Deve ficar claro que da agricultura orgânica e especialmente a natural, espera-se que o alimento tenha um valor biológico mais elevado e que mantenha a saúde das pessoas que os consumem. Uma planta que precisa ser defendida contra parasitas sempre tem valor biológico baixo, tanto faz com o que foi defendida!

Para não se ter plantas doentes, atacadas por pragas e doenças, deve-se ter um solo bem agregado, protegido contra o aquecimento, o impacto da chuva e o vento permanente. Deve-se ter matéria orgânica diversificada com uma vida diversificada e também rotação de culturas ou consorciação. Dessa forma, raramente se terá plantas doentes.

Antigamente, todos os cultivos foram mantidos rigorosamente limpos. Este sistema foi abandonado. Atualmente somente as linhas de plantio se mantém limpas da vegetação nativa, enquanto as entrelinhas permanecem com o mato, às vezes enriquecidas com leguminosas. Ele sempre tem de ser roçado antes de terminar a floração. Normalmente se retira uma lateral da roçadeira e joga a matéria orgânica diretamente sobre a linha de plantio, onde serve de mulch (camada sobre o solo). Às vezes implantam-se leguminosas como se faz em plantações de dendê ou troca-se o capim. Por exemplo: em laranjais, a Brachiaria ruziensis é mais vantajosa que a Brachiaria decumbens.

Vale para qualquer plantação que o solo tropical tem de ser mantido coberto e que a produção e a saúde da plantação depende da saúde do solo. Em plantações de frutíferas, boro controla muitas doenças não porque este seria a deficiência que permite a doença, mas simplesmente porque aumenta o sistema radicular, as árvores são melhor nutridas e pode esticar sua vida útil. Isso funciona em laranjeiras, goiabeiras, pereiras, etc. Quando, apesar de todos os cuidados, as raízes das plantas não se desenvolvem, falta boro.

A deficiência de boro é uma das mais comuns em nosso país, causando o fracasso total de muitas culturas, especialmente de mandioca, batatinha, café, banana, citrus e fumo. A maioria atribui os sintomas dessa carência a vírus, bactérias, fungos, brocas e outras pragas e moléstias, apesar de não ser devido a nenhuma dessas causas. Admitimos, porém, que muitas vezes um ataque secundário – seja pelas bactérias, seja pelos insetos – pode ocorrer, estragando por completo a planta já enfraquecida. Mas esses ataques nunca são a causa desses sintomas, somente a consequência dessa deficiência.

Como o boro é um fator ativo na multiplicação das células do meristema, a sua deficiência causa sempre:

  • A morte dos pontos vegetativos dos brotos e das raízes;
  • A falta de botões;
  • A desintegração do tecido vascular
  • O colapso e o escurecimento de todos os tecidos novos, e por isso, moles, e o transporte das matérias nutritivas às partes axilares da planta, o que provoca o tão conhecido super brotamento.

O fenômeno típico desta deficiência é que as folhas do broto perdem seu brilho, enquanto uma clorose moderada se desenvolve, mostrando-se sempre mais forte na base do que na ponta das folhas. O ponto vegetativo entra logo em colapso, morrendo em seguida. Cessa o crescimento da planta.

À morte do ponto de crescimento segue-se sempre uma super brotação da planta que continua viva. Essa brotação super abundante se dá especialmente em volta deste ponto morto. Em casos severos, morre a planta inteira de cima para baixo, sem que as folhas murchem primeiro e sem que haja clorose nenhuma.

Os botões caem. Caem também as frutas novas, quando a deficiência aparece mais tarde na época. Muitas folhas ficam deformadas. A deficiência em boro é sempre mais forte em tempos secos. Em anos chuvosos, pode desaparecer completamente e a mesma gleba que não deu safra da deficiência em boro pode produzir bem.

As raízes das plantas afetadas sempre apresentam sérias modificações. As pontas das raízes morrem , assim como o ponto vegetativo, e manchas necróticas, de coloração escura, aparecem. As raízes são fibrosas, privadas de amido e por isso aguadas. A sua casca é muitas vezes áspera, fendilhada, cheia de excreções escuras. Ocorre a desintegração do tecido interno, formando o tão conhecido “coração marrom”. E oco.

São especialmente exigentes: arroz, milho, café, citrus, mandioca e couve-flor.