Toda doença vegetal possui uma prévia deficiência mineral

Em muitos casos a deficiência aguda de um nutriente não aparece na primeira geração, mas sim na segunda. Isso demonstra claramente a importância da criação de sementes em solos bons e sadios com adequado teor de nutrientes, porque sementes pobres dão origem a plantas deficientes, que são – mesmo em solos bons – suscetíveis a doenças durante o seu estado juvenil.

No trigo, o N,P e K (nitrogênio, sódio, potássio, respectivamente) aumentam o crescimento vegetativo, enquanto Cu, Zn, Mn, Mg, B (cobre, zinco, manganês, magnésio, boro, respectivamente) reduzem o ciclo vegetativo e aumentam o rendimento e o peso hectolítrico (densidade do grão). Quanto menor o ciclo vegetativo, tanto menor é, também, a possibilidade do ataque por doenças.

Por exemplo, a frequência da brusone (causada pelo fungo Magnaphorthe oryzae) no arroz aumenta com mais nitrogênio e diminui com mais potássio no solo, o que vem provar a nítida dependência também nesta doença terrível do arroz, com um desequilíbrio alimentar.

Sabemos, especialmente no arroz, geralmente cultivado em solos gley, que o pH dessas terras inundadas é mais alto, a saturação em base é maior, o teor de C, N e Mn, (carbono, nitrogênio e manganês) é alto, enquanto estes em K, P, Mg, Ca, Cu e Al (potássio, fósforo, magnésio, cálcio, cobre e alumínio) é menor do que em solos não inundados, o que significa um fácil desequilíbrio alimentar e maior suscetibilidade à doenças.

Também na batatinha, adubações unilaterais de N ou K (nitrogênio ou potássio) em forma de cloreto de potássio, provocam um aumento perigoso de vírus Y. Como se vê, há sempre um primeiro desequilíbrio mineral, o que equivale a uma deficiência, porque se há nitrogênio demais, o cobre existente não é suficiente, e se há muito cloro, o fósforo se acha impedido, enquanto o excesso de potássio provoca a deficiência de cálcio.

Por outro lado, uma adubação com material orgânico que anima a micro vida, contribui decisivamente para diminuir a incidência do vírus Y na batatinha (de 19% a 4%). O vírus Y ataca somente plantas deficientes em cálcio, podendo-se evitar o ataque do vírus Y com uma conveniente calagem. Mesmo variedades de parreiras, resistentes a cochonilha, são gravemente atacadas quando faltar potássio e cálcio na sua dieta. Com uma adequada calagem e adubação potássica, pode-se controlar, perfeitamente, o ataque desses insetos.

Se o natural equilíbrio no solo não for perturbado, nunca haverá prejudicial proliferação de fungos danosos. A forma parasitária dum fungo é nada mais do que a adaptação desta raça às novas e adversas condições de vida. Graças ao ciclo vegetativo curtíssimo, esta adaptação ocorre logo, em prejuízo das nossas culturas.

Resumindo-se, pode-se constatar:

Os patógenos ocasionais, que vivem sempre no solo, como os fusários, rizoctonias, pseudomonas, etc., só atacam as culturas se o equilíbrio ecológico dos microrganismos do solo for modificado em seu favor, e se faltar, ainda, certo e determinado nutriente na alimentação vegetal.

Os patógenos obrigatórios, como por exemplo, Puccinia graminis tritici, Erysiphaceae, só atacam o seu hospedeiro quando este sofre de uma deficiência alimentar, isto é, de uma determinada carência mineral, sendo limitados a ataques estritamente à mesma deficiência.

A ação de patógenos é, pois, a expressão flagrante de um desequilíbrio ecológico e alimentar, podendo ser a sua atuação evitada através de métodos agrícolas adequados.