Deficiências minerais, desequilíbrios, pragas e doenças: uma reação em cadeia

Para uma cultura poder ser atacada por parasitas, necessita-se:

  • que estes se multipliquem livremente, o que ocorre normalmente em monoculturas;
  • que a planta ofereça a substância que o parasita pode utilizar;
  • que o dispositivo de autodefesa da planta esteja desativado, e isso acontece pela deficiência em micronutrientes.

Portanto, parasitas não atacam somente porque se multiplicam muito mas porque as plantas “oferecem” o que eles podem utilizar.

As plantas oferecem estas substâncias semi fabricadas quando em seu anabolismo ou catabolismo alguma reação química não se concretizou.

Cada reação química na planta depende de um catalisador, normalmente uma enzima. Em princípio, enzimas são proteínas que se juntam a uma vitamina e que são ativadas por um mineral. Se faltar este mineral como ativador ou parte prostética, a reação não ocorre ou muito vagarosamente. Acumula-se uma substância semi fabricada que circula na seiva e se “oferece” a quem possa utilizar. Agora a planta é parasitada. Mas não é o parasita que torna a planta doente, ela já era doente antes de ser atacada. E mesmo se os agrotóxicos matam o parasita, a planta continua doente, como mostra seu campo magnético. A energia dela vai embora.

A acumulação de substâncias parasitáveis ocorre, pois, graças à deficiência ou o desequilíbrio de um nutriente.

Os micronutrientes não são menos importantes do que os macronutrientes. Por exemplo, as plantas precisam de muito potássio porque este age somente em uma única reação química, mas necessitam de pouco cobre porque este é capaz de catalisar até 10.000 reações. Todos os nutrientes existem em determinado equilíbrio com os demais e seus desequilíbrios causam a suscetibilidade vegetal e parasitas.

Assim, por exemplo, nitrogênio e cobre, em folhas de citrus, possuem a proporção de N/Cu=1250. Isso significa que para cada 1250 átomos de nitrogênio, é preciso 1 átomo de cobre. Por outro lado, o potássio, em muitos casos, aumenta a resistência das plantas, no mínimo em clima temperado, onde sua deficiência é frequente.

Na natureza, portanto, os minerais nutritivos no solo não existem isolados mas em proporções determinadas. E o aumento de um provoca a deficiência de outros. P/Zn, Ca/Fe, Mn/Fe, N/Cu ou Ca/Mn possuem proporções mais delicadas, geralmente o excesso de um nutriente provoca a deficiência do que se encontra no nível mais baixo. Assim, no excesso de fósforo podem se tornar deficientes Zn, Mn, Mo, B e até K e Ca.

Fora os desequilíbrios, pode acontecer também a menor absorção de um elemento quando faltar outro. O fundo preto de tomates ocorre sempre quando existe a deficiência de cálcio, porém é causada pela deficiência de molibdênio que não é absorvido neste caso. Uma adubação foliar com cálcio não faz efeito nenhum enquanto a a adubação foliar com molibdênio o remove.

Uma adubação com NH4 pode provocar a toxidez de alumínio ou manganês, por exemplo.

Isso mostra que a ideia de saturar o solo com fósforo esbarra no desequilíbrio de vários nutrientes. Também é a razão porque o uso intensivo de NPK esgota o solo em micronutrientes. De qualquer maneira, as plantas necessitam de todos os nutrientes de maneira equilibrada.

Também é a razão porque numa calibração de nutrientes, estes, no início, fazem subir o rendimento, mas a partir de determinado ponto, o aumento deste nutriente causa o decrescimento da colheita: entrou em desequilíbrio com outros nutrientes. Um solo onde se querem corrigir deficiências sempre deve possuir um nível adequado de matéria orgânica.  Aplicações foliares devem ter uma concentração não superior a 1,8% para garantir a absorção.

Conclusão:

Em solos decaídos, a perda de biodiversidade em consequência de monocultivos e o desequilíbrio entre os nutrientes torna as plantas fracas, suscetíveis a pestes e pragas, especialmente quando superalimentadas com nitrogênio. Em solos compactados, o metabolismo vegetal é moroso e ineficiente, as raízes se expandem pouco ou parcialmente e os nutrientes são reduzidos.  As plantas nessas condições são fracas e “doentes”, não servindo mais para uma vida vigorosa. A natureza as condena a ser destruídas. Parasitas somente são a “polícia sanitária” do Globo terrestre.

A ciência analítica-sistêmica considera os ciclos e sistemas inteiros e as relatividades na agricultura. A tecnologia holística recupera e protege, antes de tudo, o solo e sua estrutura porosa para facilitar a penetração de água garantindo o abastecimento do nível freático, que alimenta fontes e rios. O mundo não seca por causa da falta de água mas por causa da falta de matéria orgânica na superfície do solo e a consequente falta de uma estrutura agregada. Portanto, a defesa integrada das culturas inclui rotação de cultivos, adubação verde, plantio mais adensado e cobertura morta para intensificar e diversificar a vida do solo responsável por sua bio-agregação.. também prevê a proteção a proteção contra o vento. Outrossim, os micronutrientes têm de ser fornecidos quando deficientes por serem catalisadores nos processos químicos da planta. Sem eles, os processos vitais não se concretizam, sujeitando a planta a parasitas.

Supõe-se que o meio ambiente tem de ser destruído para poder produzir colheitas. Mas somente máquinas indiscriminadamente utilizadas, monoculturas e agroquímicos, inclusive adubos refinados e concentrados altamente hidrossolúveis destroem. Florestas, renques “quebra-vento” como o semi sombreamento de pastagens aumentam a produção. Meio ambiente e agricultura não são antagônicos e devem conviver harmonicamente. Muitas pragas e doenças vegetais podem ser evitadas por uma melhor nutrição das plantas.