Primeiro o gado procura as plantas que mais gosta e as come. Quando termina, a outra vegetação já se tornou mais fibrosa e as vacas não gostam mais, então comem a rebrota e a segunda rebrota das plantas que já comeram pela primeira vez até que exterminam essas plantas.
As plantas fibrosas ele evita e estas florescem e se multiplicam livremente. O
pasto “suja”… Agora vem o pecuarista e queima o pasto para
limpá-lo. Morrem todas as plantas que se propagam por estolões e todas que não
conseguem proteger o suficiente seu ponto vegetativo. O que sobra e se
multiplica são capins fibrosos como barba-de-bode, cabelo de porco e
semelhantes que se recuperam rapidamente depois do fogo e que já sementaram
quando vem o próximo fogo. “Pasto nativo não presta”, dizem.
Mas pasto nativo é o melhor que podem oferecer ao gado, somente não podem
deixar o gado selecionar e destruir as plantas boas, nem o dono pode fazer a
limpeza pelo fogo.
O pasto não é orgânico quando se evita usar adubos químicos ou defensivos para
matar os inços. O pasto é orgânico quando:
– é nativo;
– possui uma vegetação a mais variada possível, incluindo 20% de leguminosas;
– quando oferece
sombra para o gado para descansar e ruminar
– quando existe um bebedor com água limpa num raio não maior do que 300 a 400
metros;
– quando o pasto
é manejado em rodízio;
– e quando não se usam agroquímicos em
pasto e gado.
Existe a opinião de que pasto plantado, por ter nos primeiros anos uma vegetação maior e mais luxuriante, é superior ao pasto nativo. Mas como possui somente uma forrageira e esta tem sua composição mineral, muitos minerais faltam ou existem em quantidade menor do que precisaria.
Também não existem plantas que estimulam o apetite do gado nem plantas com minerais mais raros que as vacas, de vez em quando, procuram para se abastecer.
E como pastos plantados, muitas vezes, seguem em rotação com agricultura porque
lá o capim aproveita os adubos e a calagem dada para o campo agrícola, não é
raro que exista uma deficiência grave de algum micronutriente como após uma
adubação pesada com fósforo (pois falta o zinco, que por sua vez induz
problemas com o magnésio) ou de potássio (pois falta boro) ou de uma calagem
elevada (falta manganês, que baixa a fertilidade nos animais).
Seja ciente: em pasto plantado pode existir mais forragem, mas menos variação e mais problemas de saúde no gado. Mas após uns anos de lavoura, o solo pode ser bem adubado mas geralmente é muito compactado e especialmente o fósforo desaparece nestes solos, de modo que o gado sofre sua carência que induz ao seu apetite depravado.
Muitas vezes, especialmente em capins maiores como o colonião, sobre muito pasto na época de chuvas e o pecuarista deixa o capim no campo pensando que tem “feno em pé”. Mas feno em pé não existe porque na medida que a planta madurece, VOLTAM OS NUTRIENTES PARA O SOLO e as proteínas se decompõem. O que resta no campo é somente palha pura e sem qualquer valor nutritivo.
Já em pasto
nativo bem tratado necessitam-se poucos suplementos. Se a forragem nativa é
pouco diversificada, é interessante implantar guandu que, porém, tem de crescer
primeiro para o gado não acabar com ele.
No Brasil, o gado bovino necessita de sais minerais – proibidos pela IFOAM
(Federação de Agricultura Orgânica Mundial) em todos outros países menos no
Brasil – uma vez que o maior animal que vivia aqui era a anta. Também o simples
sal é importante especialmente nas regiões mais secas e na Amazônia onde as
vacas podem morrer após dar cria por falta de cloro.