A rainha de todas as leguminosas até hoje cultivadas é, sem dúvida, a soja. A soja é oriunda da China, onde se apresenta, ao lado do arroz, como alimento básico. Os chineses não podem permitir-se o luxo de plantar outro feijão, pois nenhum sustenta tanto como a soja. O país é superpovoado e os alimentos são muito escassos. Assim, a soja representa tudo: gordura, carne, leite, pão e verdura.

Existem ali algumas centenas de variedades em vista das suas exigências quanto a precipitações, temperatura e horas de luz. Por isso cada distrito tem a sua própria variedade. Chineses emigrantes levaram esse precioso feijão aos Estados Unidos, onde logo se reconheceu o imenso valor, quer como alimento, quer como recuperador da terra.

Algumas milhares de variedades ali foram cultivadas, espalhando-se depois por todo o mundo. Hoje em dia, quase não existe produto nenhum que não possa ser derivado da soja. Rica em óleo, caseína, proteína, lecitina e vitaminas, ela está industrializada em larga escala e chocolate, celuloide, pão, lã, matéria plástica, margarina, borracha e até explosivos podem ser fabricados da soja. Uma planta que tem a capacidade de extrair tantos e tão valiosos produtos do solo e que possui a máxima quantidade de combinações de carboidratos, logicamente representa, como planta verde, um dos adubos mais ricos que conhecemos. Se já a palha, depois da colheita, é negociada como feno valioso nos países com alto nível de criação, quanto mais valiosa não será a planta antes da sua granulação?

Nas suas exigências, a soja é mais parecida com o nosso feijão comum que com qualquer outra leguminosa, o que facilita muito seu plantio. Mas ao contrário do feijão de fomento, a soja desenvolve um sistema radicular enormemente volumoso, que penetra a terra até grandes profundidades. Mas só podemos esperar nódulos de azoto (nitrogênio) se ela for inoculada com bactérias rizóbias. Uma vez plantada num campo, a terra fica logo infectada com essas bactérias simbióticas e não é mais necessária mais outra inoculação.

Mesmo que a semente não seja inoculada, o desenvolvimento às vezes não é muito inferior porque o vigor desta planta lhe permite extrair os alimentos necessários. Depois do plantio da soja nota-se principalmente um aumento do fosfato solúvel e um considerável aumento de potássio nas camadas superficiais do solo quando a massa verde se ache decomposta. A soja é a única planta capaz de fixar o fosfato em valiosa combinação com lecitina, substância indispensável para o normal funcionamento de nosso cérebro. A soja é notável melhoradora da estrutura do solo, mesmo quando, colhida a semente, só a palha for incorporada. A única coisa que pode tornar-se desvantajosa em relação ao feijão comum é o ciclo vegetativo, de 3 a 4 meses.

Recomenda-se plantar a soja em linhas de 30 cm de distância, seja para a colheita do feijão seja para a adubação verde, porque num solo pouco humoso a planta não tende a esparramar-se muito, mas a crescer bem alto. O plantio em 60 cm de distância, várias vezes sugerido, não o podemos aconselhar, porque quase sempre causa decepção. A imensa vantagem da soja é que sua cultura pode ser feita exatamente como a do feijão comum, nos mesmos solos, da mesma maneira. Cada agricultor conhece as exigências do feijão de fomento, que são as mesmas da soja, sendo, porém, a soja muito superior a ele, quer como feijão, quer como feno, quer como melhoradora da terra. Ela requer um pH de 6,5 e só forma nódulos na presença de cal.

Nota: A soja descrita aqui não é a transgênica.