De vez em quando existiam lesmas. Mas, geralmente, era suficiente colocar um prato com cerveja e sal como armadilha e no outro dias todas estavam mortas porque tomavam a cerveja com verdadeira gula e não se davam conta de que o sal depois as desidratava.
Também uma tartaruga, ou melhor, cágado, as desidratava.
Quando porém se usa plantio direto (PD) com uma camada de palha cobrindo o solo e ainda se irriga (porque a camada protetora é fina demais para garantir umidade suficiente), criam-se todas as condições para a proliferação das lesmas, especialmente quando o cultivo é de verduras. E elas são vorazes comedoras.
Mas os campos de soja também são invadidos. No plantio convencional, não se poupa o uso de venenos, porém com relativamente pouco sucesso e na agricultura orgânica é ainda mais complicado. O problema é que no plantio convencional o solo é revolvido, os nichos e micro nichos das pragas são destruídos e aves coletam tudo que encontram de pragas após a lavração, sendo mínima a possibilidade de reinfestação.
Grande parte da matéria orgânica é decomposta, privando pequenos animais do solo de seu alimento. As condições para a vida do solo são pequenas. Por isso, pela quantidade de minhocas que se instalam é que se julga o sucesso do PD. Com o solo imperturbado e ainda com camada protetora na superfície, os pequenos animais do solo como grilos, lesmas, Pantomorus (besouro), várias espécies de percevejos, cupins e outros proliferam abaixo da camada de palha. O problema de pragas e doenças que antes parecia resolvido pelos defensivos, sejam eles químicos, orgânicos ou biológicos, agora toma outras dimensões encontrando os agricultores desprevenidos, especialmente quando são produtores industriais dedicados a uma única cultura.
Procura-se agora saber os costumes e fraquezas dos insetos e animais que infernizam a vida dos agricultores. Por que aparecem em grandes quantidades? Qual a condição que os beneficia? Quais os desequilíbrios nutricionais? O que comem e o que não podem comer? Muitas perguntas e por enquanto, poucas respostas.
Quanto às lesmas, parece certo que são beneficiadas pela umidade e o excesso de nitrogênio na vegetação. Quanto mais luxuriante uma folha, tanto mais a apreciam. Mas elas comem somente folhas glabras, lisas. Folhas peludas, simplesmente ignoram. E aqui está a solução para o seu combate. Faz-se uma rotação com um cereal com folha peluda, como aveia. Isso significa meses sem alimento. Elas podem sobreviver, mas depois estarão fracas e famintas. E então se passa com sulfato de cobre a 3%, talvez 4%, por cima do campo. E sulfato de cobre as lesmas não aguentam, mesmo em estado bem nutrido e muito menos em estado mal nutrido. Assim, acaba-se com elas.
Mas que seja lembrado que é sempre interessante planejar uma rotação de culturas com algum cereal de folha peluda e não usar excesso de nitrogênio, seja ele oriundo de esterco, chorume ou adubo químico. E qualquer excesso de N sempre deve ser contra balanceado com cobre.
É o equilíbrio que vale.