Fotossíntese

Nossas plantas fazem fotossíntese em clima tropical e clima temperado; o ponto ótimo para sua realização é 120C em clima temperado e m clima tropical é 250C. Então sobe a fotossíntese bruta (capacidade total de CO2 fixado) e sobe, naturalmente, a fotossíntese “líquida” (diferença entre a fotossíntese bruta e a respiração, portanto, a energia restante na planta) também. Essa fotossíntese líquida que é, em síntese, a fotossíntese menos o que ela gasta para liberar energia. E a liberação de energia sobe com o aumento da temperatura.

Se a temperatura do solo e do ar está ao redor de 250C, está tudo ótimo. Mas se começa a subir a temperatura, a planta está começando a fotossintetizar menos e a gastar mais para produção de energia, quer dizer, a respiração da planta é muito mais elevada. O resultado: com 450C a planta não tem mais um pingo de glicose à disposição para formar substância orgânica. E 450C nós alcançamos facilmente hoje porque não tem mais mato, é tudo cana-de-açúcar, é tudo desmatado. Se uma pessoa diz: o Amazonas tem um clima extremamente favorável. Sim, tem. Porque a temperatura, na própria Amazônia Equatorial, oscila entre 21 e 280C. Quer dizer, ao redor destes 250C críticos. E a temperatura do solo entre 210C e 240C (porque há 3 camadas orgânicas de proteção e abaixo delas a terra está fresca), não é quente.

O que fazemos, isto sim, é um crime porque desmatamos, expomos a terra nua ao sol. Quando nós estivemos no Congresso de Conservação do Solo em Brasília (Nota: não temos a data deste evento), apareceu um jornalista que queria saber como funciona este negócio de agricultura ecológica, e como o sujeito não compreendia, fomos à Embrapa, convidei o homem: “Vamos sentar aqui. Aqui é um campo de milho. Está bem capinado, não tem perigo de cobra. Você senta aqui, depois vamos falar.” O homem sentou, levantou com um grito e apalpava seu traseiro para ver se a calça não queimou. Eu disse: “Você tem jeito de correr, mas a planta que está aqui tem que ficar e aguentar.” Então, de repente, o homem começou a compreender como está errada a nossa tecnologia atual.

A agricultura ecológica tem que ter uma tecnologia adequada ao nosso clima e não um “know how” importado que não presta para as nossas condições.

A respiração nada mais é do que a planta pegar a glicose que ela já formou, que é o segundo passo de sua fotossíntese e ir decompondo-a em água, gás carbônico, calor. Este calor ela usa como energia para os seus processos químicos. Se a terra é anaeróbia, com pouca circulação de oxigênio (ou chegando a nada), significa temperatura alta, a nossa planta tem uma respiração muito elevada. Ela gasta o que poderia usar para formar seus grãos e fibras na respiração e a energia que ela consegue produzir é muito pouca. Então, com essa pouquíssima energia, ou uma respiração muito elevada, a planta não produz. E assim é todo o nosso sistema de agricultura, nós evitamos, pelo sistema que implantamos, que a planta possa produzir. Se produzisse como a nossa planta precisa, a produção seria de 2 a 6 vezes maior com os mesmos insumos, na mesma área. E isso barateia a produção. Muita gente diz: o produto agroecológico é menos apresentável, é às vezes bichado, etc.. Não senhor. O produto biologicamente produzido, ecologicamente produzido conforme o nosso clima tropical é um produto não só de quantidade muito maior, mas também muito melhor, muito mais nutritivo. Então eu aumento duas vezes: uma vez aumento pela quantidade; e a segunda vez pelo valor nutritivo.