O plantio direto não é só a omissão do arado.
Nós temos que saber primeiro que plantio direto não é para melhorar a terra mas para conservar o que há de bom nela. Se a terra já está estragada, adensada e erodida, o plantio direto não salva nada porque é uma medida de conservação. Então, a primeira exigência do plantio direto é que a terra tem que estar em boas condições de produtividade.
A segunda, que eu não posso fazer o plantio direto sem o retorno da matéria orgânica. Agora as firmas de herbicidas advertem o pessoal de que o herbicida faz menos efeito se a terra possui matéria orgânica. Então a aplicação de herbicidas se torna praticamente o mesmo método do fogo: a matéria orgânica não volta mais. Nesse sentido, nós temos as experiências dos nossos antepassados que usaram o fogo em grande quantidade, indiscriminadamente, e que com isso estragaram as terras brasileiras. Isto quer dizer que se o Nordeste está hoje nessa situação de seca e salinização, é porque o uso do fogo foi demasiado.
Herbicida tem o mesmo efeito. O problema é justamente encontrar um pacote inteiro, e não só uma outra medida; nós temos de devolver a matéria orgânica e fazer cobertura viva da terra. Isto não é dispensado, se nós lavrarmos, não se pode dispensar as outras medidas de proteção ao solo. Temos de ter a cobertura morta.
Em pequena escala, na horticultura, se pode ter espaçamento menor, culturas consorciadas, e todas estas medidas que por si só já diminuem em grande quantidade a invasora. Também não dispensa o afrouxamento do solo, porque se a camada grumosa se torna muito pequena, vamos dizer de uns 6 ou 8 cm, uma chuva mais forte leva toda essa camada porque a água escorre no subsolo adensado. De modo que nós temos que verificar e controlar as condições do solo para poder aplicar plantio direto de maneira correta e vantajosa.
Eu posso lhes contar a história de um grande plantador de soja do Rio Grande do Sul que durante dois anos usou herbicidas mas usou, igualmente, cobertura morta, retorno de matéria orgânica e a rotação de culturas. Com isso, o homem, depois de dois anos com plantio direto, quer dizer, sem mexer na terra, conseguiu também acabar com os inços, porque eles só nascem na superfície do solo, lá nas camadas mais baixas não nascem, para desespero das firmas de herbicidas. No fim eles disseram para o homem: você vai colher muito mais se você passar o arado aqui nesta terra. Ele passou o arado e as sementes todas que estavam no subsolo agora tinham condições de nascer.