Relações simbióticas e antibióticas

É característico aos microrganismos excretarem complicados complexos orgânicos quando em atividade. E, apesar de acontecer somente em quantidades mínimas, resulta disso a maioria dos efeitos simbióticos e antibióticos, porque é justamente a ação dessas substâncias que atrai ou repele outros organismos.

Temos aqui as seguintes possibilidades:

  • Competição dos microrganismos pelos nutrientes disponíveis;
  • Um microrganismo vive das excreções de outro;
  • Para efetuar uma decomposição, necessitam-se diversas espécies de organismos
  • Eles excretam substâncias hostis a outros organismos, como por exemplo o Penicillium notatum ou muito mais ainda o Trichoderma viride (excreta gliotoxina e viridina) que é um dos mais poderosos antígenos do solo, tendo sua importância econômica, especialmente no fato de atacar, também prontamente, todos os patógenos vegetais;
  • Eles vivem como citófagos (que destroem as células) e parasitas.

Esta qualidade de produzir antibióticos não se prende exclusivamente aos fungos, mas é também própria a vários actinomicetos e bactérias, como por exemplo aos Pseudomonas aeruginosa e Pseudomonas piocianea, que produzem substâncias que matam protozoários tais como flagelados e ciliados. Mas nunca aparece uma concentração de antibióticos nas camadas superiores do solo porque ali existem outros organismos que os decompõem.

Quanto mais alcalino o solo, tanto mais devagar decompõem-se os antibióticos. NORMAN descobriu que grande parte dos antibióticos é lixiviado para o subsolo. Estas camadas, abaixo de 15 cm, viradas para a superfície, somente muito vagarosamente se populam com microrganismos, porque têm de transpor primeiramente a barreira que se opõe, quer dizer, têm de oxidar primeiro os antibióticos.

Os micélios de fungos são atacados por bactérias que extraem dali o seu alimento e os matam finalmente. Assim, as bactérias limitam rigorosamente o número de fungos no solo, evitando a sua ilimitada proliferação.

Estes fatos nos permitem concluir que uma aração profunda é prejudicial porque geralmente vira a terra morta para a superfície que se desintegra formando crostas, impedindo a infiltração das precipitações e abafando as camadas vivas, agora enterradas. Cria a suscetibilidade do solo à erosão; também é prejudicial porque as camadas subjacentes são ricas em antibióticos, que evitam a pronta população em microrganismos, mantendo assim a terra por maior tempo suscetível à peptização, quer dizer, favorecem a erosão.

Numa terra bem arejada, solta e fofa, existe um perfeito equilíbrio entre os microrganismos, que evita a multiplicação incontrolada de fungos e outros micro seres  que podem tornar-se patógenos vegetais.

Qualquer modificação física ou química provoca igualmente uma modificação biológica, causando um sério desequilíbrio no domínio microbiano, que pode ser altamente prejudicial às culturas agrícolas. A nossa maior preocupação deve ser de manter, rigorosamente, este equilíbrio dos microrganismos no solo para o bem de nossas culturas.

Em terras ácidas, prevalecem os fungos e aumenta também a proporção de antibióticos, esterilizando sempre mais o solo. Quanto mais estéril o solo, tanto maior o perigo da erosão, porque falta a defesa biológica.