Adubação em Cochos sob as árvores e Adubação Foliar

Um dos problemas do uso de adubo químico é a sua agressividade. O nitrogênio, sob forma amoniacal, como no sulfato de amônia, é biocida forte e contribui também para a lixiviação de cálcio e potássio e acidifica o solo. Em cultivos perenes, esse problema foi solucionado pela adubação em “cochos”. Consiste em fazer de dois a três furos de 30 cm de profundidade na área de projeção da copa das árvores. Neles coloca-se todo o adubo que se pretende usar.

A vantagem dessa prática é que os desequilíbrios nutricionais se manifestam com menos frequência, pois não se interfere sobre todo o solo, mas apenas sobre pequena parte dele. Se necessitar de adubo, a raiz envolve esses furos com intensa rede de radículas, retira os nutrientes e ainda tem à sua disposição o resto do solo, com sua vida intacta e micronutrientes disponíveis.

Outro recurso de que se costuma lançar mão é o da adubação foliar. Ela serve em parte para fornecer micronutrientes de difícil mobilização no solo; em parte para nutrir rapidamente a planta e, finalmente, para estimular a absorção da raiz. O adubo foliar pode quebrar a inércia da raiz assim como se quebra a inércia de um motor a álcool pela partida com gasolina. Além disso, ele funciona como um pronto-socorro para a raiz. Isso acontece quando existe micro vida prejudicial na rizosfera, que é atraída pelas excreções radiculares, originadas, muitas vezes, por alterações metabólicas. Nesse caso, a adubação foliar é capaz  de transformar as excreções radiculares eliminando, dessa forma, o “pasto” ideal para os fungos e bactérias parasitários e nocivos.

Contudo, sua aplicação tem de ser bem estudada. Houve o caso de uma plantação de 50 alqueires de feijão em que as folhas amareleceram durante um veranico  – e a conclusão de que isso se devia à deficiência de nitrogênio parecia correta. Aplicou-se, então, nitrogênio foliar. Dois dias mais tarde a cultura toda estava morta. Na verdade, o que havia era dificuldade de síntese de proteínas, devido à falta de ar no solo. As plantas já tinham absorvido nitrogênio mas não conseguiram metabolizá-lo. A adubação foliar com mais nitrogênio tornou-o tóxico, matando as plantas por overdose.

Fica claro, portanto, que a opção por essa técnica não pode ser decidida apenas em função dos sintomas externos apresentados pela planta. O ideal é “radiografar” a raiz para conhecer suas reais dificuldades.