Lagarta-da-soja e Lagarta-do-milho

Lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis)
A lagarta-da-soja é uma das pragas que mais defensivos “consome”, e também foi a razão pela qual, há 15 anos, as firmas produtoras de agrotóxicos exigiram o uso preventivo dos praguicidas, alegando que, em caso de ataque generalizado, como ocorreu por aquela época no Rio Grande do Sul, não disporiam de suficiente defensivo e que, em caso de combate direto de pragas, não poderiam ser feitas previsões.

Mas após o desastre ecológico em 1984, quando o uso maciço de defensivos na soja tornou muitos rios e açudes inaproveitáveis, os plantadores conscienciosos, especialmente no Paraná, começaram a controlar primeiramente a população de lagartas em campo antes de usar o defensivo, que geralmente é de ação fulminante e total, matando a praga e seus inimigos.

Controle do número de lagartas: entra-se cuidadosamente no campo para não assustar as lagartas, que se soltam e caem no chão para se esconder, e coloca-se um pano de aproximadamente 1,5 m de comprimento e 40 cm de largura entre as linhas da soja. Agora, bate-se rapidamente nas duas leiras ao lado do pano (com 1 m de lado). As larvas caem e conta-se a população larval de um m2. Se existirem menos que 20 lagartas, pequenas ainda, não haverá perigo. Os sojicultores dizem que a soja muito viçosa dá mais quando as lagartas raleiam a folhagem, proporcionando mais luz às flores. Na sombra, a soja joga muitas flores. A partir de 20 lagartas de aproximadamente 1,5 a 2 cm de comprimento entra-se em estado de alerta. A contagem é feita, daqui em diante, cada dia, em lugar de três em três dias, como anteriormente. Se passar de 30 lagartas e se aproximar de 40, tem que se usar defensivo químico.

Geralmente observa-se que, em períodos úmidos, muitas lagartas são atacadas por um fungo (Nomuraea rileyi) cujas hifas brancas encobrem as lagartas com uma penugem. Por isso esta doença ficou conhecida como “doença branca” das lagartinhas.

Mas não somente este fungo ataca as lagartas. Muitas vezes elas também são parasitadas por vespinhas ou morrem de uma doença estranha que as descolora para o cinzento. Analisadas, descobriu-se que se tratava de um vírus, chamado Baculovirus, e veio a ideia de se infectar as lagartas com ele.

Modo de preparar o vírus como praguicida: catam-se 50 lagartas mortas pelo vírus, que se reconhece pela descoloração cinzenta. Aproximadamente 16 g são maceradas com um pouco de água até ficarem completamente desintegradas. Coloca-se mais ou menos 1 litro de água para homogeneizar bem a solução, que se coa em seguida. Dilui-se, aproximadamente, em 200 a 225 litros com água, ou seja, o suficiente para pulverizar 1 hectare.

A pulverização deve ser feita em dia encoberto ou à tarde, uma vez que a luz solar prejudica o vírus. A partir de 4 a 5 dias, as lagartas começam a morrer. Cata-se a quantidade de lagartas de que se necessita para pulverizar toda a lavoura, sempre usando a proporção indicada. Para dispor de um estoque para a safra vindoura, congelam-se lagartas em quantidades suficientes.

O Baculovirus não deve ser usado quando o número de lagartas passar de 30. Neste caso, somente o praguicida químico resolve, por ter ação fulminante. Também não deve ser usado quando existirem outras lagartas, percevejos etc., porque não os mata, existindo o perigo de se tornarem resistentes.

Armadilhas luminosas: em lugar de se combater as lagartas, podem ser combatidas as mariposas, mães das lagartas, ou seja, sua forma final, genitoras de novas gerações. A revoada principal ocorre do pôr do sol até às 2 horas da madrugada.

Em lavouras pequenas, lâmpadas com querosene são o suficiente. As armadilhas consistem dum tripé de taquaras em cujo centro se pendura uma lâmpada de querosene com placas protetoras aos lados, em 15 a 20 cm de distância. Abaixo da lâmpada, coloca-se uma bacia com água e um pouco de óleo queimado (do cárter de trator), para que as mariposas caídas não tenham mais a possibilidade de sair. Uma lâmpada protege 1 ha de cultura.

Em lavouras maiores, coloca-se a cada 5 ha uma lâmpada de “luz negra” por cima de um tambor de gasolina ou óleo diesel, aberto na parte superior, com água até 2/3 e algum óleo queimado na superfície da água. A “luz negra” deve estar protegida por um telhadinho de latão e ser posta ao meio de placas colocadas em forma de cruz. As placas têm por finalidade interromper o voo das mariposas e fazê-las cair.

Elas podem ser ligadas a uma bateria de trator ou à rede elétrica.

 Armadilha luminosa para pequenas lavouras

“Luz negra” para a captura das mariposas, mães das lagartas-da-soja

Lagarta-do-cartucho do milho (Spodoptera frugiperda)


Os biodinâmicos costumam incinerar três animais de praga, sejam lagartas, lesmas e até passarinhos, e fazem uma “dinamização” até à nona potência. Isso quer dizer: misturam-se 1 g de cinza com 9 ml de água, mexe-se 3 a 4 minutos rapidamente e misturam-se estes 10 ml resultantes com 90 ml de água. Mexe-se novamente, misturando-se depois os 100 ml com 900 ml de água (3a dimensão), e assim por diante. Conforme o que se pretende pulverizar – uma lavoura ou somente uma horta –, começa-se novamente com 1 ml desta solução (o resto se guarda) e continua até alcançar 9 diluições. Isso se pulveriza sobre o campo ou horta atacados, e a praga desaparece. Alguns polvilham somente a cinza ao redor do campo e outros esmagam os insetos ou lagartas de 3 a 10 exemplares, diluindo-os em 10 litros de água, que se usa para pulverização. Também no Iapar zeram-se ensaios positivos com insetos esmagados e diluídos. Por que isso funciona, não se sabe.