O Controle de invasoras

Em clima tropical, o combate das invasoras – que de fato são plantas indicadoras, e ao mesmo tempo sanadoras, como se pode ver em terras abandonadas – é bastante problemático. Muitos agricultores que praticam o método natural ou orgânico tentam livrar-se delas por várias gradagens, o que não beneficia o solo.

É importante dizer que nem todas as invasoras prejudicam os cultivos. Sendo assim, o picão-preto (Bidens piloso) não prejudica o milho nem sua colheita,e a beldroega (Portulaca oleracea) não prejudica a soja. Quando o milho passa de 42 dias, o capim não prejudica mais seu desenvolvimento. Pode até ser benéfico em períodos de seca, época em que o capim protege o solo (não vale para solos com menos de 12% de argila).

As invasoras podem ser controladas:

1- Por uma adubação verde tratada com EM, para que todas as sementes de invasoras nasçam e depois sejam revolvidas por uma grade. Para os cultivos no cedo não funciona, porque por exemplo, o capim-marmelada nasce somente em novembro.

2- Pelo fornecimento de nutrientes cuja deficiência é indicada pelas próprias invasoras. Por ex: o amendoim bravo (Euphorbia heterophila) indica a deficiência de molibdênio, o carrapixo-de-carneiro (Acanthospemum hispidum) a deficiência de cálcio, o nabisco (Raphanus raphanistrum), a deficiência de boro e manganês e o capim-colchão (Digitaria sanguinalis), a deficiência de potássio.

3- Pelo uso de plantas alelopáticas, ou seja, hostis às invasoras. Por exemplo: aveia preta (Avena sp), que retarda por 3 meses a germinação de capim-marmelada (Brachiaria plantaginea), o qual, todavia, não suporta quando é coberto com sua própria palha. O sorgo é auto-intolerante. Trabalhando o campo à noite, sem luz, muitas sementes de invasoras não nascem.

4- Pela alteração nas condições do solo que as beneficiaram. Por exemplo: capim rabo-de-burro (Andropogon sp) indica uma camada impermeável em 80 a 100 cm de profundidade; o guandu (Cajanus cajan) pode romper esta laje. O capim-carrapixo (Cenchrus echinatus) indica um solo extremamente compactado com matéria orgânica que desaparece quase totalmente. O guanxuma (Sida rhombifolia) indica uma laje sub-superficial muito pronunciada e é controlado com a aplicação de matéria orgânica, evitando arações, etc.

5- Pelo plantio direto e uma cobertura permanente de palha, de mais ou menos 5 a 7 cm de espessura sobre o solo. Na horticultura, pode-se usar uma cobertura do solo com bagaço da cana (60%) com esterco de gado (40%), sem precisar ser compostado. O problema do plantio direto na região tropical, por enquanto, ainda são os herbicidase agora em especial, os cultivos transgênicos adaptados ao Round Up. Na região subtropical, existem cultivos de inverno como azevém, aveia, ervilhaca, etc., que secam sozinhos na primavera e não necessitam ser “dessecados”.

6- Por lonas preta, galhos picados, etc.

7- Pela implantação de uma cultura na outra, como por exemplo, no Sul, de azevém no milho ou tremoço (Lupinus) em parreirais.

O solo também deve ser protegido do vento. Para isso, não são necessários renques de árvores. A proteção pode ser feita simplesmente por um cultivo maior: de vez em quando, uma linha dupla de milho no feijão ou uma linha de cana de açúcar no algodão. O vento leva não somente a umidade, inclusive 40% da água aspergida pela irrigação do pivô-central, mas também o gás carbônico, o que diminui o rendimento consideravelmente.

Em pastagens recém instaladas pode-se usar o enleiramento de vegetação nativa em renques contra o vento, que permitem o aparecimento de árvores e arbustos em 1 a 2 anos.

Em todas as passagens de máquinas pelo campo, deve-se cuidar para que isso não ocorra em solo muito úmido e que a passagem de máquinas seja mínima. O agricultor sempre tem que pensar em seu solo, em como beneficiá-lo e em como desgastá-lo o mínimo possível.

Se pensarem no solo ao invés de pensar somente nas plantas, estas, automaticamente, serão saudáveis e produtivas. É do solo que depende a produção vegetal.