Princípios Científicos da Agricultura Alternativa (Fita 1 – Lado A)

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Boa tarde, a pergunta que me fizeram é se a agricultura alternativa, a agricultura ecológica é um luxo, é uma mania de alguns loucos, ou é uma coisa necessária e científica. Muita gente me diz: olha a agricultura alternativa ecológica não tem base científica, francamente dita é a única agricultura que tem base científica porque a nossa base, a base da agricultura alternativa ecológica é justamente a fisiologia vegetal e as necessidades da planta e clima e terra tropical, que não existem muitas pesquisa científica isso é outro assunto.

Agora a agricultura convencional tem bastante pesquisa científica, porém somente de fatores isolados de modo que base científica ela não tem, então o que nós estamos justamente querendo de qualquer maneira implantar é um tipo de agricultura que não seja primitivista, que não vai para trás, que não prega somente botar um pouquinho de estrume, um pouco de composto e depois vai produzir o que der, não, uma agricultura auto-sustentável que só a família está nutrida e o resto está morrendo de fome, não, olha, tão primitivista a gente não pode ser, acho que pouca gente que pensa isso. O problema nosso é justamente de ter uma agricultura que é suportada pelo meio ambiente, quer dizer pelo solo, pela água, pelo clima, que é suportada socialmente e que não seja injusta, que seja suportada economicamente tanto pelo agricultor, como também pelo próprio governo e que finalmente seja também suportada futuramente e que não contradiz a toda base cultural que o povo possui. Para ter todos esses fatores mais ou menos satisfeitos nós temos que achar naturalmente um fator de consenso, um fator em comum que atenda a todos, porque desses fatores, dessa agricultura que seja sustentável por todos, depende justamente a nossa sobrevivência.

Porque se eu produzo hoje uma super safra e destruo a água, o solo, o clima o que é economicamente insustentável, eu pergunto: isso pode continuar? Não, não pode. Olha ninguém sabe, mas infelizmente é assim que nossa agricultura convencional é subvencionada no mundo inteiro, essa subvenção não é o que assisti, o Estado dá dinheiro para a agricultura, o governo está subvencionando o financiamento, e subvencionado às vezes adubo e máquinas como existe na cultura da cana-de-açúcar, está subvencionando a exportação pela minidesvalorização permanente da nossa moeda. É uma subvenção para poder exportar, nada mais. Ele está armazenando por conta deles e essa armazenagem custa dinheiro. No Brasil não existe dado, mas por exemplo, na Alemanha conseguimos um dado que o governo gasta anualmente doze bilhões de marcos simplesmente no estoque de colheitas que não podiam ser vendidas. Então tudo isso é uma subvenção que pesa e que, por exemplo, nos “cuvianos” europeus hoje é praticamente a única fonte de inflação e pesa no próprio orçamento interno do governo e a inflação que por exemplo temos nesses estados é especialmente por causa da subvenção da agricultura. Então por causa de todas essas razões temos de procurar outro caminho. Na América, por exemplo, quando o governo ano passado, tirou uma parte da subvenção à agricultura 30% dos agricultores abaixo de 200 alqueires foram à falência, simplesmente entregaram a terra. E a previsão que existe se esse tipo de agricultura continuar, até ano 2000 exista em todos os EUA 50.000 agricultores, o resto se foi, então só fica algumas enormes agroindústrias e não tem mais agricultor.          

Fim da Fita 1 – lado A