Observando o conjunto

“A primeira coisa que devemos olhar, num campo, é sempre onde e como cresce a raiz. Eu conheço um agricultor que produz fantasticamente verduras e é tudo gigante, saboroso. Mas ele já descobriu o segredo da raiz. Ele coloca, por exemplo, a bandeja com as mudas em cima de outra bandeja com o mesmo substrato e deixa crescer. A muda cresce com toda força porque a raiz, embaixo, se nutre mais e quando ele vai plantar, passa por cima de um arame esticado bem fino e corta todas essas raízes que saíram de fora da bandeja de cima. Com isso, a planta tem uma raiz muito forte e quando planta, não tem perigo de virar.

Ninguém acredita que é possível na agricultura produzir verduras daquele tamanho, mas é justamente porque ele controla a raiz, poro e matéria orgânica da superfície.

Tentem fazer uma agricultura o mais natural possível e não simplesmente pegar uma terra morta e colocar um composto errado. Assim, nunca vão colher nada. Temos que colocar a matéria orgânica na superfície para que haja um bom sistema radicular e também ter biodiversidade. Com isso veremos que a agricultura natural produz no mínimo igual ou até mais do que a agricultura convencional.

Fora isso, a agricultura comum é insustentável pois ela tende a ir matando a vida do solo até que ele chega a não ter mais condições de produzir, e então começam a jogar químicos que produzem um alimento pobre, totalmente deficiente de nutrientes.

Na agroecologia, podem plantar cem anos e sempre vão conseguir sucesso. Aí está a sustentabilidade. Não temos que mudar para a agroecologia simplesmente. Temos que mudar porque é a única agricultura sustentável. Não é simplesmente trocar um adubo químico por um composto. O caso é nutrir a biodiversidade do solo para ele mobilizar os nutrientes e manter a água que penetra.

Vamos deixar de ver os fatores isolados e ver o conjunto. Cada fator de um sistema depende do outro.”