Como se pode verificar, podemos distinguir com toda clareza dois tipos de deficiências:
- aquelas em que os minerais são transportados das partes mais velhas da planta para os pontos de crescimento, isto é, para as partes em desenvolvimento;
- aquelas em que os minerais permanecem imóveis nas partes maduras, isto é, mais velhas da planta, faltando nas partes novas ainda em crescimento.
A razão desta diferença é bem simples: há elementos de fácil movimentação dentro da planta os quais, em caso de deficiência, são tirados das partes desenvolvidas e maduras e transportados para as partes em crescimento como acontece com o nitrogênio, potássio, fósforo, magnésio, zinco e molibdênio.
Assim, podemos observar a deficiência nestes minerais primeiramente nos tecidos maduros de onde foram deslocados. Outros elementos, de difícil movimentação dentro da planta, ficam em seus lugares nos tecidos maduros, mesmo quando o tecido em desenvolvimento esteja sofrendo sua falta como acontece com o cálcio, boro, ferro, manganês, cobre e enxofre. Por isso, anotamos as primeiras manifestações de carências nas partes mais novas, ainda em crescimento, especialmente nos pontos apicais dos vegetais.
Para reconhecer uma deficiência, isto é, para saber em que “casa” procurá-la no quadro esquemático, temos de indagar o seguinte:
- folhas de baixo ou de cima?
- Clorose ou não?
- Clorose irregular ou regular?
- Manchas necróticas ou não?
- Nervuras necróticas ou verdes?
- Clorose começando nas pontas e margens?
- Clorose começando na base?
- Clorose mais pronunciada no meio limbo?
- Deformação das folhas?
- Encrespamento das folhas?
- Desfolhação forte ou não?
- Irregularidades nas frutas? Etc.
Segundo essas informações pode-se enquadrar facilmente a deficiência no esquema anterior e, sabendo-se mais ou menos do que se trata, procurar a confirmação na descrição particularizada que se encontra no livro, comparando a folha da planta que sofre a deficiência em estudo com a figura que ali se encontra.
Como as deficiências geralmente têm manifestações bem diferentes não é difícil apurar da qual se trata. Não é preciso saber de cor as manifestações de cada folha em particular. Os desenhos ajudam na aquisição do costume de entender a “língua” das plantas.
Assim, em pouco tempo, cada um saberá, à simples vista de uma planta deficiente, seja de pequeno porte, seja de uma árvore, o que lhe está faltando. E o conhecimento da carência equivale ao início da cura, porque ninguém deixará perecer, por exemplo, as suas batatinhas ou o seu pomar e etc. Sabendo qual a causa que lhes provoca a morte sem agir contra essa causa.
O efeito deste “dicionário da língua foliar” deve ser o de permitir que, ao termos conhecimento do que falta a uma cultura, nos seja possível tomar medidas que debelem o mal.
Com isso, a agricultura se tornará mais próspera, mais econômica e mais bela para todos.