Atualmente, existem 3 formas principais de manejar o solo agrícola: o manejo convencional (químico), o orgânico por substituição de insumos e o agroecológico.
1- No sistema de manejo convencional, o solo é considerado somente um suporte físico para as plantas. Esse sistema foi disseminado em todos os continentes e se baseia no emprego de pacotes químicos destinados a nutrir as plantas cultivadas. A verdade, porém, é que são manejos que matam os solos, ao utilizarem as seguintes práticas:
- calagem corretiva (provoca a rápida decomposição da matéria orgânica no solo)
- aração profunda (que areja o solo favorecendo o desenvolvimento dos organismos que decompõem a matéria orgânica. Após 4 horas da aração, uma grossa nuvem de gás carbônico paira sobre o solo)
- adubação nitrogenada (fornece grande quantidade de nitrogênio ao solo também acelerando a decomposição acelerada da matéria orgânica. Mudam-se as proporções entre os elementos que compõem a planta, que fica desequilibrada)
(Assim, com a redução dos teores de matéria orgânica do solo gerados por essas práticas, a maior parte da vida microbiana não sobrevive pois fica sem alimento. E sem a ação da matéria orgânica e dos microrganismos, o solo desagrega, compacta e endurece.)
- uso de agrotóxicos (como em geral as adubações químicas fornecem apenas 5 dos 45 nutrientes que as plantas necessitam, elas ficam desnutridas, tornando-se suscetíveis ao ataque de insetos e microrganismos, especialmente fungos mas também bactérias e vírus. O ataque desses organismos sobre as plantas cultivadas é uma estratégia da natureza para eliminar plantas doentes.)
- herbicidas (mata-mato). São utilizados para manter os solos limpos de plantas nativas, as quais são excelentes indicadoras ecológicas, pois evidenciam deficiências minerais e condições físicas adversas nos solos como compactação, ausência de arejamento, etc.
2- Na agricultura orgânica por substituição de insumos, sua base é o uso intensivo de compostos e estercos que nem sempre têm procedência em sistemas orgânicos de produção. Além disso, sua produção é, em geral, baixa, fazendo com que dependa de mercados que remunerem com um preço acrescido para que seja viável economicamente. Por essa razão, trata-se de uma produção de luxo e não acessível a todos.
Esse tipo de produção costuma apresentar as seguintes limitações e equívocos:
- continua trabalhando com solos mortos, embora aplique grandes dosagens de compostos orgânicos e estercos com base na crença de que esses materiais sempre melhoram o solo e nutrem as plantas
- trabalha com arações profundas, revirando o solo até uma profundidade de 45 cm. Dessa forma, traz para a superfície as camadas mortas do solo que se desagregam facilmente sob o impacto da água das chuvas ou da irrigação.
- o material orgânico é enterrado com a suposição de que as raízes se desenvolvem em sua direção em busca de nutrientes. Erro! Primeiro porque a função do composto e estercos não é a de nutrir as plantas diretamente, mas sim nutrir os organismos do solo. Esses organismos irão mobilizar os nutrientes minerais para deixá-los disponíveis para as plantas. Segundo, porque esses minerais deverão ser completamente decompostos pelos organismos do solo até se converterem em água, minerais e gás carbônico. Quando enterrado, os materiais orgânicos são decompostos essencialmente por organismos anaeróbicos produzindo SH2, CH4 e CO2, gases altamente tóxicos para as raízes das plantas.
- mal posicionamento da raiz. Se a muda for plantada com sua raiz orientada para baixo, sua tendência será a de se desenvolver bem. Mas se a muda for mal implantada, a raiz pode se desenvolver lateralmente e não se aprofundar no solo. Isso acontece quando a raiz é muito comprida.
- manejo inadequado da irrigação. A murcha das plantas cultivadas logo após duas a três horas da interrupção da irrigação não significa necessariamente falta de água no solo, e sim que provavelmente as raízes não se desenvolveram bem por alguma das razões já expostas. Adicionado a isso, talvez haja um vento seco permanente sobre a área de cultivo devido à ausência de florestas na região promovendo o rápido ressecamento das camadas superficiais do solo.
3- O manejo ecológico tenta manejar os recursos naturais respeitando a teia da vida. Sempre que os manejos agrícolas são realizados conforme as características locais do ambiente, alterando-as o mínimo possível, o potencial natural dos solos é aproveitado. Por essa razão, a agroecologia depende muito da sabedoria de cada agricultor desenvolvida a partir de suas experiências e observações locais. O manejo agroecológico dos solos se baseia em 5 pontos fundamentais:
- solos vivos e agregados
- biodiversidade
- proteção do solo contra o aquecimento excessivo, o impacto da chuva e o vento permanente
- bom desenvolvimento das raízes
- autoconfiança do agricultor. Na agroecologia, o agricultor deixa de perguntar “o que faço” e passa a questionar “por que ocorre?” Ao invés de receber receitas técnicas prontas, passa a observar, pensar, experimentar. Com o tempo, ele começa a produzir melhor que a agricultura convencional e ganha autoconfiança. E é assim que ele se dá conta de que é o produtor de alimentos junto com a natureza que Deus criou, que respeita as leis eternas e que acredita em si mesmo.