Embora tenha trabalhado muito tempo na Universidade, eu nunca deixei de ser agricultora. Nós plantamos, por exemplo, arroz irrigado numa área que, normalmente, produziria 85 sacos por quadra de arroz.
Isso dá mais ou menos 2300 kg por hectare. E com todo o adubo nunca se conseguiu mais. Quando peguei esta área, eram 35 hectares. Eu disse: Olhe, acredito que o empecilho para a produção de arroz é: primeiro que falta a base da fertilidade que é o calcário, o cálcio e o magnésio que o arroz precisa de qualquer maneira e que nunca foi posto porque eles acham que o pH sobe, mas não é caso de pH, é caso de nutriente; e segundo que é uma camada que perdeu todo seu oxigênio, que nós chamamos de camada de redução. Se começamos a arejar esta camada, o arroz devia produzir mais. Então nós devolvemos toda a matéria orgânica e todo mundo diz: Vai ver, vai sumir. Eu disse não, porque o capim nasce justamente por causa desta camada que perdeu seu oxigênio. Então, se há oxigênio nesta camada, o capim não tem condições e o arroz tem.
O resultado foi que em lugar de 85 sacos, nós colhemos 411 por quadra, porque era uma produção de mais ou menos 10 toneladas por hectare. Com o mesmo adubo, ou menos ainda, porque nós não botamos nitrogênio, nós usamos somente 300 kg de farinha de osso, nada mais. O mais interessante foi que o quando mandamos o arroz para o moinho, recebemos o preço para grão longo que era 20% maior. Porque era arroz que não quebrava na máquina, de excelente qualidade. Então vocês veem que, além da quantidade, aumenta também a qualidade.
Eu posso aumentar só a quantidade, colocar pesticida, mas a qualidade é muito inferior. O mesmo aconteceu com a plantação de milho. Nós plantamos milho e o milho foi adubado com micronutrientes porque verificamos que quando se bota um pouco de zinco, a broca do colmo não aparece na fase inicial e não mata tantos pés de milho. Então botamos zinco, cobre e boro, que era nesta zona bastante deficiente. O resultado foi um milho com bastante teor de proteína e o vendemos para o haras da Universidade. Antes os cavalos necessitavam receber o milho misturado com aveia, com cenoura e com mel, senão não aceitavam. Com este milho eles perseguiram o tratador e no fim arrombaram o depósito porque queriam comer mais. Eles acharam tão gostoso! Vocês veem que não somente a colheita subiu a 10 toneladas por hectare mas também conseguimos um produto mais gostoso e mais nutritivo. Quer dizer, tinha o dobro do valor nutritivo de que o milho comum. De modo que nós temos a possibilidade de produzir muito mais e melhor, se quisermos.