Quando Ana suspeitava que algum filho estava com deficiência de cálcio, como por exemplo suar muito na cabeça, ou as pálpebras tremerem, ela preparava o suplemento de cálcio. Colocava ovos lavados e limpinhos inteiros e em uma vasilha. Cobria-os ovos com suco de limão caipira e cobria o recipiente com um tule. Quando o limão havia dissolvido todas as cascas dos ovos e estes ficavam só com a pelezinha interna, Ana batia tudo no liquidificador, coava, acrescentava um pouco de mel e um cálice de rum ou licor e guardava numa garrafa. As crianças tomavam 1 colher de sopa duas vezes ao dia. Os mais diversos sintomas da deficiência de cálcio desapareciam. É um cálcio altamente assimilável pois é totalmente natural.
Kazuko Miyasaka também conta como sua mãe, Koyuki Sakiara, usava as cascas de ovos para melhor aproveitamento do cálcio. Kazuco, esposa de Shiro Miyasaka, grande amigo de Ana Primavesi e o responsável pela introdução na soja no Brasil (ele faleceu em 2017), escreveu um livro sobre a soja chamado: “A soja em nossas vidas”. Nele relata a receita da mãe:
“Outra receita interessante era o bolo de bagaço de soja enriquecido com a casca de ovo. Minha mãe enfileirava as cascas de ovos numa peneira de taquara feita pelo meu pai, punha para secar ao sol, e depois de bem sequinhas, triturava no suribachi (tigela de cerâmica com sulcos internos, inclinados). Depois de trituradas as cascas, ela peneirava e adicionava aos bolos, para melhorar a oferta de cálcio. (…) Quando fui fazer, pela primeira vez, aos 75 anos, uma densitometria óssea, o médico parabenizou-me pelos meus ossos, dizendo: “Olha seus ossos são tão fortes que você pode brigar com seu marido, não tem perigo”.
No filme “A Vida do Solo”, concebido e realizado por Ana Primavesi, o Cálcio é um personagem importantíssimo que vai agregando o solo, pouco a pouco, e é explicado que num solo sem cálcio, as minhocas não prosperam.
Perguntamos a nosso querido amigo Romeu Mattos Leite, da fazenda Yamaguishi, se haveria problema de se usar cascas de ovos oriundas de galinhas que vivem em granjas e que, portanto, recebem antibióticos. Ele nos explicou que a casca do ovo não orgânico pode conter algum resíduo de antibiótico porque ele se fixa ao carbonato de cálcio da casca. Já sobre o teor de cálcio, não sabemos dizer se há alguma diferença na casca. O cálcio dado às galinhas de granjas é o sintético, o das orgânicas, é um mais natural.
Ana Primavesi mostra também que o cálcio está na dependência de outros elementos para ser absorvido. Por ex:
– Ca/K = 8/1
– Ca/Mg = 3 a 6/1
– Ca/Mn = 530/1
(Fonte: Manual do Solo Vivo pág. 141)
O que esses números significam?
No primeiro caso (Ca/K), é preciso que haja um átomo de potássio (K) para que 8 átomos de cálcio sejam absorvidos. No segundo caso (Ca/Mg), é preciso um átomo de magnésio (Mg) para que de 3 a 6 átomos de cálcio sejam absorvidos. Na última proporção, um átomo de manganês faz com que seja possível absorver 530 átomos de cálcio.
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