Toda a vida em nosso planeta origina-se das plantas. Elas são os únicos seres capazes de transformar energia livre e luminosa em energia química, ou seja, em folhas, folhas, flores e frutos. Sem as plantas, não existiria vida.
As plantas, que realizam a fotossíntese, dependem do solo, que fornece água e minerais absorvidos pelas raízes. Existe uma estreita inter-relação entre a raiz e a parte aérea da planta. As folhas mandam substâncias formadas à raiz para nutri-la e para aumentar seu potencial de absorção. A raiz absorve água e nutrientes e manda-os à folha, enquanto excreta os produtos metabólicos de que a planta não precisa mais, como diversos ácidos, álcoois, etc.
A planta precisa reverter parte da energia da fotossíntese para outro tipo de energia, e para esta reversão, ela necessita do oxigênio do solo. Somente o arroz é capaz de mandar o oxigênio captado pelas folhas por uma tubulação (o arênquima) à raiz. Mas este processo sobrecarrega muito a planta e ela produz menos. Para o início da formação das substâncias, que ocorre no colo da raiz, a planta também necessita de oxigênio. Nenhuma parte vive sem a outra e o bem-estar de uma depende da outra. Não existe planta sadia com a raiz atrofiada e mal desenvolvida.
Portanto, o solo é o bem mais valioso da natureza. Em estado natural, ela o protege com duas (pastagem) e até três (floresta) camadas formadas de árvores, arbustos e ervas e de uma camada morta de folhas mortas. Tudo isso para que o solo não o aqueça e a chuva não bata nos seus agregados, despedaçando-os, fechando os poros por onde devem entrar ar e água e formando uma camada impermeável com pouca profundidade, impedindo o crescimento das raízes.
Somente 4% da luz solar atinge o solo numa mata, por isso ela fica numa temperatura agradável. Acima de 32 graus, fora o algodão, nenhuma outra planta consegue absorver a água. E se o sol aquece o solo, este seca e o vento carrega sua umidade.
Não se pode supor que Deus errou ao criar o solo tropical. E sabemos que ecossistemas são engrenagens finíssimas sincronizadas. Cada peça se ajusta exatamente à outra. Sabemos também que a mata tropical produz cinco vezes mais biomassa do que uma mata de clima temperado. Nos trópicos, por volta do meio-dia, no verão, as plantas fecham suas aberturas nas folhas (seus estômatos) para que não escape muita água e para que esta não se evapore. Mas isso funciona como uma porta semi-aberta: é difícil sair e entrar. Dessa forma, entra menos gás carbônico (CO2) e a fotossíntese baixa. A raiz recebe menos produtos da folha e diminui sua força de absorção. Se o solo fosse rico em nutrientes, a raiz fraca iria perder água em lugar de absorvê-la. Portanto, o solo tropical, forçosamente, tem que ser pobre por unidade, seja por quilo ou dm3.
Assim, a concentração dos nutrientes é de sete a dezesseis vezes menor do que nos solos norte-americanos ou europeus. Em compensação, nossos solos são de três a trinta e cinco vezes mais profundos e muito melhor agregados. Enquanto solos temperados se agregam pelo cálcio (Ca++), que é igualmente um nutriente e pode ser gasto facilmente, os solos tropicais se agregam, no início, por ferro e alumínio, que são íons muito mais fortes (Al+3 e Fe+3) e que causam uma agregação bem mais estável, o que não dispensa a agregação por substâncias orgânicas que criam grumos de 1 a 3 mm e a agregação por minhocas de até 4 mm.
Enquanto as raízes em clima temperado exploram somente um volume muito pequeno de solo, as de clima tropical exploram um espaço até trinta vezes maior. Neste espaço, não se encontram somente os nutrientes necessários mas também água fresca suficiente. Sabe-se que 1 kg de adubo misturado em uma quantidade X de solo, produz certa quantidade de folhas ou grãos. Mas quando for misturado em quatro vezes de solo, ele produz três vezes mais.
O solo tropical é exatamente o que se necessita em clima quente. Só que a tecnologia de clima temperado não é adequada e destruiu nossos solos.