Agrotóxicos – Parte 2

Quando, após a última Guerra, as tropas aliadas vasculharam a Alemanha por segredos militares, encontraram em grutas nos Alpes substâncias organofosforadas que deveriam servir como gases venenosos no combate mas que eram tão venenosos, que mesmo os nazistas tinham receio de usá-las, ou no mínimo tinham medo de matar também seus soldados se, por exemplo, o vento virasse.

Como essas substâncias tinham um efeito inseticida mais fulminante do que os organoclorados e eram menos persistentes, logo apareciam no mercado com os nomes de Paratio, Malation, Dipterex e semelhantes. Mas estes não fulminaram somente insetos, mas também homens. Um bico de pulverizador caído num tambor com Malation matava em minutos o trabalhador que o recuperou, molhando sua mão com o veneno. E o efeito dos organofosforados percorre caminhos ainda pouco conhecidos.

Assim, a epidemia da “vaca louca” na Inglaterra, que se atribuía primeiro a um vírus desconhecido, começou a tornar-se misteriosa quando mesmo temperaturas elevadas não conseguiram destruí-la. O pânico se apoderou dos ingleses. Já começavam a matar rebanhos inteiros onde esta doença apareceu, amargurados pelos risos dos agricultores orgânicos pois em suas vacas a doença nunca apareceu. Por que o vírus não atacou também as vacas dos orgânicos?

Pesquisaram febrilmente porque a economia inglesa sofria um golpe horrível com o boicote de sua carne porque a doença era transmitida ao homem. E depois descobriram, o que tinha um efeito bomba: em vacas com alta produção de leite, sob stress permanente, os organofosforados usados contra parasitas do gado destruíram a enzima colinesterase, que tinha a tarefa de destruir a acetilcolina, necessária para transmitir impulsos nervosos.

Assim, os impulsos não paravam e os animais foram tomados por uma tremedeira. Pouco a pouco o excesso de acetilcolina destruiu a proteção dos nervos e até a massa cinzenta do cérebro. E quem comia a carne desta vaca recebeu o organofosforado, que em pessoas estressadas tinha o mesmo efeito.

O pior é que hoje já existem umas 30.000 fórmulas diferentes ou misturas de fórmulas de inseticidas que não exterminaram os insetos. Os insetos se tornaram resistentes e os venenos para seu combate são cada vez mais tóxicos. Hoje já se diz que a última batalha seria entre homens e insetos e que os insetos ganharão, disso não há dúvidas. Mas é necessário chegar a esse ponto?

Os insetos são “programados” pela natureza por meio de suas enzimas, podendo comer somente uma única determinada substância a qual essa enzima digere. Todas as outras estão fora de seu alcance. A grande pergunta é: por que as plantas “oferecem” as substâncias que servem para insetos? Por que os insetos parasitas aumentam tão assustadoramente de número?

Insetos que nunca eram perigosos agora atacam e aniquilam lavouras inteiras. De onde vem estes parasitas? Ou serão eles parasitas porque as plantas as convidam? E por que as planta os convidam? Será que a atual tecnologia agrícola está errada? O que está errado? E as culturas continuam tomando banhos de veneno. A soja até 18 vezes, o algodão até 25 vezes, a maçã até 72 vezes.

Os herbicidas cada vez mais tóxicos infestam os solos. Nos EUA já é costume plantar durante 4 anos e abandonar o campo durante outros 4, no que o governo paga uma indenização. Já existem as variedades “herbicida tolerant” (HT) que são especialmente criadas para tolerar um herbicida. Somente elas o toleram, todas as outras morrem deste herbicida. Isso obriga as pessoas a plantar sempre a mesma variedade no mesmo campo, o que cria mais pragas. Necessitam-se mais defensivos, mais tóxicos, porque as plantas são cada vez mais fracas e suscetíveis. E finalmente têm-se de abandonar o campo porque não cresce mais nada.

Dizem que anualmente 500.000 pessoas morrem ou se tornam inválidas pelo resto da vida pela contaminação por agrotóxicos. As terras são destruídas, o meio ambiente é destruído, a saúde da população humana é seriamente afetada.

Temos de morrer intoxicados para não morrermos de fome? Dizem que é a única maneira de sobreviver. Mas nas terras destruídas não penetra mais a chuva e os rios e fontes secam. Falta água em nosso planeta. Sem água alguém consegue viver? Sem saúde se consegue viver feliz?