Se o produtor aprender a observar, vai descobrir rapidamente que as plantas daninhas estão constantemente dando avisos a ele e poderá corrigir as deficiências. As plantas das culturas se tornarão mais sadias e as doenças e pragas diminuirão muito e terminarão desaparecendo.

Um problema muito sério é que o produtor não conhece a riqueza química de seu solo. Não era importante quando se plantava unicamente culturas adaptadas ao solo e clima locais, mas atualmente, com culturas adaptadas apenas ao fertilizante químico é importante conhecer o teor de nutrientes do solo. As próprias plantas o indicam.

Deve-se “apenas” compreender a sua linguagem. Por exemplo, se o broto se desenvolve menos do que as folhas e galhos vizinhos é porque está faltando boro; se as folhas novas estão deformadas e enrugadas, falta cálcio; se tem folhas gigantes, falta cobre; se as folhas mais velhas estão amarelas com nervuras verdes, falta magnésio; se morrem as pontas e as bordas das folhas mais velhas, falta potássio; se morrem as pontas das folhas e o tecido morto avança no comprimento da nervura principal formando um ‘V’ é porque falta nitrogênio.

Para o agricultor, é mais fácil compreender a mensagem das plantas daninhas. Estas plantas são ecótipos que corrigem as deficiências físicas e químicas dos solos. Assim, a planta lanceta (Solidago microglossa) indica um pH de 4,5 e o Sapé (Imperata exaltata) um pH de 4,0 enquanto que as artemísias indicam um pH acima de 7,0.

A leiterinha (Euphorbia heterophila) na soja surge devido à deficiência de molibdênio, e o nabo bravo (Raphanus sp.) no trigo é devido à falta de boro e manganês. A presença do carneirinho ( Aconthospermum hispidum) no feijão indica a falta de cálcio; o capim arroz (Echinochloa crusgalli) indica um horizonte de ‘redução’ onde os nutrientes ficam sem oxigênio e tornam-se tóxicos para as plantas.

A salvia ou guanxuma (Sida rhombifolia) somente aparece em solos muito compactados e o rabo de raposa (Andropogon sp.) aparece quando existe no subsolo uma camada impermeável.

 
A agricultura tradicional se desenvolveu graças a observação da natureza. O solo, as raízes e as plantas daninhas têm sido ótimos informantes.”