrganismos e a transformação das substâncias minerais no estrume

– O desenvolvimento dos microrganismos

O número de germes aumente, rapidamente, na urina, porém, logo depois da mistura com as fezes e a cama, baixa radicalmente porque mudam as condições de vida. Mas depois de 2 horas, ocorre um novo aumento dos microrganismos, provindo, especialmente, da atividade acelerada dos germes da urina. Com o decorrer do tempo, o número dos micróbios diminui sensivelmente, mas depois de 14 semanas, ainda podem ser encontrados vários milhões em um grama de estrume.

Os microrganismos mais comuns do estrume são bactérias, especialmente bacilos e alguns cocos (Streptococcus e Sarcinas) tais como:

Escherichia, Aerobacter, bactérias fluorescentes, Pseudomonas, proteus, Bac. Subtilis, Bac. Mesentericus, Bac. Cereus.

Estes bacilos esporogênicos provêm da terra e da forragem contaminada com terra. A reação levemente alcalina favorece, também, bactérias esporogênicas anaeróbias, como o Clostridium lentoputrencens.

Existe, também, no estrume, grande número de fungos termofilos, diversos protozoários como ciliados e flagelados e também nematoides, rotatórios, oligoquetas, etc.

A fermentação e maturação do estrume são conduzidas por agentes microbianos, que induzem todas as reações químicas. Especialmente as oxidações, conduzem a considerável diminuição da quantidade de matéria orgânica.

A maioria dos microrganismos são anaeróbios, mas também existem alguns aeróbios, As transformações mais profundas ocorrem com a ureia contida nos excrementos sólidos e líquidos, podendo-se perder grande parte do nitrogênio em condições inadequadas.

Quando se mistura com o esterco, com gesso ou superfosfato, na base de 50kg/t, as perdas de N são menores, podendo-se reduzi-las a uns poucos por cento, misturando o esterco com terra no início da fermentação.

Nas estrumeiras, estes microrganismos são ativos e fermentam excrementos animais, transformando-se em estrume. Este processo chama-se fermentação de estrume ou simplesmente: “estrumação”. É muito semelhante aos processos de decomposição de material orgânico do solo. O estrume bem curtido deve ser de cor marrom claro, de consistência fofa e friável mas nunca rígida ou embolorada.

Normalmente ocorre uma fermentação fria. O estrume “nobre”, porém,  é o produto de uma fermentação quente, onde a vida microbiana é, em grande parte, esterilizada pelas temperaturas elevadas (até 600C). É, portanto, um produto de processos químicos, físicos e enzimáticos, depois da elevação da temperatura, graças à atividade microbiana.

O estrume possui qualidade que nenhum outro adubo tem. Ele dá ao solo base para a adubação comercial e o seu valor não está somente no N, P e K que adiciona ao solo, mas no fato de ser o melhor alimento microbiano. Queremos lembrar, mais uma vez, que, quando se fala em estrume, refere-se a um produto de fezes, urina e palha, convenientemente curtido, e não simplesmente de excrementos sólidos do gado, colhidos no campo.

– A transformação no estrume     

As substâncias minerais provêm especialmente da cama animal, existindo muito mais minerais na palha de aveia ou de arroz do que na serragem.

Durante a “maturação” do estrume, as substâncias minerais são transformadas em formas hidrossolúveis, parcialmente fixadas por assimilação pelos microrganismos. As perdas de P são no máximo de 10%, e de K 20%, sendo provocadas exclusivamente por lixiviação. Também é possível que durante os processos de putrefação se volatilize H2S, quer dizer, haja perda de enxofre.

O estrume que contém pouca palha é, geralmente, aquele que se colhe nos pastos. Já bastante lavado pelas chuvas, o seu principal valor é ser uma matéria orgânica de difícil decomposição. Via de regra, é paupérrimo, contendo menos nitrogênio do que o necessitado pelos microrganismos para sua decomposição total. Provoca, portanto, nas culturas, facilmente, uma acentuada fome de nitrogênio.

O estrume bem tratado é um adubo completo. Geralmente, porém, não é bem tratado, sendo somente uma fonte de carbono para os microrganismos. Os efeitos pouco benéficos e até prejudiciais que aparecem, às vezes, logo depois de uma adubação orgânica, resultam desse fato. O valor desse adubo é somete igual ao valor da palha ou do bagaço que incorporamos, havendo necessidade de ajuntarmos sempre salitre para contrabalançar a fome das bactérias.

É, portanto, da maior importância o tratamento adequado do esterco, porque um estrume mal tratado não é somente pobre em substâncias minerais, mas também rico em sementes de ervas daninhas, que infestam a s terras com ele adubadas.

Resumindo, pode-se constatar os efeitos do estrume:

  1. Aumenta a infiltração de água e a capacidade de campo.
  2. Promove uma estrutura floculada (grumosa) do solo, estável às erosões, pluvial e eólica.
  3. Mobiliza os fosfatos por meio da micro vida incentivada.
  4. Equilibra a micro vida e estimula especialmente a flora zimogênica.
  5. Aumenta a produção de CO2, essencial para a fotossíntese.
  6. Enriquece o solo em potássio, fósforo e nitrogênio, além de muitos elementos menores e aumenta a capacidade de troca catiônica.
  7. Regula o pH do solo – tanto o ácido como o alcalino – de maneira eficaz, tendendo para 6,8.
  8. Garante a normal e contínua nutrição vegetal.
  9. Aumenta de maneira mais duradoura o rendimento agrícola.