O Solo Na Produção Agrícola

O SOLO NA PRODUÇÃO AGRÍCOLA – Resumão da Primavesi

Segundo Mokiti Okada, “o solo é uma matéria misteriosa (composta de espírito e matéria) criada por Deus para alimentar a humanidade”. Tudo no Mundo é composto de espírito (fogo) e matéria (terra e água =simbolizada pela lua). Isso  significa que não é somente um suporte para adubos, água de irrigação e plantas como se ensina atualmente, mas um ser vivo, com vida própria e portanto com uma força  vital  toda particular que produz as plantas. Pelos  agroquímicos (NPK e defensivos) o solo perde sua força, “se torna sujo” e endurece. Ele se torna doente, as plantas enfraquecem e são atacadas por parasitas e os homens ficam doentes por serem obrigados a comer os alimentos aqui produzidos.

Portanto: solo-planta-homem são uma unidade indissolúvel  e vale a sabedoria: solo doente – planta doente – homem doente. E como a nova  era,  a da  “divina  luz”  (OHIKARI) eliminará doença, pobreza e conflitos, a recuperação  ou saneamento do solo e seu manejo conforme  previsto pela natureza (Agricultura Natural) é a base desta nova era que se inicia, da cultura espiritual (dia) , e que segue a era da cultura material (noite) que está terminando e que destruiu solos, águas, atmosfera e a saúde  humana.

            Num e-mail de um professor indiano me foi perguntado: “A violência urbana tem sua origem na decadência do solo?” Parece absurdo, mas não o é. Solo doente somente pode produzir plantas doentes e elas são doentes antes que os  parasitas as ataquem. Ficam doentes mesmo quando mortos os parasitas. Vale o mesmo que Mokiti Okada fala sobre remédios administrados contra doenças. Os sintomas desaparecem, as doenças permanecem. O homem comendo plantas de baixo valor biológico não pode manter sua saúde e portanto também está doente.

            Os antigos romanos diziam: “somente num corpo sadio mora um espírito sadio” de modo que num corpo doente não pode viver um espírito sadio. A maioria cai na depressão, de modo que sofrem de depressão e os outros, em parte, explodem na violência. 

            O solo é a base  de toda vida em nosso Globo. Sem ele não existiria natureza, nem Meio Ambiente Ele influi em tudo inclusive no caudal dos rios e sobre a água potável, que se perde quando sua superfície perde a porosidade (endurece). Os oceanos devem receber dos continentes matéria orgânica para a vida do plâncton que nutre grande parte dos peixes e que fornece oxigênio aos continentes. Por outro lado, a aração do solo tropical leva a uma decomposição explosiva da matéria orgânica que enriquece a estratosfera ainda mais com  gás carbônico, aumentando o efeito estufa em lugar de fornecê-lo às plantas para a fotossíntese ou mais correto quimiossíntese em que a luz solar é transformada em compostos químicos, a  matéria orgânica.

As plantas que vivem com suas raízes no solo expiram oxigênio, vital para os seres humanos,  e sua atividade é tanto maior quanto mais profundo e profuso for seu sistema radicular.

Todos os ecosistemas são diferentes, segundo o solo, o clima, a altitude e a pressão atmosférica, a inclinação do terreno e com isso a insolação, o desmatamento e consequentemente frequência de vento, etc. É lógico que em clima temperado os ecosistemas são muito diferentes dos de clima tropical. Por enquanto se considerou todos os ecosistemas como defeituosos que não eram igual aos de clima temperado como nos EUA ou Europa. Mas pergunta-se: Deus fez tudo cem por cento certo no hemisfério Norte e tudo completamente errado no hemisfério Sul, nos países tropicais? Deus erra? Deus não erra mas a tecnologia transferida dos ecosistemas temperados aos tropicais destruiu os solos e baixou as colheitas radicalmente, fora dos problemas acarretados pelos agroquímicos. O ecossistema tropical é o acertado para a região quente. Aqui os solos têm de ser pobres para permitir a absorção vegetal durante as horas quentes do dia. Os solos têm de ser protegidos contra o sol para não aquecer-se demasiadamente (atingem até 74graus C na América Latina e até 83graus C na África). A partir de 32oC a planta não consegue mais absorver água.

