O fogo é o maior inimigo do lavrador. Temos de evitá-lo por completo e não podemos deixá-lo figurar entre os tratos usuais de nossa terra.

Para manter a terra mole e fofa, num estado arável, nada temos que fazer senão picar a palha do milho logo depois da colheita e deixá-la sobre o solo. Assim, a própria palha constitui uma camada protetora contra o sol e a evaporação. No tempo da aração, somente a parte mais externa da superfície estará seca. O chão logo abaixo fica perfeitamente arável, porque úmido.

A vantagem deste método é que a palha e as ervas “más” enriquecem o solo com matéria orgânica, contribuindo para sua fofice e fertilidade. Sem matéria orgânica, os adubos químicos não são aproveitáveis. Permanecem inutilizados no solo ou são levados pelas águas pluviais. Para que a terra aproveite estes adubos, ela deve ser rica, portanto, em matéria orgânica, pois esta não se constitui somente em fonte de nitrogênio, mas liberta os fosfatos e potássio de suas ligações, disponibilizando-os.

Um pouco antes do plantio, dá-se uma gradagem ao campo. Não é necessária segunda aração, como provam as experiências do Instituto Agronômico de Campinas e como ensina a ciência do próprio solo. Uma aração em 15 cm de profundidade é perfeitamente suficiente para as necessidades do milho. Quando houver possibilidade, é conveniente arar somente 8 a 10 cm e subsolar até 22 cm de profundidade. A aração rasa tem a enorme vantagem de conservar a matéria orgânica na superfície da terra onde ela pode ter ação muito mais eficaz do que quando enterrada.

Sobre a eficiência da matéria orgânica no solo, existe a seguinte fórmula que sempre, e sem exceção, conserva o seu valor.

e=m/p;

onde:

e= eficiência

m= matéria orgânica

p= profundidade no solo

Isso significa que quanto mais profundamente a matéria orgânica for aplicada no solo, tanto menos podemos esperar dela. Se a profundidade da aplicação ultrapassar 25 cm acarretará desvantagens em lugar de beneficiar a terra e as culturas.

A tendência moderna é arar tão raso quanto possível e subsolar a parte inferior do chão. A mania de fazer duas a três arações antes do plantio é completamente irracional. O plantador de milho pode saber o que falta na sua terra quando examina as espigas colhidas.


Espiga com uma ponta branca, granada mas com grãos chochos, onde não existe nada senão as panículas vazias e só de vez em quando aparece um grão graúdo, indica falta aguda de potássio. Espiga com ponta branca e chata, isenta de qualquer granação é sinal típico de deficiência em fósforo.

Uma espiga deformada, com grãos miúdos do lado do colmo e com ponta preta, que muitas vezes se apresenta apodrecida, demonstra a falta de boro. Neste caso, sempre aparecem múltiplas espigas pequenas num pé. Pode-se ter a certeza de que falta o boro quando um pé em lugar de duas espigas bem desenvolvidas produz de três a cinco espigas pequenas deformadas. Os grãos dessas espigas são frouxos.

Pela própria planta não é difícil reconhecer também o que falta no solo. Muitas vezes, o que se julga incoveniência no clima, não é senão deficiência em minerais. Como se sabe, a deficiência dos minerais aparece mais pronunciadamente sob certas condições climatéricas. Assim, uma época chuvosa e quente provoca a deficiência de potássio, enquanto uma temporada seca determina a deficiência de boro, etc.
Se as folhas do milho novo, com mais ou menos 60 cm de altura, apresentam um tom avermelhado na parte superior, a falta de fósforo é proeminente.

Quando a planta inteira está um pouco clorótica, apresentando nas folhas mais velhas um “V” amarelado, é o nitrogênio o fator restrito do crescimento.
Quando aparece o que se conhece vulgarmente como “queima das folhas”, a falta é de potássio.


As margens das folhas mais velhas, a partir da ponta, começando a amarelar e logo depois a morrer: casca perto dos entrenós, apresentando manchas enferrujadas; folhas que podem secar até uma pequena parte mais próxima da nervura principal, são sinais bem conhecidos que têm como a causa única a falta de potássio, a qual pode ser facilmente corrigida.

Quando as plantinhas recém-germinadas apresentam linhas amarelas entre as nervuras e a folha central é branca, está faltando zinco. O zinco é um dos fatores cuja falta se faz sentir muito facilmente em nossas latitudes e especialmente depois de uns dias secos os sintomas são pronunciados.

Temos que contar com uma séria depressão do rendimento quando 15 a 20% das plantas dum campo apresentam sinais de uma deficiência. No momento em que a planta mostra a carência já está seriamente esfomeada, sofrendo já desde muito antes da deficiência. Por isso, podemos afirmar com certeza que o campo inteiro sofre falta do elemento, falta que encontramos sinais de 15 ou 20% das plantas somente. Assim, uma adubação se tornará fácil.