Alimentos e saúde – entrando em colapso

Antigamente cada região comia os alimentos que produzia. No Brasil, o Sul produzia trigo e gado e comia-se pão e carne. No Centro-Sul, como por exemplo em São Paulo, produzia-se especialmente milho, arroz e feijão e a base da comida era fubá, arroz e feijão. No Nordeste a base era inhame que se comia em lugar de pão e no Norte era “farinha de água”, ou seja, farinha de mandioca grossa com suco de açaí.

Mas hoje, com os supermercados, instalou-se a nivelação mundial da alimentação. Todos tem de comer a mesma coisa. E se, pelo transporte o alimento ficou muito caro, as pessoas não os podem comprar mais e passam fome. Embora no mundo ainda exista mais de 1200 plantas alimentícias, nos supermercados eles não aparecem, somente mascarados em produtos industrializados. Não são mais naturais, nem carregam mais os mesmos nutrientes.

Não se cuida da qualidade mas da quantidade. E à medida que os solos estão sendo explorados e destruídos por uma adubação que fornece 3 elementos (NPK) dos 45 que a planta precisa, as plantas são cada vez mais atacadas por pragas e doenças.

O uso de agrotóxicos aumenta assustadoramente. Na alface pulveriza-se  todo dia veneno; nas uvas até 2 vezes por dia ( 120 vezes para cada colheita); na maçã e goiaba chega-se a 72 pulverizações, no feijão a 15 e até no milho já se usam 5 passagens de veneno. Assim a agricultura fica muito cara e não dá mais lucro. Além disso, milhares de pessoas morrem ou ficam inválidas para o resto da vida graças ao uso e agrotóxicos.

Nos estados Unidos e na Europa se subvenciona a agricultura porque quem tem o lucro é a indústria que produz os adubos e agrotóxicos. E esta paga impostos que o governo, em parte, devolve à agricultura. Mas no Brasil este rodízio não existe, simplesmente porque o lucro é de indústrias estrangeiras e não pode voltar para a agricultura brasileira.

Nos países ao redor do Mas Mediterrâneo, onde já faz 40 anos que os defensivos clorados são proibidos, proibiu-se a partir do ano 2000 o uso de defensivos fosforados, tanto em lavouras (por exemplo o Malathion) como em gado (por exemplo o Neguvon). Por quê? Os clorados provocam câncer e os fosforados dissolvem as proteções dos nervos e as pessoas são cada vez mais “atacadas dos nervos”. Na Inglaterra, dizem que a vaca louca tem a ver com os fosforados e nos EUA os ovinos loucos, provavelmente, também.

No esforço de se produzir cada vez mais, destruiu-se o solo. Em solos decaídos, as plantas são doentes. Todos sabem que em terra recém desbravada, onde se derrubou a capoeira, as culturas são sadias e rendem muito. Mas com a aração, o adubo químico e a especialização em uma única cultura as plantas tornam-se doentes. E elas estão doentes antes que as pragas ou fungos ataquem. Elas são doentes quando lhes falta algum nutriente dos 45, no mínimo, que necessitam. Aí elas não podem mais formar suas substâncias. Produtos semi acabados circulam na seiva e exalam um cheiro todo específico que atrai os parasitas. Mas ao mesmo tempo este cheiro também atrai inimigos naturais dos parasitas. Quando, por exemplo, uma pessoa tem medo, produz adrenalina, que os animais cheiram e detestam. Por isso os cachorros ou touros ficam bravos e atacam. Cada substância tem seu cheiro, somente nós não reparamos.

Na Índia dizem: “quando pragas atacam suas lavouras, elas vêm somente como mensageiros do céu, para avisar-lhe que seu solo está doente”. E na Austrália, quando aparece uma praga perguntam primeiro: “o que fiz errado com meu solo?” Em solo sadio somente há culturas sadias. Por isso, quando se limpa as plantas dos parasitas tanto faz se com agrotóxicos, caldas ou inimigos naturais, a planta não sara. Ela continua doente mesmo com o parasita controlado.

