Rotação de cultura, culturas consorciadas

A rotação de culturas é fácil em propriedades menores. Em propriedades muito grandes, com monoculturas, o único jeito que nós encontramos, por enquanto, é cultura consorciada, a planta companheira que nós plantamos e que, no mínimo, quebra o efeito da monocultura.

Agora, rotação de cultura é importante porque ela cria a cada ano, para outras plantas, para micróbios e fungos, a possibilidade de vida e com isso se faz um controle biológico natural.  Eu não preciso saber o nome de quem faz o controle, eu preciso só saber que cada ano eu tenho quem faz o controle.

Rotação de cultura não é simplesmente trocar uma cultura por outra. Nós plantamos primeiro a cultura  mais exigente, que precisa de melhor terra e que precisa maior duração. Depois nós plantamos uma cultura que aproveita ainda a terra tanto química como fisicamente, e no terceiro que nós plantamos, uma cultura que melhora o solo. Geralmente vai ser leguminosa, uma forrageira.

Mas as culturas também têm inimizades e amizades, então nós não podemos trocar culturas simplesmente. No Rio Grande havia a rotação de cultura de trigo com trigo mourisco, mas o trigo mourisco e o trigo não se dão de maneira alguma, então a cultura do trigo sofreu muito e cada ano deu menos até que plantaram trigo e soja. Mas trigo e soja tinham outros inconvenientes.

Nós vemos que uma planta pode não gostar de outra. Por exemplo: cebola com feijão, não dá. Então não dá pra fazer um rodízio de cebola e feijão preto. Ou a aveia com a soja, que também não se dão. É possível fazer, é melhor que nada, mas beneficiar, não beneficia muito a cultura… Nós queremos um beneficiamento. A gente tem que descobrir primeiro, pela zona, pela região que pode produzir, quais são as culturas que são favoráveis de se por em rotação. Girassol com batatas: os dois se baixam mutuamente o rendimento. Então não pode ser feita uma rotação dessas, embora estejam programando muito plantar girassol porque é uma cultura muito rentosa.

Bom, eu não sou muito por girassol, porque o girassol e algodão são plantas dessalinizantes. É muito bom lá na zona de salinização e irrigação do Nordeste, mas onde a terra já é muito ácida, não são muito próprias. Girassol é uma planta que consegue baixar o nível freático um metro por ano. Onde o nível freático  está a 40 cm, é ótimo. Mas onde o nível freático está muito baixo, ele vai exaurir o solo de tal maneira que não é conveniente plantar girassol.

Todas essas considerações têm que ser pensadas quando se inicia uma rotação de culturas. E não é simplesmente a parte de pragas. Precisa muita observação do agricultor e do Engenheiro Agrônomo. Eu acredito que aqui está o grande futuro do Engenheiro Agrônomo, que dispõe de maiores conhecimentos do que o agricultor e que é capaz de dar depois o conselho acertado para se fazer uma cultura mais lucrativa, muito mais rentosa.