ESTRUME  – “A estrumeira é a mina de ouro do lavrador”

O estrume consiste nos resíduos alimentares transformados no intestino animal que são as fezes. Também é a liteira, ou cama do animal; ou é, ainda, a urina com a qual a cama foi embebida.

A composição do estrume varia muito segundo:

  1. A espécie (vaca, porco, etc.) e a alimentação do animal;
  2. O  material e a quantidade usada para a cama (palha, turfa, folhas, etc.)
  3. O processo de fermentação (quente, frio)

As fezes das ovelhas são ricas em proteínas e pobres em celulose; as dos cavalos, pobres em proteínas e ricas em celulose, e as das vacas estão num meio termo destas, enquanto as das aves são as mais ricas em nitrogênio, fósforo e potássio.

O valor do estrume nem sempre é igual, Podemos distinguir:

– um produto valiosíssimo, que resulta de fezes de gado bem nutrido, tendo como material absorvente palha de cereais, sendo fermentado por um processo “quente”, numa esterqueira adequada, onde não há perigo de lixiviação;

– um produto praticamente sem valor nenhum, constituído somente de lignina e celulose, provindo das fezes do gado, colhidas no campo, ou juntadas em esterqueiras inadequadas e desprotegidas. O valor deste esterco não é maior do que a casca de arroz ou bagaço de cana.

As fezes, em si, sofrem poucas modificações caso não forem fermentadas.

URINA:

Sai do corpo animal geralmente estéril. porém logo é infectada e sofre várias alterações devido ao seu alto teor em substâncias solúveis, que são facilmente decompostas em matérias voláteis.

FEZES:

Consistem em quase 50% de microrganismos mortos. Sofrem somente lenta transformação.

CAMA OU LITEIRA:

Consta de palha, de serragem, de folhas secas, de turfa, etc., que contém uma parte em substâncias de fácil decomposição como pentozanas e uma parte de difícil decomposição, como a celulose e a lignina.

Para a rapidez da decomposição, o teor em água é decisivo. Na fermentação do estrume são liberadas energias em forma de calor que são tanto mais altas quanto menos água as fezes contiverem. Fala-se, pois, de estrumes  quentes ou frios, porque na presença de um elevado teor em água, gastam-se muitas calorias para provocar o aquecimento do substrato.

ESTRUME QUENTE:

É o dos cavalos. É, relativamente, seco e rico em substâncias de fácil decomposição. O estrume de ovelha é quente, porém, não tão quente como o do cavalo, porque contém a maioria de suas substâncias em estado já decomposto. O uso do esterco de cavalo como “aquecedor”, em canteiros-estufas, é bem comum.

ESTRUME FRIO

O estrume de vaca tende a ser “frio”, mas menos do que o dos porcos porque contém, ao lado de bastante água, muitas substâncias facilmente decomponíveis. Em muitos sistemas de produção de estrume fermenta-se urina, em separado, para chorume, porque se quer evitar uma fermentação fria  do estrume.

O estrume fresco não está em condições de ser aplicado ao solo porque está ainda sujeito a profundas alterações, nas quais se perde até 1/3 de sua substância.

A função da “cama” (material absorvente) não consiste, somente, em confortar os animais, mas em fornecer as celuloses indispensáveis à humificação do esterco, dando ao estrume o valor especial que possui no melhoramento do solo. Por isso a composição química da “cama” é de grande importância. Apesar da turfa absorver 4 a 5 vezes o seu peso em água, enquanto a palha somente absorve 2 a 3 vezes o seu peso, este último é muito mais valioso na produção do estrume.

O número de germes aumenta, rapidamente na urina, porém, logo depois da mistura com as fezes e a liteira, baixa radicalmente, porque  mudaram as condições de vida. Mas depois de 24 horas, ocorre um novo aumento dos microrganismos, provindo especialmente, da atividade acelerada dos germes da urina. Com o decorrer do tempo o número dos micróbios diminui sensivelmente, mas depois de 14 anos, ainda podem ser encontrados vários milhões em um grama de estrume.

Os microrganismos mais comuns do estrume são bactérias, especialmente bacilos e alguns cocos (Streptococcus e Sarcinas), tais como: Escherichia, Aerobacter, Bactérias fluorescentes, Pseudomonas, Proteus, Bac.subtilis, Bac. Mesentericus, Bac. Cereus. Estes bacilos esporogênicos provém da terra e da forragem infectada com terra.

Resumindo:

Pode-se constatar os feitos do estrume:

  1. Aumenta a capacidade de infiltraçãoo e do campo
  2. Promove a estrutura floculada do solo, estável às erosões, pluvial e eólica.
  3. Mobiliza os fosfatos através da microvida incentivada
  4. Equilibra a micro vida e estimula especialmente a flora zimogênica
  5. Aumenta a produção de CO2, essencial para a fotossíntese
  6. Enriquece o solo em potássio, fósforo e nitrogênio, além de muitos elementos menores, e aumenta a capacidade de troca
  7. Regula o pH do solo – tanto o ácido quanto o alcalino – se maneira eficaz
  8. Garante a normal e contínua nutrição vegetal
  9. Aumenta de maneira mais duradoura o rendimento agrícola
  10. É um fator decisivo na saúde vegetal

O valor dum estrume convenientemente curtido é insuperável, e diz-se, nos países de agricultura intensiva: “A estrumeira é a mina de ouro do lavrador”.