Como arar e subsolar a terra

Instruções fundamentais

Uma aração funda pode estragar completamente o solo, já em plena decadência. Essa aração vira o potássio para cima e com isso não se consegue nenhum benefício, somente prejuízos. A camada fofa, mesmo um pouco frágil, submergida por baixo da terra estéril, fica logo abafada, decaindo por sua vez completamente, e a erosão se tornará acelerada diminuindo o rendimento futuro mais ainda.

Duas coisas são certas:

  1. Devemos abrir as camadas duras para facilitar o desenvolvimento radicular
  2. Devemos aumentar a fofice do solo

Por isso, faremos a próxima aração tão rasa quanto possível, isto é, não viramos mais do que uns 8 cm para conservar a camada fofa na superfície. Pode esta operação ser feita até por uma grade de discos. A terra subjacente deve ser tratada com subsolador, que solta a terra mas não a vira.

Devemos cuidar que o subsolador ande ao menos 7 cm e ao máximo 16 cm mais fundo que o arado. Em terras muito decaídas a resistência encontrada pelo subsolador é grande. Diminuímos então a profundidade do seu trabalho. Em terras já recuperadas a resistência é pequena e podemos alcançar até 40 cm de profundidade com o trabalho dele.

Por exemplo:

A profundidade de trabalho será 8/15cm.

Quer dizer que 8 cm serão virados pelo arado, mas 7 cm serão soltados pelo subsolador, de modo que a profundidade de trabalho alcança no máximo 15 cm. Isto é o máximo – que numa só operação pode ser feito. Quando, porém, a aração é feita primeiro e a subsolação é feita em separado, esta pode alcançar até 20cm.

É, porém, mais econômico trabalhar somente numa operação o campo. Temos que levar em conta que terra decaída se assenta dentro de 6 a 8 semanas exatamente como era antes, quer dizer, como se não tivesse sido feita nenhuma aração ou subsolação.

A prática ensina que uma subsolagem em nada adianta se a terra não é mantida solta pelas raízes. Numa terra bruta, o desenvolvimento radicular é mais devagar do que em terra viva e fofa. Portanto, o que em 6 semanas não está enraizado, significa trabalho perdido.

Temos de plantar forçosamente culturas com um poderoso sistema radicular para progredir na obra de recuperação. Quando o lavrador pode dispensar o campo em recuperação durante um ano, é aconselhável o seguinte:

– Picar os restolhos da colheita com grade de discos (não queimar) depois da colheita. Aplicar uma calagem de 800 kg/ha. Duas semanas mais tarde arar e subsolar (o subsolador tem de ir sempre atrás do arado) e plantar em seguida mucuna, ou seja, qualquer feijão aconselhado para adubação verde. Quando em flor, picar a massa verde com uma grade de discos – com soja é mais fácil fazê-lo do que com mucuna; deixar a massa apodrecer misturada superficialmente com a terra, e 4 semanas depois arar de novo para plantar, por exemplo, batatinhas. Neste caso, temos de fazer mais uma vez o exame com a pá. Quando o feijão estiver bem desenvolvido, pode-se dispensar o exame, fazendo-se a aração 12/20cm, isto é, 12 cm arados e mais 14 cm subsolados. Depois fazer a plantação.

Recomenda-se em muitos países o plantio de batatinha junto com o de tremoço, ervilha, etc.  Isso oferece a enorme vantagem de o solo ir-se melhorando e o matinho diminuindo, o que é muito útil para a batatinha.

Quando o lavrador não tem outro chão para plantar, por exemplo, o seu milho, trabalha o solo 8/15 cm, depois do mesmo trato antecedente. Plante milho e entre as linhas (não nas mesmas foleiras) duas carreiras bem densas de “feijão fradinho” ou soja. O feijão cresce junto com o milho, impedindo a proliferação de matinho e não prejudica de maneira nenhuma o milho. Corta-se o feijão com enxada ou carpideira, deixando apodrecer a massa verde na superfície do solo.