            Também devem ser protegidos contra o impacto das chuvas torrenciais que  encrostam a superfície, formam lajes duras subsuperficiais e causam erosão, enchentes e em seguida a seca. Em regiões com solos decaídos as populações vivem flageladas: uma vez pelas chuvas torrenciais e enchentes, depois pela seca. Uma situação intermediária, normal, já não existe mais.

            As raízes têm de ter a possibilidade de crescer profunda e profusamente.  A partir de 50 cm de profundidade, geralmente, o solo possui uma temperatura estável e é mais difícil ele perder sua umidade.

            Nos trópicos, a matéria orgânica raramente forma ácidos húmicos e  húmus não se acumula no solo como em clima temperado por causa de uma reciclagem muito rápida. Portanto, o que se deve controlar não é a quantidade de matéria orgânica acumulada no solo (porcentagem de carbono) mas a agregação x compactação do solo. No clima temperado se  opta pela produção de composto, porque a decomposição da matéria orgânica é lenta e dura quase 3 anos.  Nos trópicos mesmo a mais dura palha é decomposta em 6 semanas. De modo que aqui a compostagem não é indispensável. Por outro lado, a aplicação da matéria orgânica deve ser feita sempre na camada superficial porque a partir de 15 cm o solo tropical é anaeróbio produzindo, durante a decomposição, gases altamente tóxicos para as raízes vegetais como metano ou gás sulfídrico enquanto que em clima temperado até em 35 cm de profundidade o solo ainda é aeróbio, podendo produzir calor na decomposição da matéria orgânica. Tanto palha como matéria verde, quando superficialmente incorporada, não impedem a semeadura imediata. Quando profundamente incorporada, exigem-se 3 a 4 meses de carência.

            O adubo químico (NPK) força o esgotamento do solo nos demais nutrientes ( a planta necessita no mínimo 45 minerais) uma vez que todos os nutrientes existem em proporções fixas. Assim p.ex. para cada 1.500 partes de N deve existir 1 parte de Cu e para cada 35 partes de P deve existir 1 de Zn, ou para cada 35 a 100 partes de K deve existir 1 de B e etc. Esta proporção aparece também nas curvas de calibração dos nutrientes e a partir do ponto em que faltar o “elemento par”.  O aumento da quantidade do adubo (NPK) não aumenta mais as colheitas mas as baixa.  A deficiência, mesmo  quando induzida pelo excesso de um macronutriente, em animais e homens, causa  graves problemas. Assim, a deficiência de Cu causa filhos paraplégicos, a deficiência de Mn, filhos deformados e a deficiência de Zn causa crianças aparentemente com problemas mentais. Somente esta última deficiência é recuperável se as crianças recebem zinco.

            O problema atual é que as variedades comerciais não são adaptadas ao solo e ao clima, mas são criadas para elevadas doses de NPK (HYV e HRV) ou, no mínimo, têm origem em outros países e continentes, como a maioria das hortaliças (EUA, Holanda, Itália) de modo que composto pode, mas não precisa ser, o suficiente para manter a saúde das plantas como mostram as fotografias Kirlian. 

As culturas somente são atacados por parasitas, tanto insetos como micróbios, quando faltar um elemento nutritivo, que de fato não é nutriente mas ativador de alguma enzima catalizadora. Se a enzima falhar, a substância não consegue mais continuar a se formar  e fica no meio caminho. Por ex., em lugar de formar uma proteína ela permanece como aminoácido que pode ser tanto lixiviado pela chuva como atacado por parasitas. Insetos e microrganismos são somente a “Polícia sanitária” do nosso Globo para eliminar tudo que é fraco, doente, velho ou morto deixando somente continuar o que é vigoroso e totalmente saudável. Assim se impede a degeneração da vida e se garante a sua continuação.

            Ervas invasoras ou inços indicam tanto a deficiência mineral como deficiências físicas do solo. Também as próprias folhas das plantas indicam as deficiências existentes.

            Para se poder fazer novamente uma agricultura natural, necessitam-se variedades adaptadas ao clima e ao solo, bem como a regionalização das culturas de alimentos principais para ser baratos e acessíveis a todos. Em solos sadios também os seres humanos serão sadios.