O mesmo vale para as plantas transgênicas em que um gene do Bacillus thuringiniensis foi implantado (variedades Bt). Agora as plantas produzem uma proteína tóxica que mata larvas e insetos que querem comer as folhas. Mas isso não impede que a planta continue doente. Por exemplo, o milho foi atacado pelo lagarto do cartucho porque falta boro na sua alimentação. Na variedade Bt com sua proteína tóxica, o lagarto não tem mais possibilidade de comer o broto do milho. Mas o milho continua deficiente em boro, ele continua doente. E a pessoa que o come recebe um alimento deficiente e ainda com uma substância tóxica.

Talvez para o produtor seja uma vantagem mas para o consumidor não é vantagem nenhuma. O mesmo ocorre com a soja transgênica (RR). Pode-se matar, por exemplo, o amendoim bravo que infesta o campo. A qualquer época se pode aplicar o Roundup. A lavoura está limpinha. Mas o amendoim bravo indica  deficiência de molibdênio. Agora se mata o mensageiro, como se matavam antigamente os embaixadores que traziam notícias indesejadas. Mas a situação não melhorou. Assim, o solo permanece deficiente em molibdênio e a deficiência se agrava mais com cada colheita embora o mensageiro tenha sido morto.

Constataram que alimentos produzidos com excesso de nitrogênio, não somente são atacados pelos mais diversos fungos mas também trazem consigo a deficiência de cobre que existe em equilíbrio com o nitrogênio. Para cada 1250 partes de nitrogênio, precisa-se de 1 de cobre. Se esta parte não existe na alimentação da mãe, em ovinos a lã fica grossa e lisa e os cordeiros têm um cérebro subdesenvolvido, de modo que nascem paralíticos. E em mães humanas, quando faltar esta uma parte de cobre para os 1250 de nitrogênio, o centro motor do cérebro do bebê não se desenvolve e a criança nasce paraplégica. Ou, se a lavoura recebeu uma calagem elevada e agora faltar o manganês para as plantas, frangos, cachorros e bebês nascem aleijados com seus ossos deformados.

Por isso, não se pode simplesmente adubar com algo que alguém recomendou. Nada na natureza existe de maneira isolada. Ela não é uma prateleira com peças sobressalentes que se podem modificar a gosto, mas é um enredamento intenso. Tudo depende dos outros, nada é isolado. E a planta vive tanto acima da terra como abaixo e tudo depende dos micróbios e insetos. Um agricultor prudente cuida tanto de seu gado acima como abaixo da terra. Se este não recebe o alimento suficiente, ou seja, matéria orgânica, ele morre, o solo decai, perde seus poros, fica duro, a água escorre e causa erosão, as culturas são cada vez mais atacadas por doenças e pragas… tudo vai mal. E o pior é que as pessoas que comem agora estas colheitas, comem plantas doentes e também se tornam doentes. Um planta deficiente somente pode gerar um homem deficiente e deficiência sempre significa doença. Por isso se precisa a cada ano de mais leitos hospitalares. Doenças nunca antes vistas aparecem, especialmente vírus, como também nas plantas as pragas e doenças aumentam ano por ano. Bactérias, fungos, vírus e insetos que antes eram pacíficos e até benéficos agora se tornam parasitas. Por quê? Porque as plantas são doentes nos solos doentes. E o solo é doente quando perde sua vida, sua porosidade, seu equilíbrio em nutrientes.

Em solos sadios, muitos problemas desaparecem. As culturas são sadias, os alimentos de alto valor nutritivo e as pessoas com saúde e inteligência. As colheitas não baixam, ao contrário, aumentam, quando as plantas conseguem desenvolver suas raízes abundantemente. Pergunte ao solo ou à raiz para saber se seu trabalho é correto ou errado.