Graças ao aumento de pragas nos solos de cultivos de Plantio Direto (PD), o interesse por seu combate ou controle aumentou muito. O controle de pragas no solo é mais difícil do que de pragas voadoras que predominam em cultivos convencionais (PC), em terra lavrada. Os insetos e microrganismos do solo que atualmente se apresentam como parasitas raramente se tornam pragas no PC, como por exemplo as lesmas, gafanhotos, besouros, diversas cochonilhas e percevejos, lagarta rosca, corós, brocas de semente, lagartas cortadeiras, grilos, etc.
Porém, também em estufas as pragas do campo predominam, as quais eram quase desconhecidas no campo, onde eram controladas por pássaros e onde a insolação direta ao solo, com seus períodos de seca, as reduziam. No PC, tem-se de se proteger as plantas nas estufas e no PD tem-se de proteger as raízes e sementes. Também aparecem bactérias e fungos nunca antes conhecidos como prejudiciais, como os que se resumem como: “Rizobactérias deletérias”, incluindo também os fungos que vivem ao redor das raízes que, através de suas toxinas, limitam o crescimento de plantas.
Portanto, a preocupação com bactérias e insetos de solo é grande. Em monocultivos, pragas e doenças aumentam muito mais rápido e se tornam mais sérias do que em policultivos ou em rotação de culturas, inclusive com adubação verde. Quanto mais variada a alimentação da vida do solo, tanto mais diversificada ele se torna. No PD, abaixo da camada de palha, o efeito da monocultura aumenta consideravelmente e com ele as pragas e doenças. Somente se conhecem PD bem sucedidos com cinco culturas em rotação.
A atual ciência temática-analítica pesquisa os hábitos dos insetos e micróbios, seu modo de ser, de se nutrir e de se comportar frente a outros organismos, sempre na esperança de encontrar o ponto fraco que permite seu controle. É uma ciência sintomática que pretende remover sintomas mas pouco se preocupa com as causas. Nos últimos 10 anos, mais de 300 novas pragas apareceram. A velocidade de seu surgimento supera o da descoberta de medidas de controle ou de desenvolvimento de novos defensivos. A estatística é um instrumento eficiente na eliminação de todas as inter-relações e fatores relativos, conservando somente o “miolo”, o fator que não parece ser atingido pelas atividades vizinhas, levando ao controle ou combate de sintomas. Porém, sintomas sempre voltam quando perduram suas causas!
Atualmente, principalmente pela informática, o trabalho sistêmico é cada vez mais comum, exigindo a visão do inteiro, do geral ou holístico, com todas suas inter-relações e relatividade de seus sistemas, ciclos e equilíbrios dinâmicos onde se percorre uma sequência de estágios até, novamente, chegar ao ponto de partida, como por exemplo, no ciclo da água, do carbono ou da própria vida.
Na natureza, nada existe isolado, tudo é relativo, não somente a força atômica, mas tudo possui seu oposto, a partir das mitocôndrias até a anti-matéria. E pelo oposto se cria a harmonia, os equilíbrios, a sustentabilidade. Se não tivesse a morte, não teríamos a consciência da vida; se não houvesse a noite, não poderíamos distinguir o dia; se não tivesse a chuva, o sol não teria benefício. É o Yin-Yang dos chineses ou o Tingku dos incas. É o TAO dos povos orientais, a harmonia dos opostos em que se baseia a manutenção da vida em nosso globo terrestre.
Neste aspecto, não é interessante saber de que os parasitas vivem e como se comportam, mas por que existem e por que destroem. E a pergunta é: quem é o oposto deles? Quais os equilíbrios modificados que os faz agir de modo inesperado e diferente?
Somente dentro do ciclo dá para entender a micro e a mesovida. A planta superior capta energia luminosa e a transforma em presença de gás carbônico e água, com ajuda de minerais, a matéria química que chamamos de “matéria orgânica”. “Matéria” está aqui em contraste à energia livre e que possibilita toda vida em nosso globo. Porém, se o ciclo da vida não se completar e esta matéria química não sofrer posterior decomposição, ou seja, reciclagem, nosso globo, há dezenas ou centenas de milhões de anos, já estaria de tal modo atulhado de plantas e animais mortos que não haveria mais possibilidade de vida na Terra.
Para que a vida continue, necessita-se a decomposição de toda matéria em água, gás carbônico e energia, liberando os minerais, que, principalmente, serviam de ativadores de enzimas catalisadoras. Somente assim o ciclo da vida chega ao fim e ao mesmo tempo ao ponto de partida. A decomposição, que é o oposto da formação de matéria orgânica, é feita de maneira discreta e eficiente por seres minúsculos e microscópicos para não chocar os que vivem. Mas para que estes seres minúsculos não decomponham o que está em pleno vigor mas somente o que é morto, fraco, doente e incapaz para uma vida vigorosa, eles são estrita e rigorosamente programados. Esta programação ocorre por enzimas que são extremamente específicas. Fungos e bactérias não possuem boca, nem trompa, nenhum instrumento cortante, nem orifício para comer. Eles atacam por suas enzimas que excretam, quando sentem que o substrato lhes é propício, digerem-na fora de seu corpo e absorvem depois a alimentação digerida. Um meio oxigênio a mais e a substância já é outra, fora do alcance da enzima. Bactérias possuem somente uma única enzima! Fungos e insetos possuem mais, mas também em número limitado.
Assim, por exemplo, as saúvas (Atta sp.) nunca cortam folhas com proteínas formadas para seus fungos que pretendem nutrir, porque não dispõem de enzimas proteolíticas. Proteínas formadas estão fora do alcance de micróbios e também de insetos. Somente aminoácidos podem ser utilizados. Por isso se diz que as plantas tem de “oferecer” a substância que o parasita pode utilizar. Somente neste caso pode ocorrer o ataque.
Para formar todas as substâncias a que a planta é apta geneticamente ela necessita aproximadamente 42 a 45 minerais diferentes. Somente elevadas doses de NPK 9nitrogienio, fósforo, potássio) forçam a extração dos demais nutrientes em maior quantidade. O solo se esgota na média, em 7 anos, no máximo em 10 anos. Na medida em que os nutrientes não adubados diminuem, as plantas não conseguem mais produzir proteínas, substâncias aromáticas, nem fenóis que as deveriam proteger, e diminui a formação de flavones, vitaminas, hormônios e enzimas.
Para a natureza, estas plantas são biologicamente incompletas, inaptas para a continuação de uma vida sadia, que não pode degenerar. Mesmo se os bromatólogos chamam os aminoácidos de proteínas, não o são. Muitas plantas somente formam aminoácidos simples, como asparagina ou glutamina e não formam mais os essenciais, como leucina ou valina.
As plantas tornam-se doentes antes dos insetos e micróbios as atacarem como se pode ver nas fotografias das emanações magnéticas de folhas. Os defensivos conseguem manter as plantas isentas de parasitas, mas não conseguem curá-las.