Tratamento das sementes e dosagem de micronutrientes

Se nós utilizamos o adubo menos refinado, como o Yoorin, o fosfato natural, o pó de basalto, a farinha de osso, a Escória de Tomas, temos geralmente uma boa porção de nutrientes juntos e não precisamos de micronutrientes separados. Agora, se usamos o fosfato de amônio ou qualquer outro adubo muito refinado e muito concentrado, então naturalmente os micros estão faltando completamente.

Os melhores micronutrientes que estão no mercado são os silicatados e de difícil dissolução. Eles se dissolvem nos ácidos excretados pela raiz e podem, geralmente, durar uns 4 a 5 anos no solo, quer dizer, esta dosagem  de micronutrientes que varia entre 20 e 30 kg por tonelada de adubo é suficiente para, no mínimo, uns quatro anos. As quantidades que as plantas necessitam são mínimas, por isso se chamam micronutrientes. Mas o boro se usa em forma de tetraborato de sódio, ou o tal chamado Bórax – é um sal retro-solúvel. Uns 3 a 5 kg por hectare são suficientes de modo que a quantidade que a cultura exige é muito pequena.

No micronutriente, há um pormenor que é muito importante: a planta faz o seu programa de utilização de nutrientes no momento em que começa a germinação ou o inchamento fisiológico da semente, porque na primeira parte a semente simplesmente absorve a água de maneira física. E a partir de um certo ponto, ela começa com a absorção fisiológica, quer dizer, já com  a atividade da própria semente. Neste momento a planta faz seu programa. Se o micronutriente não está a disposição neste momento, a planta pode absorver o nutriente mas não vai aproveitá-lo porque o programa foi feito com deficiência deste micronutriente.

Temos o exemplo clássico da couve-flor: quando falta molibdênio ela não forma o limbo foliar, somente as veias. O limbo foliar falta completamente. Eu posso por molibdênio quanto eu quiser na terra, ele não vai formar o limbo foliar, vai ficar daquele jeito. Mas a semente que ela vai formar está rica em molibdênio, então a segunda geração irá formar plantas normais, mesmo em terras deficientes daquele elemento.

O mesmo nós fizemos com o arroz. O arroz das águas precisava de cobre e não reagiu à adubação. Nós juntamos 2,5 kg de sulfato de cobre à água de irrigação. Mas no momento em que nós pulverizamos a semente com a solução de 0,8% a 1% de sulfato de cobre, o arroz reagiu bem ao cobre e quase triplicou a colheita e ainda tinha o efeito de não quebrar mais na máquina. Por isso, a primeira vez que nós usamos micronutrientes na terra também fazemos tratamento da semente, porque geralmente ela está deficiente também. Falta a reação e isso faz com que os micronutrientes sejam pouco utilizados porque o pessoal está achando que não faz efeito mesmo e a deficiência continua. Não faz efeito porque a semente não tinha à sua disposição o micronutriente de que precisava.