Parte I
A decomposição do material orgânico é tida como certa, mas não ocorre necessariamente. Após a roça de um pasto, especialmente quando de capim alto como o elefante (Pennistetum purpureum) ou seu híbrido Napier ou colonião (Panicum maximum), pode permanecer uma camada grossa de palha no pasto que não quer se decompor.
Também em campos agrícolas onde se usam muitos herbicidas, a decomposição da palha de milho pode levar anos. Normalmente é por causa da compacidade do solo e a perda quase total de nitrogênio. Neste caso, o aparecimento de bactérias celulolíticas como Cytophagas pode ser provocado aplicando 250kg/ha de um fosfato cálcico como fosfato natural, termofosfato, hiperfosfato ou semelhante sobre a palha. A decomposição ocorre rapidamente sendo o nitrogênio necessário produzido por azotobacter e semelhantes ( é o famoso “método Dhar”).
Às vezes a decomposição pode atrasar por falta de umidade, mas como abaixo da camada de palha o solo se conserva mais úmido, mesmo em períodos secos a decomposição é rápida.
Quanto menor a proporção de carbono sobre nitrogênio (C/N), tanto mais rápida a decomposição. Assim, palha de soja se decompõe rapidamente e no plantio direto nunca se consegue uma camada grossa de palha por cima do solo. Para isso se necessitam palhas com relação de carbono sobre nitrogênio (C/N) maior como de milho, sorgo, painço e semelhantes, o que é importante no plantio direto, cujo sucesso depende especialmente da grossura da camada de palha.
Também a aplicação de composto superficial é vantajoso. Caso as raízes permaneçam na camada do composto sem penetrar no solo, elas procuram por boro. Uma aplicação de ácido bórico (de 5 a 15 kg/ha) ou de borax ou levianita corrigem isso.
– Palha ou composto misturados superficialmente com o solo:
Neste caso ocorre uma decomposição aeróbia a semi aeróbia da palha contribuindo eficientemente para a formação de agregados e o sistema poroso do solo. Extraindo uma lasca de solo pode-se verificar em que profundidade a matéria orgânica foi aplicada. Mas se verifica também a profundidade em que um adubação química foi aplicada…
Palha na camada superficial, aeróbia, não impede o plantio imediato se o solo for ativo, porque capta o nitrogênio necessário para sua decomposição do ar e não produz gases tóxicos durante sua decomposição. Ela contribui para a nutrição da vida do solo e com isso para a formação de agregados e poros.
Matéria orgânica sempre deve ser colocada na superfície ou na camada superficial do solo!
– Palha ou composto incorporados profundamente no solo:
Esta incorporação é feita com arado, no sulco de um sulcador para o plantio de café ou até manualmente nas covas de frutíferas ou videiras… Às vezes a lasca de terra que se tira com a pá não é suficiente para encontrar a matéria orgânica enterrada, às vezes em até 40 cm de profundidade. Esta incorporação profunda tem duas razões:
1- os agricultores acreditam que especialmente composto mas também adubação verde e restolhos são preferencialmente NPK em forma orgânica. Para a raiz encontrar nutrientes quando se aprofunda no solo eles colocam a matéria orgânica de 30 a 40 cm de profundidade. Como consequência ocorre uma decomposição anaeróbia, que solta gases tóxicos (metano e gás sulfídrico) que prejudicam as raízes e impedem que estas desçam no solo. As raízes permanecem superficiais e as plantas murcham com uma a duas horas de sol. Normalmente, o resultado é que o agricultor irriga direto, dia e noite, encharcando o solo impedindo que as raízes desçam, porque elas procuram por ar. Se faltar umidade, a matéria orgânica profundamente enterrada enturfa e se conserva 5 ou 7 anos ou mais. Geralmente a produção é miserável e atribui-se isso à “Agricultura orgânica”, que, nessas circunstâncias, é absolutamente anti ecológica e por isso não consegue produzir adequadamente.
2- Os agricultores acreditam que, colocando a matéria orgânica na superfície do solo, perde-se o nitrogênio. Porém, sabe-se que o nitrogênio adicionado através de composto ou qualquer matéria orgânica tem pouca influência sobre a quantidade de nitrogênio no solo. Esta depende da vida do solo e sua fixação. E seja dito, muitas bactérias fixam nitrogênio e não somente os rizóbios moduladores de leguminosas.
– Colocação da matéria orgânica
Na natureza, a matéria orgânica sempre está na superfície do solo:
- para protegê-lo
- para nutrir a micro vida aeróbia que forma os agregados e poros
Dizem que o nitrogênio é perdido quando a matéria orgânica permanece na superfície. Mas essa perda é mais do que compensada pela fixação do nitrogênio por bactérias de vida livre que se encontram também no ar (Azotobacter) e que se aproveitam dos açúcares ácidos (ácidos poliurônicos) que as bactérias celulolíticas produzem.
Matéria orgânica é:
– alimento para a vida aeróbia do solo;
– condicionador da estrutura do solo (agregados)
– fornecedor de nutrientes (reciclagem). Este ponto é menos importante, porque se o solo é bem agregado, a raiz encontra nutrientes e os microrganismos os mobilizam.