Água Verde, água azul e irrigação

A maior consumidora de água que existe é a agricultura. A pecuária demanda grandes quantidades de água com a manutenção do rebanho, na fase do abate, no preparo agroindustrial dos cortes e na oferta de produtos derivados, tais como leite e ovos. Essa retirada de água pela agricultura representa de 1% a 51% dos recursos naturais superficiais que existem nos países.

Urge aumentarmos a eficiência no uso de “água verde” (“green water” ou água evapotranspirada; não confundi-la com água verde de piscina com algas, ou carreando fezes em matadouros e frigoríficos).

A “água verde” representa 60% ou até 80% (em região tropical) da água das chuvas que nunca atinge um aquífero ou rio, mas é armazenada no solo e na vegetação por pouco tempo e atende à vegetação nativa, às lavouras, às pastagens e à demanda atmosférica, evaporando do solo ou sendo transpirada pelas plantas. Essa água não atende nascentes e também não pode ser bombeada nem usada para dessedentação.

Já a água azul ( “blue water” ou líquida) pode ser armazenada e bombeada, como aquela utilizada para fins de irrigação e que atende às nascentes, representando somente 20% a 40% das águas pluviais, alimentando aquíferos e corpos de água superficiais e ainda pode ser transformada em “água verde” com o aquecimento global, em razão do aumento da evapotranspiração. (Prevê-se redução em torno de 20% da água azul com a progressão do aquecimento global por conta do aumento da demanda atmosférica por água, inclusive no nível local em vista do aquecimento local resultante da eliminação da cobertura vegetal permanente.)

Por isso ocorre atualmente a grande corrida para melhorar a eficiência de uso dessa água verde pelas plantas, conduzidas com boas práticas de manejo ambiental, além da necessidade de se procurar processos de uso mais eficientes de água azul na irrigação com a redução de perdas no sistema. Em geral, a irrigação apresenta baixa eficiência por causa de perdas e de desperdícios de água pelo sistema e pelas condições de degradação dos solos, que não permitem que as culturas respondam adequadamente ao estímulo hídrico.