Trofobiose e Efeitos dos Agrotóxicos e adubos concentrados sobre as plantas

Trofobiose significa que todo e qualquer ser vivo só sobrevive se houver alimento adequado disponível para ele.

Quando se aumenta um dos nutrientes, os outros entram em deficiência. Como cada excesso induz a uma deficiência e cada deficiência “chama” um parasita, a aplicação rotineira de algum defensivo com base mineral, tanto faz se é químico ou chamado de orgânico, como a calda bordalesa, sempre acarreta o excesso de um mineral e a deficiência de outros. Isso, infalivelmente, provoca o ataque de algum parasita. Pode se dizer, portanto, que essa é a razão dos “calendários de pulverização” porque se sabe, por experiência, quais as pragas que vão aparecer como sequela do defensivo aplicado.

Assim, em videiras, Maneb contra Botrytis provoca antracnose; fosforados em excesso a controlam, mas provocam a broca-do-caule, e assim por diante.

Todos os agrotóxicos entram na planta pelas folhas, raízes, frutos, sementes, galhos e troncos. Todos diminuem a proteosíntese (formação de proteínas) prejudicando a resistência das plantas. Agrotóxicos matam minhocas, besouros e outros organismos altamente benéficos para a agricultura.

Ninguém vai passar fome por causa de menos pesticidas. É preciso buscar o manejo integrado que melhora o solo, sua produtividade e o equilíbrio de sua vida. Não se procura o “inimigo natural” e sim se proporciona que todos controlem todos, e as plantas se tornam bem nutridas.

Pelos herbicidas a agricultura convencional era capaz de abrir as “fronteiras agrícolas” plantando industrialmente imensas áreas com suas super safras. Mas o plantio industrial exigia a especialização em uma ou outra cultura como, por exemplo, somente soja ou somente algodão, imensas monoculturas que nunca mudam porque seus donos possuem as máquinas para poder plantar, tratar e colher somente estas. Mas monoculturas criam “suas” invasoras específicas e que, como tudo na natureza, se adaptaram aos herbicidas. Portanto, estes tinham de ser cada vez mais tóxicos. Até criaram herbicidas tão tóxicos que somente uma variedade, especialmente criada para resistir a eles, pode ser plantada. São as famosas HT variedades ou herbicida tolerant. As outras morrem igual às invasoras. E pouco a pouco os solos se desertificam.

Não se sabe se o PD (plantio direto) foi criado por causa dos herbicidas ou os herbicidas foram criados para atendê-lo. Normalmente as grandes propagadoras do PD, como é conhecido, são as firmas de herbicidas. Nos campos gerais do Paraná, onde os solos são pobres e o clima ameno, a decomposição é lenta e acumula-se uma camada grossa de palha na superfície do solo, que o protege contra a pressão das meaquinas, a perda de água e a germinação de “invasoras”.

Após quatro anos, normalmente os herbicidas são dispensáveis. Nas regiões com solos mais ricos e clima quente a decomposição da palha é rápida, não havendo acumulação de suas camadas. Ao contrário, tem de ser feito o adensamento do espaçamento das plantas para proteger o solo. Mas o problema não é somente a compactação forte dos solos pelas máquinas agrícolas, mas a obrigação do uso permanente de herbicidas dessecantes. E como esses se restringem a umas poucas fórmulas como o 2,4 D isolado ou associado com outros agentes químicos como glifosato para ter efeito mais prolongado, eles se tornam persistentes nos solos.

São substâncias hormonais que forçam as invasoras “crescer à morte”, ou seja, aumentam de tal maneira o crescimento que as plantas não conseguem o suficiente para seu sustento e morrem de exaustão. Mas hormônios são de decomposição difícil e quando usados ano a ano durante oito anos ou mais não atavam somente as invasoras mas também as plantas de cultura cujas raízes se tornam deformadas, aleijadas, encarquilhadas, grossas e pouco extensas, tendo dificuldade de absorção de água. Em culturas não irrigadas, épocas de seca podem se tornar catastróficas, mesmo em solos naturalmente ricos.

 O que fazer? Abandonar as monoculturas, introduzindo novamente o rodízio de culturas.

Um dos maiores problemas é o dos herbicidas persistentes. Não se degradam facilmente e podem tornar os solos improdutivos por anos.

A natureza tem um único objetivo: garantir a continuação da vida, ou seja, recuperar o que foi arruinado, sanar o que esteve doente, eliminar o que não presta mais. Se nossas culturas estão tomadas de plantas invasoras e perseguidas por pragas, o caso não é o de aumentar a toxicidade dos defensivos e pulverizar  com mais frequência, mas de sanar o que foi estragado. Assim, por exemplo, a Brusone que os americanos chamam blast (Piricularia oryzae) devasta as plantações de arroz no mundo inteiro, não existindo nenhum defensivo capaz de controlá-la efetivamente. É um castigo de Deus? Não, absolutamente não! É somente a deficiência de manganês  e cobre. Com cobre na semente e no solo ela não aparece mais. A Botrytis, tão devastadora em plantações de verduras, somente aparece em plantas deficientes em boro.

Existem muitos e muitos exemplos que poderiam ser dados. Tudo tem sua razão de ser.