Agricultura ecológica no combate à desertificação

Ecológico vem da palavra “oikos” que significa lugar. Portanto, é uma atividade que trabalha em estreita interligação com os sistemas naturais existentes num lugar. Isso inclui o solo, sua vida, estrutura, regime de ar e água, seus equilíbrios minerais, seu declive, inclinação para o sol, as sociedades vegetais que aqui se assentam e suas sucessões, o clima e até a atividade do homem.

Ecológico não é uma planta ou um animal que tenta se preservar, mas significa os ciclos e equilíbrios naturais de um lugar, em que o homem pode e até deve se incluir. O homem não necessita ser um agente de destruição mas pode administrar os equilíbrios naturais a seu favor.

Técnicas ecológicas não são somente a folia de alguns loucos que procuram um entretenimento diferente. Ao contrário, poder-se-ia dizer que a agricultura convencional funciona enquanto tudo está ainda mais ou menos equilibrado. Mas quando começam a aparecer dificuldades com o solo e o clima, é inevitável voltar aos métodos ecológicos. Por exemplo, na região do Sahel, do sul do deserto do Saara, o deserto avança anualmente de 50 a 70 km, engolindo os campos, plantações e riachos. E como o deserto avança? O leigo imagina que seria pelas dunas de areia movimentadas pelo vento que, migrando, cobrem terras ainda férteis. Mas não são necessárias dunas ou areias. Ao contrário, nessa região o deserto “engoliu” também terra roxa, legítima.

Ele avança pela compactação dos solos que não permitem mais a infiltração da água pluvial, que escorre em sua maior parte causando erosões e enchentes. Na África do Sul,  exatamente na região onde chove mais, encontra-se o deserto do Kalahari, onde 2400 mm de chuvas desabam em assustadoras trombas de água durante três meses e onde 90% da água escorre imediatamente, desnudando as rochas, causando enchentes e em seguida a seca mortal.

Contudo, escorrimento e erosão não iriam ainda fazer o deserto avançar. No Sahel está presente o vento incrivelmente seco que sopra do Saara. Os habitantes cobrem seus rostos com panos para protegê-los. Em 24 horas os lábios das pessoas não acostumadas racham, os brônquios secam provocando tosse e até febre. Lá o ar é saturado com uma poeira fina, amarela de argila dos solos desérticos. Nesses países, não se pode mais existir a liberdade de cada um resolver como trabalhar a terra. Todos têm de trabalhar ecologicamente para salvar o país do avanço do deserto. Assim se doutrinam os funcionários públicos.

Se alguém entrar numa repartição pública e pronunciar as palavras “agricultura ecológica”, todos os funcionários tem de se levantar e gritar: “avante”.  Quem não o fizer é demitido. Plantam-se renques de árvores contra o vento para diminuir sua velocidade. Introduziu-se uma tecnologia agrícola toda especial, plantam-se em faixas de terra cultivos para conseguir adubo orgânico, que em seguida se coloca em valas que acompanham o contorno, cobrindo-as com terra. Nessas valas se acumula toda água da chuva e plantando depois em cima, as culturas encontram o suficiente em umidade para crescer, frutificar e medrar. Fazem-se açudes e planta-se em terrenos semi – sombreados que se irrigam, torcendo para que o deserto não avance mais, mas ao contrário, para que eles consigam avançar sobre o deserto.