A Revolução tecnológica veio com tudo. A tecnologia digital, a energia atômica, o transporte aéreo, a medicina cada vez mais refinada. O homem domina as epidemias, faz transplantes, consegue aumentar em muito a vida. As sociedades mais avançadas vivem num bem estar nunca antes conhecido. O homem domina a natureza, o Mundo.
Mas ele domina mesmo?
A natureza estocou o gás carbônico que estava sobrando em forma de petróleo para não poluir a atmosfera e não criar um efeito estufa. O homem descobriu esses estoques e os usa deliberadamente soltando o gás carbônico para a estratosfera, causando o efeito estufa que a natureza temia. Agora os polos e as geleiras estão descongelando. A água nos oceanos aumenta e com isso sua pressão sobre o fundo do mar é maior. Aí, ocorreu um tsunami, um maremoto.
O homem descobriu o átomo. Primeiro os chineses por meditação e o veneraram como o início de tudo. Depois os americanos através de física, e fizeram bombas atômicas para dominar o mundo.
Mas eles dominam a força atômica?
A natureza tinha uma válvula de segurança para que a vida do globo não degenerasse: as epidemias, pelas quais eliminava a todos que não eram mais estritamente adaptadas às condições do Globo. Existe permanentemente uma “erosão geológica”, de modo que sucessivamente faltam minerais e a vida tem de se adaptar.
A natureza usava as bactérias e fungos como patógenos, tanto em homens como em plantas e animais para eliminar o que por causa de uma deficiência era fraco e doente, aleijado ou somente velho. Assim conseguia conservar uma vida pura e forte…
O homem descobriu as vacinas e os agrotóxicos com que defende homens e plantas contra os “patógenos”, que agora não podem mais matar os inadequados para a vida. E a vida está se degenerando. Um exemplo é uma das maiores reservas naturais do mundo, a Serengeti… Deixaram fora os predadores como leões e leopardos e pensaram que agora seria um paraíso animal. Não foi. Todos os animais degeneraram, inclusive os elefantes e tinham de reintroduzir os predadores se conservassem com saúde e não degenerassem e desaparecessem…
O homem derrubou as florestas com sua enorme biodiversidade para cultivar as terras com monoculturas.
No clima frio do hemisfério norte, introduziu a aração, isto é, o revolvimento para que a terra esquentasse mais rápido na parte de baixo depois do congelamento do inverno. Imitaram isso no clima tropical, embora a terra não estivesse congelada. Pela oxigenação radical havia um aumento explosivo de bactérias e a terra perdeu boa parte de sua matéria orgânica, que era a alimentação de sua vida. Sem vida ela compactou. Faltava ar, oxigênio. E também ficou mais ácida… aí apareceram minerais que viraram tóxicos, como o alumínio, o ferro e o manganês, que foram neutralizados com calcário. Consequentemente a terra perdeu mais matéria orgânica ficando somente um restinho muito resistente por causa de sua relação muito larga de C/N. E como as terras compactadas foram cada vez mais inadequadas para as culturas, adubou-se especialmente com nitrogênio, acabando com o resto de matéria orgânica mais resistente para aproximar a relação C/N. Aí a terra morreu de vez por falta total de comida para sua vida.
E em lugar de revitalizar a terra o homem desenvolveu uma tecnologia cada vez mais sofisticada para poder ainda produzir nestes solos mortos e explorá-los melhor antes que desertificassem completamente. A tecnologia inclui a mecanização em larga escala, abandonou-se a biodiversidade e passou-se a usar somente monoculturas como soja, milho, algodão ou cana, adubando, irrigando, defendendo-as contra parasitas que a natureza tinha mandado para eliminar essas plantas doentes por serem nutridas em desequilíbrio. Receberam 3 nutrientes em grande escala, embora plantas, animais e homens necessitem no mínimo de 45. As plantas ficaram doentes, mas os homens gastaram tanto para produzi-las que não as quis perder, e defendeu-as com substâncias muito tóxicas que aplicou, em parte diariamente. Agora tinha de comer plantas deficientes e doentes de corpo e alma, uma vez que ele somente pode receber o que a terra pode fornecer. E o agente mágico no fornecimento de nutrientes, a micro vida, não existia mais.
Os defensivos clorados foram proibidos porque fizeram degenerar os genitais masculinos. Mas usam ainda deliberadamente os fosforados, que foram desenvolvidos durante a Segunda Guerra mundial como neurotóxicos para acabar com os inimigos. Ficaram neurotóxicos, embora agora usados contra insetos. Seus resíduos nas plantas causam neuroses, depressões e violência, que proliferam especialmente na juventude.
Mas também o simples desequilíbrio entre os nutrientes é nefasto. Assim, quando se aduba com muito nitrogênio, cobre que está desequilibrado torna-se deficiente e 20 a 23% das crianças nascem paraplégicas, isto é, paralíticas. O Governo não obriga a adubar também com cobre para equilibrar nitrogênio/cobre, mas ele faz rampas de acesso para cadeiras de roda. Quando se aduba com muito fósforo, o zinco fica deficiente e muitas crianças se tornam dementes, ainda que se saiba que a administração de zinco cura a demência completamente, não se obriga a usar também a adubação com zinco, ou que se adicione zinco à alimentação das crianças. Fazem-se somente escolas para excepcionais.
Nos animais não é diferente. Havia um touro da raça Gir, que morava em Fernando de Noronha, “aposentado” mas muito querido por todos e por isso não fora abatido. Mas ele começou a subir no Palácio do Governo, entrar na secretaria e comer todos os despachos, correspondências e qualquer papelada que encontrasse. A cada vez que os guardas se descuidavam, lá estava ele comendo os documentos. Aí o governador me perguntou: o que fazer? Teriam que matar o touro? Já estava mal com o governo federal por causa disso. Eu lhe disse: não precisa matar o touro, simplesmente coloque pela manhã um pouco de farinha de ossos em seu cocho porque comer papel é sinal de que está eficiente em fósforo. Deram-no farinha de osso e nunca mais o touro subiu ao Palácio do Governo.
Ou um agricultor mudou seu gado para uma raça mais produtiva. As vacas eram bonitas e os bezerros nasceram grandes, mas morreram com um dois dias de vida. Não criou bezerro nenhum. Estava desesperado. Nas Universidades procuravam o vírus letal mas não podiam encontrá-lo. O homem me perguntou: o que faço? Eu respondi: dê um pouco de iodo às vacas nos últimos 2 meses de prenhez… Ele disse: não posso porque trabalho como biodinâmico e eles proíbem dar minerais. Então dê algas marinhas, insisti. Ele deu. E nunca mais morreu bezerro algum. Mais tarde descobriram que a região toda era deficiente em iodo. Solo-planta-animal-homem todos estão interligados.
Na natureza tudo é interdependente, formando teias alimentícias. Ela funciona em sistemas que são como máquinas complicadas e sofisticadas. Se uma peça, pequena que seja, for alterada, a máquina para. Mas a nossa ciência é analítica e trabalha somente com fatores isolados. E conforme o enfoque que se dá, a verdade é outra. Falta juntar os pontos e encarar a natureza sob um olhar que integra todos os fatores, e isso sim é a verdadeira visão ecológica.