Decompondo-se o húmus, perde-se a estrutura; decompondo-se os restos vegetais, ganha-se a estrutura.
Sabemos que a matéria orgânica é indispensável para a manutenção da micro e meso vida do solo. E não há dúvida de que a bio estrutura e toda produtividade do solo se baseia na presença de matéria orgânica em decomposição ou humificada. Mas mesmo assim, o conceito de matéria orgânica é geralmente bastante vago.
O que é matéria orgânica?
Matéria orgânica é toda substância morta no solo, tanto faz se provém de plantas, microrganismos, exceções de animais terrícolas, de meso e macro fauna morta.
Raízes vivas são tão pouco matéria orgânica como a caça que vive em cima do solo. Mas de outro lado, não somente húmus é matéria orgânica. E nem toda matéria orgânica é húmus.
A noção errada, difundida sobre matéria orgânica, se deve ao modo de analisá-la, determinando simplesmente o teor de carbono de um solo supondo-se que este, em sua integridade, representasse húmus, ácidos húmicos e humatos. Conclui-se portanto que sempre teria de ser de alto valor para o solo. Mas, como nas zonas tropicais justamente os solos com maior teor em carbono são quase sempre os piores para a agricultura,, conclui-se que matéria orgânica não tem valor para solos tropicais e subtropicais, aos quais nem consegue dar cor escura.
No máximo admite-se que a matéria orgânica tenha alguma importância no fornecimento de nitrogênio às plantas. Em campos de arroz irrigado não há relação entre o teor de matéria orgânica e nitrogênio à disposição das plantas. A matéria orgânica do solo, que possui em média 0,56% de carbono, existe no solo em parte como folhas e raízes mortas em parte como produtos intermediários de decomposição e em parte, às vezes, como substâncias húmicas. Há uma diferença muito grande entre matéria orgânica disponível e matéria orgânica humificada.
O húmus, que já é um produto da decomposição parcial e posterior síntese, é uma substância agregadora de grumos. Se ele é decomposto, se decompõem as ligas orgânicas entre as partículas do solo e portanto, a estrutura do solo decai por se desmanchar os agregados. O solo se torna amorfo e compacto. A perda do húmus é portanto a perda da estrutura biológica do solo e com isso a perda de sua produtividade.
A palha e demais matéria orgânica morta, mas ainda intacta, não tem efeito sobre a estrutura do solo. Somente durante sua decomposição é que se formam substâncias agregantes, especialmente ácidos poliurônicos. Quanto mais intensa for a decomposição desta matéria vegetal morta, tanto maior será seu efeito agregante sobre o solo. Portanto, quanto maior a decomposição dos restos vegetais, e quanto mais ativa a formação de substâncias intermediárias de decomposição, tanto maior o efeito sobre a estrutura do solo e tanto mais benéfico será.
A diferença fundamental entre húmus e restos orgânicos é que o húmus já é um produto intermediário da decomposição, enquanto que nos restos vegetais, estes têm ainda de ser produzidos.
Então decompondo-se o húmus, perde-se e estrutura; decompondo-se os restos vegetais, ganha-se estrutura.
É, pois, óbvio, que a simples avaliação do teor de carbono no solo não pode nos dar informação alguma sobre o efeito que terá sobre as propriedades físicas do solo. Estes, sem dúvida, são os pontos mais importantes.