No livro “Ana Maria Primavesi, histórias de vida e agroecologia”, descobrimos que o professor J. Görbing foi de fundamental importância na formação de Ana Primavesi.
Foi esse professor que criou o “Diagnóstico com a pá”. Ana escreve:
“Sabemos que todo serviço mecânico de conservação do solo tem sido até hoje apenas o efeito em retardar a erosão e a decadência das terras, mas nunca o de impedi-la. Apresenta de vez em quando êxito a comum maneira de recuperação, mas todos os efeitos são incertos. Falta a orientação. Num solo a adubação verde dá certo, em outro, não; num solo a leguminosa cresce bem, em outro, não.
Todo o trabalho de recuperação não passa até agora de experiências feitas no escuro. Às vezes obtemos êxito, outras vezes fracassamos. Por quê?
Porque nunca se examinava o que se passa embaixo da terra, quando é justamente aí que se desenrola a vida vegetal, a vida microbiana, a construção da estrutura do solo, porque não se sabia nada das regras da vida do solo, das regras da fofice, das regras de composição dos elementos, do comportamento vital da raiz, etc.
Agora, porém, não haverá mais decadência do solo, mas sim a sua recuperação, pois para consegui-la basta o uso do diagnóstico com a pá na mão e a rigorosa observância das seguintes três regras fundamentais, relativas ao solo:
1- Nunca se deve arar até profundidade de dois centímetros abaixo da camada fofa e, quando esta for muito rasa, arar no máximo até 8 cm de profundidade.
2- Subsolar sempre a terra subjacente o mais profundamente possível, que é geralmente 2 cm a menos de que a profundidade da aração. Por exemplo, 8 cm arar e 6 cm subsolar.
3- Plantar sempre, LOGO depois da subsolação, uma leguminosa recuperadora do solo, quer como adubação verde, quer intercalada, quer de mistura com a cultura principal.”
No detalhe, a famosa “pá de Görbing”.